63ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática

SIMILARIDADE ICTIOFAUNÍSTICA DE RIACHOS DAS SUB-BACIAS DOS RIBEIRÕES JOÃO LEITE E OUVIDOR, BACIA DO ALTO RIO PARANÁ, GOIÁS

Nicelly Braudes Araújo 1 Tatiana Lima de Melo 1 Francisco Leonardo Tejerina Garro 3 Alberto Carvalho Peret 2

1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar 2. Prof. Dr./Orientador - Depto de Hidrobiologia, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar 3. Prof. Dr. - Depto de Biologia, Centro de Biologia Aquática, Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC – GO

INTRODUÇÃO:

A região ictiofaunística da bacia do Paraná, que abrange o sistema do Alto Rio Paraná, representa o segundo maior sistema de drenagem da América do Sul e é, também, onde estão as maiores assembléias de peixes de ambientes continentais. O estado de Goiás, considerado um divisor de águas, além das bacias Tocantins-Araguaia e São Francisco, abriga em sua região sul, o Alto Paraná, do qual faz parte as sub-bacias amostradas, dos ribeirões João Leite e Ouvidor. Por esse motivo, visando a comparação da riqueza de espécies entre as duas sub-bacias, este trabalho tem como objetivo analisar a similaridade de espécies entre as mesmas.

METODOLOGIA:

Nesse estudo foram amostrados 26 riachos. Desses, 13 pertence à sub-bacia do ribeirão Ouvidor, a qual está inserida na região sudeste do estado, que apresenta como principal atividade econômica a mineração. Os 13 riachos da sub-bacia do João Leite sofrem também influência antrópica, a agropecuária, no entanto, cinco estão inseridos numa área de preservação, o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco. Para a coleta dos peixes, o método utilizado foi o da pesca elétrica, que é um método considerado eficiente na captura de peixes de pequeno porte e na amostragem em riachos. A coleta foi realizada num trecho de 50 metros delimitado previamente. Os peixes coletados foram fixados em formalina e acomodados em sacos plásticos, onde foram transportados até o laboratório do Centro de Biologia Aquática da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, onde foram identificados taxonomicamente. Os dados obtidos foram dispostos em matrizes e foi feita uma análise de agrupamento, da qual foi obtido um dendrograma com a similaridade dos pontos amostrados com relação à riqueza e à abundância da ictiofauna dos mesmos. Para tal análise foi utilizado o programa estatístico BDPro (BioDiversity Professional).

RESULTADOS:

A ictiofauna neotropical apresenta uma alta diversidade e riqueza de espécies, o que pode ser observado nesse estudo, onde foram coletados 15437 indivíduos distribuídos em 52 espécies, seis ordens e 15 famílias. Desses valores, 9172 indivíduos divididos em 48 espécies, seis ordens e 14 famílias foram encontrados nos riachos da sub-bacia do ribeirão João Leite. Já nos riachos amostrados na sub-bacia do ribeirão Ouvidor, foram capturados 5019 indivíduos, 37 espécies, seis ordens e 13 famílias. O dendrograma mostrou a formação de dois grupos principais, sendo um grupo dos riachos da sub-bacia do João Leite e outro para a sub-bacia do Ouvidor. O agrupamento aconteceu provavelmente devido à influência da antropização nos ambientes amostrados. A maior riqueza e abundância encontradas na sub-bacia do João Leite podem ser resultado da presença de uma área de preservação ambiental, a qual proporciona maior heterogeneidade de habitats e disponibilidade de recursos para as espécies. Por outro lado, na região amostrada da sub-bacia do Ouvidor, está inserida uma indústria de mineração, a qual pode interferir na biodiversidade local.

CONCLUSÃO:

Com este estudo conclui-se que apesar de pertencerem à mesma bacia, bacia do Paraná, de ser utilizada a mesma técnica de coleta de peixes, considerado o mesmo número de pontos amostrados, as sub-bacias não são similares quanto á riqueza de espécies da ictiofauna. Dessa forma, entende-se que as áreas de preservação são importantes para a manutenção da biodiversidade aquática.

Palavras-chave: Peixes, Riqueza, Pesca elétrica.