63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada |
Prevalência de Chlamydia trachomatis em mulheres atendidas na rede pública da cidade de Anápolis, GO. |
Débora Alves Guedes 2 Jéssica Martins Araújo 2 Keili Maria Cardoso de Souza 1,2 |
1. Profa. Dra./ Orientadora – Microbiologia Clínica 2. Curso de Farmácia – Centro Universitário de Anápolis-UniEvangélica, Anápolis-GO |
INTRODUÇÃO: |
As doenças sexualmente transmissíveis são a segunda enfermidade que mais acomete as mulheres entre 15 e 44 anos nos países em desenvolvimento (WHO, 2005) A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram, anualmente, mais de 90 milhões de casos novos de infecções causadas pela C. trachomatis em todo o mundo (SEADI et al., 2002). Na população feminina, a infecção do colo do útero em geral constitui o foco inicial, e por via ascendente pode comprometer os órgãos genitais internos e mesmo o peritônio pélvico (LINHARES et al., 1991). Então objetivamos determinar a frequência de casos de infecções causadas por C.trachomatis; verificar a proporção de mulheres assintomáticas e sintomáticas entre as portadoras da bactéria e determinar os fatores associados à infecção. Nos serviços públicos brasileiros, são raros os locais oferecendo sistematicamente a pesquisa da Chlamydia. Nos serviços privados, normalmente só se pesquisa essa infecção em casos sintomáticos ou quando um dos parceiros sexuais está acometido. Mesmo nessas situações, a pesquisa da C. trachomatis ainda não faz parte da rotina da maioria dos ginecologistas, urologistas ou médicos que atendem DST, apesar da sua importância e sua possível relação com o câncer de colo uterino (OLIVEIRA et al., 2008) |
METODOLOGIA: |
A população estudada se constituiu de mulheres sexualmente ativas, com e sem sintomas de infecções genitais, que foram atendidas em serviço de ginecologia em dois estabelecimentos de Saúde Pública de Anápolis (um CAIS e uma unidade de referência em saúde da mulher). A amostragem foi consecutiva e até o momento se atingiu o total de 190 mulheres. Todas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e também do Termo de manuseio dos prontuários, além de preencher o questionário com perguntas abertas e fechadas a respeito da sua situação socioeconômica, médica e de comportameno sexual As amostras de secreção endocervical foram coletadas de janeiro a março de 2011 pelas enfermeiras dos estabelecimentos de saúde durante o exame de colpocitologia oncótica (Papanicolaou). Foram realizados esfregaços em lâminas, as quais foram fixadas e submetidas a técnica de imunofluorescência direta para detecção de C. trachomatis (Kit Omega Diagnostistcs) no laboratório de Análises Clínicas da instituição. A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UniEvangélica. |
RESULTADOS: |
Das 160 amostras coletadas foram observadas 08 (5%) com mais de duas inclusões de C. trachomatis. No entanto, de acordo com o fabricante, são consideradas positivas apenas as amostras com mais de 10 inclusões e, portanto, somente 01 (0,62%) paciente pode ser considerada portadora da espécie. As pacientes participantes, em maioria, apresentam idade entre 20 e 50 anos, com união estável, negras ou pardas, com renda até quatro salários mínimos, não fumantes e não consumem bebidas alcoólicas regularmente, tiveram início sexual após os 15 anos de idade, com até 10 parceiros sexuais durante a vida, praticam sexo regularmente, 41,24% nunca usaram preservativo nas relações sexuais e 46,24% só utilizam ás vezes, 70,62% alegaram presença de corrimento e 29,99% sentiram dor pélvica e 35,62% já fizeram o teste de HIV. As pacientes que apresentavam suspeita de infecção por C. trachomatis procuraram as unidades de Saúde Pública para exame de rotina, apenas uma foi por encaminhamento médico. Porém, todas alegaram algum sintoma, desde corrimento com odor, prurido, dor durante as relações sexuais à dor pélvica. Não foi encontrada alterações visíveis de DSTs nestas pacientes. |
CONCLUSÃO: |
Houve baixa taxa de positividade (0,62%) para C. trachomatis entre as mulheres atendidas em duas instituições de saúde de Anápolis, GO. As pacientes suspeitas de infecção apresentaram sintomas comuns que podem ser relacionados com outras infecções urogenitais, não podendo-se distinguir sintomatologia exclusiva de Chlamydia. Esta infecção tem alta taxa de pacientes assintomáticas. O fator mais comum e preocupante entre estas pacientes é o não uso de preservativo durante as relações sexuais com seu parceiro habitual. |
Palavras-chave: Chlamydia trachomatis, Doença sexualmente transmissível, Infecção do aparelho reprodutor feminino. |