63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Contabilidade - 8. Contabilidade
A INTERFACE ENTRE A PSICOLOGIA COGNITIVA E A ÁREA DE CONTROLADORIA: UMA PROPOSTA PARA ANÁLISE DO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO EM ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTOS
Rodrigo Colas Sabino de Freitas 1
Ana Maria Roux Valentini Coelho Cesar 2
1. UPM - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (IC)
2. Profª. Drª. - UPM - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
Sabe-se que as decisões tomadas, embora ancoradas em informações geradas pelos Sistemas de Informação, nem sempre seguem os modelos racionais previstos nos modelos econômicos. Isto já era discutido por Simon em 1955. O modelo de Pennings, Garcia e Hendrix (2005), usado como base deste estudo, é um modelo de decisão que analisa o processo de tomada de decisão sob a ótica do processamento da informação. Parte da análise da captação da informação e a partir daí analisa como os estímulos ambientais se transformam em informação útil que será utilizada para seleção e escolha de alternativas para uma decisão. Considerando esse modelo, e aplicando-o ao contexto contábil, conforme adaptação feita por Cesar, Vidal, Coda e Perez (2009), este estudo traz como problema de pesquisa: como os elementos envolvidos no processamento da informação atuam sobre o tomador de decisão quando o objetivo deste está relacionado à decisão econômica? Como decorrência dessa indagação, o presente estudo tem como objetivo: analisar os comportamentos dos decisores no processo de tomada de decisão relacionado ao estabelecimento de níveis de metas orçamentárias.
METODOLOGIA:
Tipo de pesquisa: Segundo: as bases lógicas da investigação, o estudo é hipotético-dedutivo; a abordagem, é quantitativo; o objetivo geral, a pesquisa é descritiva; o propósito, é pesquisa aplicada; o procedimento técnico, é pesquisa de levantamento (DIEHL e TATIM, 2004). População e amostra: A população é de pessoas que trabalham no Brasil e que participam da estimativa de metas orçamentárias. O procedimento de amostragem foi não probabilístico, e a amostra tem 126 sujeitos. Tipo de variáveis do estudo: como o estudo é descritivo, não se assume a existência de dependentes ou independentes. Técnica de coleta de dados e instrumento de coleta: Durante o desenvolvimento do instrumento e seu pré-teste (CESAR et al., 2009) os autores optaram por captar o comportamento do decisor; para isto foi proposta uma escala ordinal de 10 pontos captando a frequência de ocorrência do comportamento durante a tarefa de estimar metas. Os dados foram colhidos usando-se o questionário desenvolvido por Cesar et al. (2009) - especialmente cedido para este estudo, que tem 55 questões afirmativas sobre comportamentos adotados na tarefa de decisão. Os dados foram colhidos por meio eletrônico e todas as respostas foram inseridas diretamente em planilha eletrônica (software Excel).
RESULTADOS:
Fez-se uma análise descritiva dos dados buscando-se analisar os comportamentos dos decisores no processo de tomada de decisão, considerando o modelo proposto por Pennings, Garcia e Hendrix (2005). Quando segmentados por idade nota-se que pessoas entre 40 e 50 anos não dão muita importância em buscar dados no ambiente externo, são influenciadas pela motivação com mais freqüência do que os outros segmentos, usam mais a intuição e ao fazer uma escolha consideram as preferências da empresa. Os sujeitos abaixo de 40 anos preocupam-se mais com a busca de dados no ambiente externo, admitem errar mais quando estão sob pressão de tempo e são menos influenciados pela motivação. Os sujeitos acima de 50 anos recorrem com mais freqüência a experiências passadas, buscam novas informações e levam mais em consideração a possibilidade de ocorrência de um cenário. Quanto à diferença entre Contadores e não contadores identificou-se que os Contadores buscam com menos freqüência informações no ambiente interno e conhecem mais a probabilidade de erro. Nota-se que pessoas da área de serviços dão mais importância à clareza dos dados e à intuição do que as que trabalham na indústria.
CONCLUSÃO:
Nota-se que as pessoas com mais experiência buscam com menos freqüência dados internos dentro da empresa, acreditando mais em sua expertise, diferentemente dos mais jovens, que pela falta de experiência acabam buscando maior suporte em dados tanto internos quanto externos para tomar uma decisão. Os contadores, por participarem da execução de relatórios de apoio à decisão, talvez conheçam melhor os dados e, portanto, os têm em sua memória. Todavia, tanto o uso de aprendizagem prévia quanto da memória colaboram para a existência de vieses de decisão. Aqueles que trabalham em indústria estão acostumados com relatórios de programação de produção, dentre outros, e portanto, talvez considerem que os relatórios gerenciais de apoio à decisão já sejam claros, retratando a realidade. Os que trabalham com serviços atuam em ambientes mais instáveis e com aspectos intangíveis; isso talvez esteja associado à maior dependência à atualização de informações para decisão, o que justifica a busca de clareza. Além disso, o cenário exige respostas rápidas e portanto, uso da intuição como uma heurística.Os dados estão de acordo com o modelo de Cesar et al. (2009) mostrando que há uso de processamento auntomático da informação, o que leva a uso de heurísticas, causando vieses de decisão.
Palavras-chave: tomada de decisão, modelos cognitivos para decisão, orçamento.