63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 6. Ciências da Religião e Teologia |
ANÁLISE DO PROGRAMA FOME ZERO À LUZ DE DEUTERONÔMIO 24 |
Elton Egydio Alves 1 Lídice Meyer Pinto Ribeiro 2 |
1. UPM - Escola Superior de Teologia (IC) 2. Profª. Drª. - UPM - Escola Superior de Teologia (Orientadora) |
INTRODUÇÃO: |
No antigo Israel a lei deuteronômica foi uma tentativa de melhoria desta condição tentando propiciar um novo reinício ao marginalizado. Com o advento de Cristo e a institucionalização do cristianismo surgiu o momento oportuno para o combate à fome, porém com o poder e a ganância, o clero cristão pouco realizou para amenizar o problema. Por volta da década de 1960, retorna a baila na cristandade a doutrina do milenarismo cristão, o qual consiste na promessa de um governo milenar de Cristo alicerdado em equidade e em bonança. Entretanto, esse conceito se laicizou, perdendo seu ideário religioso, tornando-se utopia: o conceito de um novo mundo e perfeito. Essas utopias permearam governos políticos, inclusive o programa Fome Zero. Sendo assim, a pesquisa visa analisar o históricamente o problema da fome, a práxis do Fome Zero, bem como a tratativa dos cristãos quanto ao problema da fome. |
METODOLOGIA: |
Para a realização da pesquisa com cunho quantitativo, inicialmente fez-se uma análise do texto bíblico, abordando inclusive, os termos centrais do livro de Deuteronômio como viúva, órfão e estrangeiro. O pano de fundo do antigo Israel foi tratado sob o prisma social-antropológico, compreendendo também a organização das tribos e suas estratificações, abrangendo o período tribal, a monarquia, bem como o período de Cristo. Achou-se importante evidenciar historicamente o problema da fome para que houvesse subsídios palpáveis em uma análise mais atual. O paralelo com o milenarismo deu-se durante a análise do posicionamento cristão em relação ao problema da fome. Para tal pesquisa, utilizou-se as fontes bibliográficas e as encontradas na rede global. Semelhantemente, para a avaliação do Programa Fome Zero fez-se uso da referência bibliográfica, bem como da rede global para coleta de dados quanto ao seu gerenciamento, sua fiscalização, e os seus resultados. Os índices e projeções sobre a fome foram coletados em sites de órgãos específicos, além do software fornecido pela PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. |
RESULTADOS: |
A forma de colonização do Brasil, de extração e da venda descabida dos recursos naturais da terra contribuiram para o aumento da desnutrição e, por conseguinte, da fome no Brasil. Ao ser instituído e ampliado no governo Lula o Fome Zero é um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza. Em 2000, os índices de pobreza apresentam maior gravidade no estado do Amazonas (57,89%) e, principalmente na Região Nordeste do Brasil, enquanto nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, os índices são os menores. Desta forma, na tentativa de erradiação da fome os seguintes pontos de atuação do Programa foram considerados:1) acesso aos alimentos; 2) fortalecimento da agricultura familiar; 3) geração de renda; 4) articulação. No início de sua implantação, algumas acusações de fraudes e desvios de recursos foram constatados pela fiscalização deficitária. Contudo, o seu ideário salvífico não fora alcançado, por conta dos 35,5% da população ainda carente de alimentos. Em paralelo, a cristandade fundamentada em preceitos éticos e religiosos pouco fez ou faz no combate à pobreza. |
CONCLUSÃO: |
O programa Fome Zero apesar de não conseguir cumprir a promessa de erradicação da fome, reduzindo-a substancialmente, contribuiu como principal divulgador da política de ação social brasileira no mundo, mesmo apresentando graves falhas em sua gestão, bem como expressivas denúncias de corrupção, desvios de verbas e fraudes. Entretanto, o assistecialismo é uma "receita" que gera votos, o qual foi alicerce das campanhas dos presidenciáveis seja governo, seja oposição. Sendo assim, acredita-se que programas assim, apesar de sanarem momentaneamente, ou no período de sua existência as deficiências alimentares da população, não permite ao pobre uma real melhoria em sua qualidade de vida, que somente virá por meio de uma política séria, focada no carente e voltada para pontos importantes como a educação e para a saúde. Ao observar a máquina estatal trabalhando em prol da erradicação da fome, em contrapartida o posicionamento da cristandade é caracterizado por meio de números pouco expressivos. Igrejas da representatividade como Renascer em Cristo, Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus e Igreja Internacional da Graça de Deus, muito pouco ou quase nada fizeram para praticar os conceitos de equidade cristãos. |
Palavras-chave: pobre, Programa Fome Zero, milenarismo. |