63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
MULHER BRASILEIRA NA POLÍTICA
Fernanda Ribeiro Araújo 1
Angela Schaun 2
1. UPM - Centro de Comunicação e Letras (IC)
2. Profª. Drª. - UPM - Centro de Comunicação e Letras (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
Diante da problemática da desigualdade de gênero o presente estudo se propõe a entender o que ainda leva a existir um número reduzido de mulheres brasileiras na política. Para isso considerou um breve histórico das conquistas das mulheres ao longo dos séculos, com uma abordagem cronológica até a chegada a política. A pesquisa tem como objetivos: perceber a trajetória das mulheres brasileiras na conquista dos espaços público de poder e verificar se cultura patriarcal reproduz os estereótipos do feminino e do masculino e se estes contribuem para a baixa participação feminina na política. Para complementar a pesquisa foi feito um estudo sobre: Marina Silva e Dilma Rouseff, candidatas à presidência da república do ano de 2010. Foi realizado um levantamento sobre, a trajetórias de vida e política de ambas, e foi buscado traçar um perfil das candidatas a fim de perceber quais são os estereótipos atribuídos a elas e como são vistas enquanto imagem e postura.
METODOLOGIA:
Levantamento bibliográfico com abordagem quantitativa e fonte de dados secundários, e pesquisa exploratória com entrevistas.
Pesquisa qualitativa exploratória: entrevistas com 10 pessoas (18-60 anos) homens e mulheres de distintas classes sociais, para falarem de forma espontânea, como viam as candidatas, em aparência e postura. Foi preservada a identidade dos entrevistados, pois as entrevistas serviram como base para a construção dos estereótipos das candidatas. Os dados foram analisados em conjunto e não foram associados ao respondente.
Pesquisa quantitativa: 100 pessoas (18-60 anos) de classes sociais distintas. Com questionário, tipo auto-preenchimento (sim ou não), expondo as duas características mais citadas de cada candidata na pesquisa qualitativa: “aparência frágil” (aparência/imagem) e “competente” (postura) para Marina Silva. E “firmeza” (postura) e “arrogância” (aparência/imagem) para Dilma Rousseff. Ambas as pesquisa foram não probabilísticas e realizadas por conveniência. Para complementar, foram feitas duas entrevistas: em profundidade com a Profa. Dra. Rosana Schwartz, e a outra pela internet, com a subprefeita da Lapa (SP) Soninha Francine.
RESULTADOS:
Pesquisa qualitativa exploratória
Marina Silva- Aspectos positivos: batalhadora, compromissada, competente e ligada ao meio ambiente. Negativos: frágil, sem pulso, não tem carisma e pouco conhecida.
Dilma Rousseff– Aspectos positivos: firme, segura e guerreira. Negativos: arrogante, não sabem o que fez na política e ditadora.
Pesquisa quantitativa (S-sim; N-não; NR-não respondeu)
MARINA SILVA
Total - Aparencia frágil - 52%(S) 48%(N); Competente – 68%(S) 27%(N) 5%(NR); firme 69% (S) 29%(N) 2%(NR); arrogante 8%(S) 92%(N)
Respostas Mulheres - Aparencia frágil - 50%(S) 50%(N); Competente – 68%(S) 27%(N) 5%(NR); firme 77% (S) 21%(N) 2%(NR); arrogante 10% (S) 90%(N).
Respostas Homens - Aparencia frágil - 53%(S) 47%(N); Competente – 73%(S) 21%(N) 6%(NR); firme 65% (S) 33%(N) 2%(NR); arrogante 10% (S) 90%(N).
DILMA ROUSSEFF
Total - Aparencia frágil - 14%(S) 86%(N); Competente – 40%(S) 55%(N) 5%(NR); firme 60% (S) 39%(N) 1%(NR); arrogante 66%(S) 34%(N)
Respostas Mulheres - Aparencia frágil - 12%(S) 88%(N); Competente – 37%(S) 57%(N) 6%(NR); firme 60% (S) 38%(N) 2%(NR); arrogante 64% (S) 34%(N) 2%(NR).
Respostas Homens - Aparencia frágil - 10%(S) 90%(N); Competente – 45%(S) 50%(N) 5%(NR); firme 62% (S) 38%(N); arrogante 73% (S) 27%(N).
CONCLUSÃO:
No processo histórico estudado foram encontrados pontos que dificultam a entrada das mulheres na política, como a permanência da cultura patriarcal, as medidas afirmativas e cotas que não são devidamente respeitadas pelos partidos, a questão das listas (abertas ou fechadas), o tamanho dos distritos e a falta de interesse político das próprias mulheres, por sobrecarga de trabalho.
As construções históricas dos estereótipos do masculino e feminino possuem reflexos visíveis na sociedade. Esse é um dos fatores que dificultou a chegada das mulheres na política, pois associam as mulheres a “obediência”, “fragilidade” e as limitam a esfera do lar. E com base nas pesquisas realizadas pode-se dizer que as características de Marina Silva se aproximam mais dos estereótipos construídos para o feminino, “aparência frágil” enquanto Dilma Rousseff possui características, que se aproximam mais dos estereótipos historicamente tidos para o masculinos, como “firmeza”.
A cultura patriarcal reproduz modelos de comportamento, nas várias instâncias sociais e de poder. Está historicamente arraigada na sociedade, criando barreiras e estereótipos, a desconstrução dessa cultura é um desafio à sociedade como um todo, para que se possa atingir maiores chances da igualdade de gênero.
Palavras-chave: Mulher/política, Marina Silva, Dilma Rousseff.