63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia |
EFEITO ANSIOLÍTICO DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL DURANTE O PERÍODO PERINATAL DE CAMUNDONGOS |
Juliana Macedo Raimundo 1 Cláudio da Silva Almeida 2 Evandro Toledo Gerhardt Stutz 3 Cristiane Martins Cardoso de Salles 4 Fábio Fagundes da Rocha 5 |
1. Departamento de Ciências Fisiológicas - Instituto de Biologia,UFRRJ 2. Programa Multicêntrico de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas, SBFis/UFRRJ 3. Programa de Pós-graduação em Medicina veterinária, UFRRJ 4. Professora Adjunta, Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas,UFRRJ 5. Orientador, Departamento de Ciências Fisiológicas - Instituto de Biologia,UFRRJ |
INTRODUÇÃO: |
O enriquecimento ambiental tem sido utilizado para minimizar os efeitos do estresse que pode ser expresso através de condições fisiológicas inadequadas, transtornos comportamentais e padrões de atividade atípicos para a espécie. As condições de estresse têm impactos diretos na vida dos animais nas diferentes categorias de criação, no que diz respeito ao seu bem-estar ou função econômica. Logo, o estudo dos diversos mecanismos neurobiológicos envolvidos na modulação das diferentes formas de estresse possibilitaria alterações nas práticas de manejo e identificação de novos alvos terapêuticos para o tratamento de transtornos relacionados ao estresse. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a possível modulação da resposta comportamental pelo enriquecimento ambiental pré e pós-natal em camundongos assim como a possível influência do estresse social agudo moderado nestas respostas. |
METODOLOGIA: |
Casais de camundongos Swiss (45 dias) foram submetidos a duas condições ambientais: padrão (P) e de enriquecimento ambiental (EA). Após o desmame, os filhotes machos foram transferidos para um ambiente similar até os 40 dias de vida em caixas contendo 4 animais selecionados aleatoriamente. No fim deste período, os camundongos foram transportados para a caixa de experimentação para adaptação e após uma semana foram submetidos ao estresse social agudo (ESA) (alteração dos animais da gaiola por 24 horas) segundo protocolo adaptado de SCHMIDT et al. (2007) sendo então avaliados nos testes comportamentais:1) labirinto em cruz elevado (LCE) onde foram avaliados a freqüência (FEA) e a tempo de permanência nos braços abertos (TA), o número de entradas nos braços fechados (FE), tempo na plataforma central (TC) e proporção de estiramentos nas áreas protegidas (EST); 2) teste do campo aberto (CA), avaliando a movimentação vertical, horizontal, inatividade, auto-limpeza e defecação. Além destes testes foi realizada a dosagem de ácidos graxos livres plasmáticos (AGL) (n=12/grupo). Os resultados foram avaliados por análise de variância (ANOVA) seguida do teste de Bonferroni e expressos como média ± erro padrão da média, sendo considerados significativos quando p<0,05. |
RESULTADOS: |
No teste do LCE ocorreu um aumento da FEA [23,4 ± 3,4 % (EA) vs 11,7 ± 4,2 % (P)], do TA [20,0 ± 3,7 % (EA) vs 7,0 ± 3,2 %(P)](ação ansiolítica) e do TC, [20,7 ± 2,2 % (EA) vs 10,3 ± 2,7 % (P)] (avaliação de risco como reflexo da tomada de decisão) assim como redução dos estiramentos [79,9 ± 4,5 % (EA) vs 92,8 ± 2,9 % (P)] (menor reatividade ao novo ambiente) confirmando o efeito ansiolítico do EA. No teste de CA, o EA induziu uma maior atividade exploratória vertical [60,0 ± 6,7 (EA) vs 37,7 ± 4,7 (P)], e horizontal [139,3 ± 9,0 (EA) vs 96,7 ± 9,6 (P)] assim como redução do tempo de inatividade no decorrer do teste [3,5 ± 0,8 (EA) vs 8,4 ± 1,8 (P)], evidencia-se que o ambiente padrão por si só remete ao animal uma condição estressante. Associado à resposta comportamental houve redução da concentração de AGL no grupo EA [0,38 ± 0,02 e 0,63 (EA) ± 0,07mEq/L (P)]. Considerando AGL como marcador de estresse, houve mobilização de substratos energéticos necessários às respostas fisiológicas adaptativas a condição de estresse. Isto reforça o efeito protetor do EA. O estresse social agudo não induziu, por si só, alterações comportamentais e bioquímicas nos modelos estudados, indicando que todas as alterações apresentadas estão relacionadas ao EA e não à interação EA x ESA. |
CONCLUSÃO: |
O enriquecimento ambiental desde o período pré-natal à fase adulto-jovem determinou aos camundongos dispostos nesta condição menor reatividade quando expostos a um novo ambiente, evidenciada pela maior atividade exploratória, Ao mesmo tempo determinou um efeito ansiolítico demonstrado no teste do Labirinto em Cruz Elevado. O protocolo de enriquecimento ambiental proposto foi efetivo, e, portanto, estabelecido como modelo de estudo. Não houve interação entre estresse social agudo moderado e as condições de criação. |
Palavras-chave: Enriquecimento ambiental, Camundongos, Ansiedade. |