63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
COMPARAÇÕES MORFOLÓGICAS E ALOMÉTRICAS ENTRE INDIVÍDUOS DE Peltogyne confertiflora (Mart. ex Hayne) Benth. DE MATA CILIAR E CERRADO SENTIDO RESTRITO NA MESORREGIÃO NORDESTE MATO-GROSSENSE.
Ana Jaciela Goeller 1
Claudinei Oliveira-Santos 2
Eddie Lenza de Oliveira 3
1. PPG - Ecologia e Conservação - Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
2. PPG - Ecologia e Conservação - Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
3. Prof. Dr./Orientador - PPG - Ecologia e Conservação - UNEMAT
INTRODUÇÃO:
Dentro do padrão morfológico de cada espécie existe grande variedade de adaptações. Muitos caracteres morfológicos e de desenvolvimento de um indivíduo dependem do ambiente e do grau de restrição ecológica onde este se estabeleceu. Em árvores as variações morfológicas são importantes para a compreensão das diferenças na adaptação, estrutura, dinâmica e interações competitivas dentro das espécies. Abordagens das relações entre estruturas de sustentação e assimilação das árvores têm sido relacionadas à diferenças na obtenção de luz, defesa contra herbívoros e tolerância e resistência ao fogo.
Peltogyne confertiflora (Mart. ex Hayne) Benth. é uma espécie arbórea heliófita, xerófita e clímax, presente no cerrado e em matas semidecíduas. Apresenta altura entre 10 a 20 metros, possui tronco ereto e cilíndrico, casca rugosa e diâmetro variando entre 30 e 50 cm.
O objetivo do estudo foi avaliar a morfologia (espessura do súber e área foliar) e alometria (diâmetros e alturas) de P. confertiflora de mata ciliar e cerrado stricto sensu. Partiu-se da premissa que há diferenças morfológicas e alométricas para a espécie nas duas fitofisionomias.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na fazenda Remanso, Nova Xavantina - MT, à margem esquerda do rio Noidori, próximo da confluência com o Rio Mortes.
Foram amostrados aleatoriamente 15 indivíduos de P. confertiflora na mata ciliar e 16 no cerrado stricto sensu, com diâmetro a 30 cm do solo (DAS30) maior ou igual a 5 cm. Para todos os indivíduos amostrados foram medidos o DAS30, DAP130 (diâmetro a altura do peito); altura total; altura do fuste; espessura do súber; área foliar de dez folhas e abertura de dossel com um densiômetro.
Foram calculadas as médias de espessura do súber e de abertura do dossel. Foram feitas fotografias das folhas, edição das imagens no ENVI e cálculo de área foliar no ARCGIS.
Para avaliar as diferenças morfológicas e alométricas foi realizada uma análise de variância multivariada (MANOVA) e uma análise Discriminante. Para análises, os dados foram ajustados em diferentes modelos de correlações e regressões entre as variáveis para os dois ambientes, sendo os resultados visualizados graficamente. Foi realizada uma análise de covariância (ANCOVA) para verificar se o afilamento das árvores amostradas (relação DAS30 e DAP130) diferiu nos dois ambientes. Para as análises foi utilizado o programa R 2.11 e adotado o nível de significância de 5%.
RESULTADOS:
Houve diferenças alométricas para a espécie entre os ambientes (MANOVA, F1,29=0,92; p<0,05), sendo a maior variação explicada pela altura total (LD1= + 7.04) e DAS (LD1= -7.67). Houve uma tendência de aumento de fuste conforme aumenta a altura total do indivíduo, sendo mais significativo na mata (cor=47,9%).
Em relação à abertura do dossel, P. confertiflora apresentou investimento em altura na mata por competição pela luminosidade. Os indivíduos apresentaram caule cônico no cerrado e cilíndrico na mata (ANCOVA, F2,28 =47,72; p<0,05). Essas diferenças são adaptações morfológicas às pressões ambientais, troncos cônicos são vantagens para o cerrado s.s. que sofre ação de ventos. Na mata as árvores com relação altura-diâmetro permite crescimento em altura sem comprometer a estabilidade mecânica.
O súber a 30 e 130 cm, embora correlacionados, não evidenciou diferença para os dois ambientes, contudo a média do súber na mata (14,1mm) foi superior ao cerrado (7,46 mm). Essa característica pode ser atribuída à passagem de fogo na área de mata, que promove o desenvolvimento do súber, semelhante aquele encontrado na área de cerrado, sujeito a queimadas frequentes. Não houve diferenças na área foliar, entre as árvores do cerrado (R2=0,026, p=0,547) e mata (R2=0,001, p=0,881).
CONCLUSÃO:
Portanto, foi constatado que a Peltogyne confertiflora, possui diferenças nos ambientes de estudo, pois se ajustaram a modelos alométricos (diâmetros e alturas) distintos para cada ambiente, porém em relação aos dados morfológicos (folhas e espessura do súber) estes não diferiram significativamente. É possível afirmar que as características diferenciadas entre as formações savânicas e florestais do cerrado condicionam a determinados gêneros estratégias distintas para aumentar as chances de sobrevivência em seu ambiente de ocorrência. Portanto, os modelos alométricos sugerem que a espécie apresenta respostas adaptativas em relação a fatores ecológicos específicos da mata e do cerrado s.s.. Assim devido ao fato de o cerrado s.s e a mata serem distintos e exercerem essas diferentes pressões ambientais, as características particulares de cada ambiente influenciam os padrões alométricos e morfológicos das populações de P. confertiflora.
Palavras-chave: Peltogyne confertiflora, relações alométricas, plasticidade fenotípica..