63ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

OS CONTEÚDOS DE BIOLOGIA SOB O OLHAR DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA: VIVENCIANDO SITUAÇÕES DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

Patricia Barros de Macêdo 1 Amanda Souza Calixto da Silva 1 Janaína Cristina da Silva 1 Ludmylla Augusta Souza de Carvalho 1 Leandro de Araújo Azevedo 2 Gilvaneide Ferreira de Oliveira 3

1. Depto.de Ciências Biológicas, Universidade Federal Rural de Pernambuco- UFRPE 2. Depto.de Química, Universidade Federal Rural de Pernambuco- UFRPE 3. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Educação, UFRPE

INTRODUÇÃO:

A organização dos conteúdos, de forma disciplinar, pelos currículos escolares, conduz na maioria das vezes, o aluno a um acúmulo de informações (FAZENDA, 2001), a uma fragmentação e descontextualização de saberes. Entretanto, o conhecimento escolar deveria viabilizar o conhecimento científico sistematizado, sua relação e aplicação em situações diferenciadas do cotidiano (OCEM, 2006). Para tanto, o saber científico deverá sofrer transformações, supressões, acréscimos e criações didáticas, tornando-se um “saber a ensinar” até que se configure um “saber ensinado” (CHEVALLARD, 1991). Nesta perspectiva, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a docência (PIBID) contempla a formação inicial de professores através de um aprofundamento teórico e prático dos elementos que fundamentam a formação para a docência. Diante destas considerações, as equipes do PIBID/Biologia e Química ministraram a oficina: os conteúdos de biologia sob o olhar da transposição didática, durante a IX semana do meio ambiente da Universidade Federal Rural de Pernambuco, oportunizando aos estudantes de licenciatura em Biologia vivenciar uma abordagem didática-pedagógica contextualizada e problematizadora sobre conteúdos de biologia no âmbito dos elementos que marcam a transposição didática destes conteúdos.

METODOLOGIA:

A metodologia foi constituída por etapas que marcaram o planejamento e execução de estratégias de ensino-aprendizagem construtivistas, problematizadoras e interdisciplinares. Inicialmente realizaram-se reuniões inter e disciplinares para planejamento, discussão e elaboração da oficina. Sua programação contemplou a discussão do conceito de transposição, esferas, saberes, etapas e sequências didáticas relativas aos conteúdos: ácidos e bases, transporte de substâncias, fermentação e cadeia alimentar. Os conteúdos foram organizados mediante estudo teórico de livros de ensino superior, médio, textos dos Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) e Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM). Utilizaram-se os recursos: apresentação em PowerPoint, vídeo do LAB virtual sobre indicador ácido-base, experimento visando à produção de indicador ácido-base com repolho roxo, água, béqueres, acetona, vinagre, alvejante; técnica de simulação para o tema transporte de substâncias e fermento biológico, sal, açúcar, garrafas pet e bolas de festa para fermentação. Finalizou-se a mesma, solicitando aos estudantes que desenvolvessem o tema cadeia alimentar, após a apresentação dos grupos, realizou-se o fechamento da oficina socializando as impressões e sugestões dos envolvidos.

RESULTADOS:

O estudo dos textos do PCNEM e OCEM facilitou à seleção e organização dos conteúdos; a construção de forma interdisciplinar proporcionou uma melhor correlação entre os conteúdos específicos de cada disciplina aos temas propostos, conforme Ferreira (2001). Vivenciar estas situações didáticas permitiu, aos educandos, participar ativamente através de discussões, produção e apresentação de cartazes. Portanto, o processo ensino-aprendizagem é bilateral, dinâmico e coletivo OCEM (2006). Além disso, muitos sinalizaram a utilização destes conceitos para a elaboração de futuros planejamentos, quando do exercício da profissão, corroborando com Tardif (2002) o qual afirma que apenas o profissional que domina os conhecimentos teóricos aliados a sua prática conseguirá realizar uma reflexão sistematizada, levando-o a produzir os saberes necessários para tornar-se autor do seu fazer-saber pedagógico. Esta oficina também proporcionou ampliar a visão disciplinar, fragmentada e desconexa dos conteúdos para uma visão interdisciplinar e contextualizadora utilizando-se materiais e metodologias simples. E permitiu, aos monitores, compartilhar os conhecimentos aprendidos durante as reuniões de formação do PIBID/Biologia/UFRPE e avaliar e reelaborar a oficina, de modo a refazê-la em outra oportunidade.

CONCLUSÃO:

Transpor conteúdos didaticamente requer o aprofundamento teórico dos textos científicos sobre os temas transposição, Parâmetros Curriculares, contextualização, interdisciplinaridade e os conteúdos específicos da disciplina, como também, estudo das abordagens e estratégias de ensino e principalmente planejamento e criatividade para a elaboração de sequências didáticas que promovam o ensino-aprendizagem a partir da participação ativa do educando durante a construção do seu conhecimento. Esta oficina permitiu, durante a sua construção, interagir com outra área de conhecimento, no caso a química, favorecendo a adequação e montagem das sequências e durante a sua realização proporcionou momentos de discussão sobre a importância da transposição didática, vivenciar algumas situações didáticas, conhecer algumas estratégias de ensino, trocar de idéias, de modo, a aperfeiçoá-las e possivelmente aplicá-las em sala de aula. Os alunos participaram ativamente das discussões sobre o tema e desenvolveram sequências didáticas aplicando os conhecimentos aprendidos confirmando que é possível utilizar-se estratégias de ensino-aprendizagem construtivistas, problematizadoras e interdisciplinares no desenvolvimento de conteúdos.

Palavras-chave: Transposição didática, Conteúdos de Biologia, Ensino- aprendizagem.