63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
JOVENS POBRES: DE QUEM SE FALA? ABORDAGEM: “JUVENTUDE E CULTURA: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A INFLUÊNCIA DA “CULTURA JUVENIL” NA FORMAÇÃO POLÍTICA DA JUVENTUDE”
Maria Aparecida Tardin Cassab 1
Thaysi Poliani Ribeiro Melo 2
1. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Fundamentos do Serviço Social - UFJF
2. Graduada em Serviço Social/Pós Graduanda em Políticas e Pesquisa em Saúde Coletiva - UFJF
INTRODUÇÃO:
Compreender de que forma as experiências dos jovens em torno de uma “cultura juvenil” estimula sua formação e ação política, é o objetivo primeiro desta pesquisa. Não há como entender a questão da juventude de forma independente. Desta forma, a cidade e o cotidiano ganham relevância neste estudo, pois, é na cidade e nas relações cotidianas que a juventude se configura e estabelece suas redes de sociabilidade. Ser jovem é vivenciar experiências comuns em um determinado momento histórico, entendendo-a através de uma perspectiva geracional e compreendendo seu caráter histórico e dinâmico. É o ideal de ruptura com o status quo que move as ações cotidianas e são elas a aliança que se vislumbra neste trabalho, principalmente em relação às ações culturais inseridas na cotidianidade dos jovens. Quanto mais restrita for a mobilidade do jovem, menor será sua capacidade de questionamento e de vislumbrar possibilidades, o que interfere diretamente em suas formas de organização política. Para tanto, buscou-se conhecer a realidade vivida por estes jovens organizados coletivamente em torno de representações culturais, no município de Juiz de Fora, com o intuito de levantar alternativas que potencializem estas experiências, em prol da formação e ação política da juventude.
METODOLOGIA:
O caminho metodológico adotado, contou com dois movimentos estratégicos. O primeiro tratou-se do levantamento bibliográfico e do estudo das principais categorias trabalhadas abordadas: juventude, geração, cotidiano, cidade, urbano, espaço e contra-espaço, cultura, hegemonia, ideologia e “cultura juvenil”, ação política e desigualdade social. O segundo momento foi a realização da pesquisa de campo, através do levantamento de algumas formas de organizações juvenil em torno da cultura e suas formas de formação e ação política no município de Juiz de Fora. Para este levantamento foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas, divididas em questionários individuais e coletivos. Foram entrevistados três grupos envolvidos com o movimento cultural do município, totalizando um universo de vinte e um jovens entrevistados.
RESULTADOS:
É indiscutível a questão de que a aglutinação juvenil em torno da cultura cria uma identidade comum entre eles, ainda que impulsionados por interesses individuais, de ascensão ou afirmação social. Porém, suas manifestações não se reduzem a um mercado habitual de consumo, uma vez que eles se encontram no lugar da produção, no movimento de criação e recriação de possibilidades, isto os difere do espectador passivo, “consumidor da indústria cultural”. Suas práticas tendem à um exercício de construção de sua condição de sujeito, através da ampliação da autonomia, da reflexão e da integração com o outro, num espaço alternativo ao do Capital. Sendo a cidade o local onde as contradições da sociedade se manifestam e a apropriação desta, fundamental para o exercício da ação política, os jovens pobres que vivem a cidade de forma restrita e desigual, tem seu cotidiano cada vez mais escasso e suas possibilidades restritas, assim como seu potencial questionador. Além de o contexto histórico fazer florescer neles, valores antagônicos, aparentemente incoerentes, mas que refletem exatamente um conhecimento construído a partir de ambigüidades que não estão na consciência destes jovens, mas sim na realidade em que se inserem.
CONCLUSÃO:
A juventude é o primeiro contato com a vida pública e ter a obrigação de assimilar questões tão complexas não é algo fácil e imediato. Os jovens vivem o presente de forma muito mais intensa e talvez pela falta de perspectiva no futuro se realizam nas ações cotidianas. Visto que as transformações culturais decorrem de mudanças na base material e vice versa, a cultura é resultado das complexas relações sociais, aparecendo como um momento importante e necessário de articulação e de afirmação da sociedade. Desta maneira, sendo a cultura uma das formas mais nítidas de manifestação da consciência social, pode ela ser uma aliada neste processo, como difusora de novos valores e de outra cultura, uma vez que esta não se trata de um fazer solitário, mas coletivo, além de sua forte influência político-ideológica. A centralidade da política está no trabalho, indiscutivelmente, mas a Cultura vem como um instrumento potencializador desta ação. Não há uma ruptura destas dimensões, elas são um todo complexo e coeso. Sua cisão se dá de forma funcional ao capitalismo, e aqui buscou recuperá-la.
Palavras-chave: Juventude, Cultura, Ação-política.