63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena |
OS EFEITOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR SOBRE OS CONHECIMENTOS CULTURAIS DOS ESTUDANTES AKWE-XERENTE DA UFT |
Edilberto Waikairo Marinho Xerente 1 Odair Giraldin 2 |
1. Universidade Federal do Tocantins 2. Universidade Federal do Tocantins |
INTRODUÇÃO: |
Esta pesquisa é resultado de trabalho de Iniciação Científica de Ações Afirmativas do CNPq, que realizo há um ano e meio com meu povo, os Akwẽ-xerente. Nesta etapa de minha pesquisa, em primeiro momento consultei bibliografias de autores que fizeram seus trabalhos de campo nas nossas aldeias Xerente, como: Curt Nimuendajú, David Maybury-Lewis, Aracy Lopes e Agenor Farias, Odair Giraldin, Suzana Grillo, Luis Roberto de Paula, Francisco Carlos Oliveira Reis, Genilson Nolasco e Valéria de Melo. A partir da leitura dessa bibliografia e da minha freqüente visita às aldeias e entrevistando os anciãos até o momento os mais conceituados pelo povo Xerente, pude tirar algumas dúvidas em relação a nossa cultura tradicional, destacada pelos autores citados acima. Complementei determinados assuntos encontrados na obra dos autores, mesmo havendo muitas divergências entre os autores com seus relatos que são diferentes. Com ajuda dos anciãos e com análises estou conseguindo estruturar assuntos que se encontravam fragmentadas devido a algumas discordâncias entre os autores. No momento estou realizando freqüentes leituras bibliográficas e diálogos, principalmente com os anciãos e com estudantes da Universidade Federal do Tocantins. |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi realizado através da leitura e fichamento das bibliografias referente ao assunto, além de realizar visitas às aldeias em aulas campo e muitas vezes no feriado prolongado, financiados pela CNPq/PIBIC. Além disso, são utilizados recursos do NEAI como câmeras filmadoras e câmeras digitais, principalmente computadores para a digitação e armazenamento dos nossos trabalhos. Durante o diálogo com os anciãos e estudantes da UFT utilizei um gravador de áudio e cadernos de anotações para que cada detalhe de perguntas e respostas seja descritas. Nas viagens de aula campo especialmente as aldeias Porteira Nrõzawi e Salto Kripre, distantes entre si em menos de cinco quilômetros, foram utilizados carros da UFT. E muitas vezes, aproveito nos feriados prolongado nas minhas visitas a minha família na aldeia, no Salto Kripre, para realizar minha pesquisa junto aos demais colegas do curso e dialogar constantemente com os anciãos e estudantes Akwẽ-Xerente da UFT, nas questões referentes a cada título diferente do nosso trabalho. |
RESULTADOS: |
De acordo com os diálogos já realizados, estivemos aprofundando principalmente sobre a nossa origem Akwẽ-Xerente assunto que é bastante desconhecida na nossa comunidade pelos mais jovens e esse foi o foco principal a ser abordado nesta etapa da minha pesquisa. Nas aldeias Salto Kripre e Porteira Nrõzawi, estive dialogando com os anciãos Valdeciano Kasumrã Xerente, Pedro Smisuite Xerente, a minha mãe Iraci Krukwanẽ Xerente, além de Severo Sõwarê Xerente e Eurides Waiti Xerente que são conhecedores da nossa cultura tradicional, além dos estudantes Akwẽ da UFT que moram nestas aldeias. Através destas conversas constatei os seguintes resultados: somente a minoria dos anciãos entrevistados conhecem profundamente sobre a nossa origem humana Akwẽ-Xerente, enquanto os estudantes Akwẽ da UFT também estão na mesma situação. Nas minhas análises, percebi que alguns estudantes Akwẽ da UFT têm interesse em saber sobre histórias da nossa origem e também de outros aspectos da nossa cultura. Já alguns anciãos demonstraram que preferem não contar todos os seus conhecimentos sobre histórias da nossa cultura em público, mas sim somente para os seus parentes consangüíneos. Isso leva a uma dificuldade no diálogo e na transmissão dos conhecimentos. |
CONCLUSÃO: |
Esse foi mais uma realização da minha pesquisa de iniciação científica. Durante os dois semestres anteriores fiz levantamento de dados com os anciãos das aldeias do PIN Xerente e de outros PIN e com os estudantes da UFT, sobre seus conhecimentos sobre a nossa cultura tradicional e as perspectivas para o futuro desses povos. Podemos concluir que as falas dos estudantes Akwẽ –Xerente da UFT demonstram seus interesses em saber mais sobre a nossa origem e que eles não podem ser culpados por possuírem poucos conhecimentos neste aspecto. Pelo contrário, eles culpam os mais velhos por não repassar seus conhecimentos às novas gerações. Por isso freqüentam escolas adquirindo somente conhecimentos dos não-índios e acabam ingressando nas Universidades com poucos conhecimentos, principalmente em se tratando da nossa origem. E, desta forma, continua-se com essas discussões. Alguns anciãos dizem que os jovens de hoje não se interessam em aprender coisas da cultura. Por outro lado, os jovens dizem que os anciãos deveriam ensinar sobre a cultura em lugares abertos a todos. Podemos concluir que continuaremos analisando essas discussões, aprofundando neste assunto cada vez mais no decorrer desta atividade de pesquisa, ligado à nossa cultura tradicional Akwẽ-Xerente. |
Palavras-chave: Akwẽ-Xerente, Educação, Cultura. |