63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 5. Letras
MITOS SOBRE A LÍNGUA DE SINAIS E A PESSOA SURDA NA PERSPECTIVA DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Sara Stéphanie Ribas Cortez 1
Colandy da Silva Adão 2
Samiris Samara Mendanha 3
Vânia Gomes Bandeira 4
Wáquila Pereira Neigrames 5
Neuma Chaveiro 6
1. Graduanda pela Faculdade de Letras - UFG
2. Graduanda pela Faculdade de Letras - UFG
3. Graduanda pela Faculdade de Letras - UFG
4. Graduanda pela Faculdade de Letras - UFG
5. Graduanda pela Faculdade de Letras - UFG
6. Prof.ª Ms. Orientadora pela Faculdade de Letras - UFG
INTRODUÇÃO:
A Língua de Sinais faz parte da cultura surda e, assim como qualquer outra, é carregada de significação social. Sabe-se que para conhecermos um povo e sua cultura é necessário conhecermos sua forma de comunicação, no caso a língua. Esta, ao mesmo tempo em que permite a troca de informações e ideias, veicula discursos, expressa subjetividades e também identidades. O mesmo ocorre com o uso de sinais pelos surdos. A Língua de Sinais, portanto, ultrapassa os objetivos de uma simples comunicação e se constitui na expressão da identidade de uma comunidade (SKILAR, 1998; PERLIN, 1998).
As Línguas de Sinais igualam-se às Línguas Orais por exercerem as mesmas funções linguísticas na vida de seus usuários. Trata-se de uma língua independente dos demais sistemas linguísticos. Ela é considerada, assim, uma Língua Natural desenvolvida pela comunidade surda, possibilitando o acesso dessas pessoas a todas as atividades sociais (GOLDFELD, 1997).
Diante disso, essa pesquisa tem o objetivo discutir os mitos em relação às Línguas de Sinais e a pessoa surda, na concepção dos professores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com isso, espera-se promover um espaço de esclarecimento e discussão dos mitos que permeiam a realidade dos usuários das Línguas de Sinais.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada no período de 24 a 30 de abril de 2009, no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás - UFG. O presente estudo é de natureza descritivo-analítica, com abordagem qualitativa, considerada a mais apropriada para esta pesquisa por privilegiar significados, experiências, sentimentos e valores dos sujeitos envolvidos, num espaço mais profundo das relações (MINAYO, 1992). A amostra da pesquisa constou de 10 docentes da UFG, sendo que 05 estão vinculados ao curso de graduação em Letras, e os demais estão vinculados aos cursos de graduação em Odontologia, Farmácia e Engenharia Civil. O instrumento utilizado para coleta de dados foi uma entrevista semi-estruturada, com perguntas abertas e fechadas. As respostas foram gravadas em áudio e, posteriormente transcritas para a análise dos dados. O questionário aplicado na coleta de dados foi construído com 17 questões, com objetivo de verificar o conhecimento dos sujeitos da pesquisa sobre a pessoa surda e os mitos das Línguas de Sinais.
RESULTADOS:
Observou-se que a maioria dos entrevistados desconhecia sobre o assunto, apesar das diversas informações que circulam hoje. Constatou-se nos depoimentos que existem muitos mitos com relação à língua de sinais e a pessoa surda, a maioria não reconhecem a língua de sinais como um sistema linguístico e atribuem a pessoa surda o conceito de alguém que não consegue ouvir, desconhecendo a identidade e a cultura surda. Entre as concepções sobre a língua de sinais destacou-se: a língua de sinais é uma mistura de gestos, uma simbologia e é uma língua universal. Alguns apresentaram noções coerentes em relação à língua de sinais, referindo que ela é uma forma de comunicação não verbal. De maneira geral, a concepção dos entrevistados em relação à pessoa surda é de que são indivíduos que apresentam uma deficiência auditiva. Os entrevistados também acreditam que os surdos nem sempre são nervosos e explosivos, pois a perda ou a falta de audição não impossibilita a capacidade de falar, de se comunicar. Foi constatado também que os mitos sobre as línguas de sinais permeiam os conceitos dos entrevistados, e consequentemente, da nossa sociedade.
CONCLUSÃO:
Ao contrário do que se imagina, a concepção errônea a respeito da pessoa surda e a língua de sinais não está vinculada somente aos professores dos cursos das áreas de exatas, mas também podemos perceber que mesmo os professores do curso de Letras também demonstram sua falta de proximidade com esta modalidade de língua visual-espacial. Não se imagina que em um ambiente responsável por produzir e disseminar conhecimento como uma Universidade, haja a circulação de “pré-conceitos”, que influenciarão as relações dos alunos, futuros profissionais, fora do âmbito acadêmico. Sendo assim, esperamos que os resultados tenham surgido como um alerta para que a comunidade acadêmica, especialmente representada pelos professores, perceba o quanto é importante a busca pelo esclarecimento dos mitos relacionados a pessoas surda e à língua de sinais. É imprescindível que haja a desmistificação dos mitos relacionados à língua de sinais e a pessoa surda, portanto, há necessidade de formação e divulgação, especialmente para comunidade acadêmica, representada neste trabalho pelos professores. Ao desfazer os mitos, altera-se a concepção sobre a pessoa surda e sua língua.
Palavras-chave: Língua de Sinais, Mitos, Pessoa Surda.