63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial |
O OLHAR DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE SUA FORMAÇÃO E AS MUDANÇAS NA ESCOLA PARA A INCLUSÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO REGULAR |
Cristiane da Silva Santos 1 Lana Ferreira de Lima 2 Roseane Patrícia de Souza e Silva 3 |
1. Profª Me. do CAC/UFG e Acadêmica do Curso de Doutorado em Educação da UFU 2. Profª Me. do CAC/UFG e Acadêmica do Curso de Doutorado em Educação da UFMG 3. Profª Me. do Curso de Educação Física do CAC/UFG |
INTRODUÇÃO: |
Atualmente, em âmbito mundial, ocorre um movimento para incluir os alunos com deficiência no ensino regular. A meta da inclusão é não deixar ninguém fora do sistema escolar, o qual tem de se adaptar às particularidades de todos os alunos. Portanto, este é um processo que pressupõe a reforma da organização e do funcionamento dos serviços educacionais destinados a estes alunos. Neste contexto, numa perspectiva prática, a formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância, sendo pré-requisito para a escola inclusiva que os professores sejam efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa. Em face disso, o presente estudo analisa a formação dos professores de Educação Física (EF) da rede municipal de ensino da cidade de Catalão/GO, que participaram do PROEXT/SESu-ME realizado em 2007, para a atuação com alunos com deficiências. Esperamos com este estudo não só ampliar as discussões dos processos de produção de conhecimento na área, mas também apresentar elementos que contribuam para subsidiar os gestores educacionais na tomada de decisões político-culturais e administrativas, acerca da inclusão dos alunos com deficiência no ensino regular, no sentido de oferecer cursos que possibilitem a formação continuada do professor. |
METODOLOGIA: |
Esta pesquisa se caracteriza como um estudo de campo de caráter descritivo. A população do estudo compreendeu os nove professores de Educação Física (seis mulheres e três homens, apresentando faixa etária que variava entre 23 a 47 anos), participantes do Curso "Inclusão dos portadores de necessidades educativas especiais nas aulas de Educação Física" ministrado no Programa de Extensão - Formação Continuada, interdisciplinaridade e Inclusão Social na Microrregião de Catalão/GO - PROEXT/SESu-ME. O tempo de atuação desse professores na área da Educação variava entre dois a 23 anos. Para a coleta de dados aplicamos um questionário com perguntas abordando os procedimentos didático-metodológicos das aulas e as dificuldades encontradas na participação dos alunos com deficiência. Os dados foram analisados de forma quantitativo-qualitativo, pois foi considerado tanto o percentual dos dados obtidos quanto o conteúdo dos discursos dos sujeitos pesquisados. Destacamos que após a obtenção dos dados as respostas foram transcritas na integra e, a fim de preservarmos a identidade dos sujeitos envolvidos na pesquisa, optamos por utilizar nomes fictícios para designá-los. |
RESULTADOS: |
Os dados coletados nos permitiram identificar que apenas dois docentes participaram de cursos de capacitação/qualificação para ministrar aulas para alunos com deficiência. Constatamos que dentre os nove professores dois não possuíam alunos com deficiência participando de suas aulas e dos sete que afirmaram tê-los em suas turmas demonstraram conhecer o tipo de deficiência apresentada. Em relação às modificações metodológicas realizadas pelos professores para incluir os alunos com deficiência nas aulas de EF, constatamos que dos sete professores dois não realizaram mudanças e cinco promoveram as mesmas em suas aulas. Entretanto, verificamos que as respostas não deixaram claro quais foram, de fato, as mudanças efetuadas em termos de metodologia. Identificamos, também, que as modificações quando eram realizadas não se adequavam às necessidades das deficiências dos alunos apontadas pelos docentes. As respostas fornecidas nos permitem considerar, ainda, que estes profissionais podem até saber o tipo de deficiência com que estão trabalhando, mas desconhecem as implicações dessas para a elaboração de uma aula de EF que atenda os limites e as potencialidades dos alunos com deficiência. |
CONCLUSÃO: |
Os dados aqui analisados expressam a “[...] ausência de uma política de formação continuada para promover o desenvolvimento profissional dos professores”, visto que a maioria dos professores “da educação básica não tiveram em sua formação inicial um eixo capacitador para a educação na perspectiva da diversidade” (FERREIRA, FERREIRA, 2004, p. 38). O que aponta, portanto, para a necessidade de investimentos sérios, em caráter de urgência, na qualificação do profissional da educação em nível de graduação e de pós-graduação, por meio da oferta de cursos que estejam mais orientados para a inclusão de crianças com deficiência. De modo geral verificamos que apesar dos documentos que expressam as políticas de inclusão exigirem a contratação de pessoal qualificado/capacitado este fato não corresponde a realidade, por exemplo, das instituições de ensino das quais os docentes pesquisados fazem parte. Tal fato nos leva a reafirmar a idéia de que as políticas públicas educacionais garantem a matrícula e o acesso na escola regular dos alunos com deficiência, porém não têm conseguido garantir a permanência dos mesmos junto à oferta de um ensino de qualidade, pois embora tenha sido adotada uma política inclusiva ainda se mantém, no interior da escola, uma estrutura excludente. |
Palavras-chave: Professores de Educação Física, Rede Municipal de Ensino, com Deficiência. |