63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
Efeito da atorvastatina sobre as convulsões induzidas por PTZ
Clarissa Vasconcelos de Oliveira 1
Letícia Meier Pereira 1
Vinícius Rafael Funck 2
Leonardo Magno Rambo 3
Leandro Rodrigo Ribeiro 2
Mauro Schneider Oliveira 4
1. Graduanda em Farmácia -Depto de Fisiologia e Farmacologia - UFSM
2. Mestrando em Bioquímica toxicológica -Depto de Fisiologia e Farmacologia - UFSM
3. Doutorando em Bioquímica toxicológica -Depto de Fisiologia e Farmacologia - UFSM
4. Profº Phd/Orientador - Unipampa campus Itaqui - RS
INTRODUÇÃO:
Entre os fármacos utilizados para o tratamento da hipercolesterolemia estão as estatinas. O mecanismo de ação dessa classe se dá através da inibição da enzima HMG-CoA redutase (3-hidroxi-3-metil-glutaril-Coenzima A redutase), a enzima limitadora da formação do colesterol no fígado. Dentre as diversas estatinas conhecidas atualmente a Atorvastatina destaca-se por diminuir os níveis plasmáticos de colesterol e lipoproteínas, sendo assim utilizada na prevenção e no controle da aterosclerose.
Além do controle dos altos níveis de colesterol, estudos sugerem que as estatinas exercem efeito sobre outras patologias, como o mal de Alzheimer e a epilepsia, podendo ser utilizadas no tratamento das mesmas.
Pesquisas científicas vêm sendo realizadas com as estatinas e a cada dia um novo efeito e uma nova possibilidade de uso desses fármacos surgem. Dada a possível associação entre estatinas e convulsões e o elevado número de pacientes com epilepsia que apresentam convulsões refratárias às drogas disponíveis atualmente, decidimos investigar se a estatina atorvastatina modula as convulsões induzidas por pentilenotetrazol (PTZ), um agente convulsivante clássico muito utilizado na descoberta de novos agentes anticonvulsivantes.
METODOLOGIA:
Ratos Wistar machos adultos (250 g; n=12 por grupo) foram administrados com atorvastatina (10 mg/kg; v.o.) ou NaCl (0,9 %; v.o.) por 7 dias. Um segundo grupo de animais (n=3 por grupo) foi anestesiado com equitesina e dois eletrodos foram colocados bilateralmente no córtex parietal, juntamente com um eletrodo de referência posicionado no sino nasal, para realização do registro eletroencefalográfico (EEG). Este subgrupo de animais foi tratado de maneira idêntica aos animais não operados. Vinte e quatro horas após a última administração de atorvastatina os animais foram injetados com PTZ (60 mg/ kg; i.p) ou NaCl (0,9 %; i.p.) e observados por 20 minutos quanto ao aparecimento de convulsões clônicas e tônico-clônicas generalizadas. Após análise comportamental das convulsões os animais foram sacrificados e o córtex cerebral rapidamente removido e homogeneizado em tampão Tris-HCl (10 mM, pH 7.4) para análises bioquímicas. Os níveis de colesterol sérico e cerebral foram analisados com um kit comercial (Labtest). Os níveis de nitrito e nitrato (NOx) foram determinados pelo método colorimétrico de Griess, e os níveis de 3-nitrotirosina determinados por slot blot. A análise estatística utilizada para os dados comportamentais foi o teste de Mann-Whitney. Para os dados bioquímicos foi utilizada uma ANOVA de 2 vias seguido pela análise post-hoc de Student-Newman-Keuls.
RESULTADOS:
Os níveis de colesterol sérico e cerebral foram analisados com um kit comercial (Labtest). Os níveis de nitrito e nitrato (NOx) foram determinados pelo método colorimétrico de Griess, e os níveis de 3-nitrotirosina determinados por slot blot. A análise estatística utilizada para os dados comportamentais foi o teste de Mann-Whitney. Para os dados bioquímicos foi utilizada uma ANOVA de 2 vias seguido pela análise post-hoc de Student-Newman-Keuls.
A análise estatística revelou que a administração oral de atorvastatina reduziu a latência para convulsões generalizadas clônicas (28,23 % de redução) [U= 30.500; P<0.05] e tônico-clônicas (28,57 % de redução) [U= 30.000; P<0.05] induzidas por PTZ. Além disso, a administração oral de atorvastatina reduziu os níveis cerebrais de NOx (34,64 % de redução) [F(3,44)=5.85; P<0.05], mas não alterou os níveis de colesterol sérico ou cerebral e os níveis de 3-nitrotirosina. Assim, podemos sugerir que a diminuição da latência para as convulsões clônicas e tônico-clônicas induzidas pelo PTZ independe da inibição da via de síntese do colesterol realizada pela estatina, sendo consequência de outro mecanismo de ação do fármaco.
CONCLUSÃO:
Concluímos que a administração oral atorvastatina por 7 dias reduziu a latência para as convulsões clônicas e tônico-clônicas induzidas por PTZ, e que este efeito pode estar relacionado a uma redução nos níveis cerebrais de NOx, mas não a alterações nos níveis de colesterol sérico ou cerebral.
Palavras-chave: convulsões, estatinas, PTZ.