63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 2. Análise Toxicológica |
ESPECIAÇÃO QUÍMICA DE MERCÚRIO EM AMOSTRAS DE PEIXES DO BRASIL UTILIZANDO O ACOPLAMENTO HPLC-ICP-MS |
Felipe Santos Moreira 1 Luma Rodrigues Blanc 1 Fernando Barbosa Júnior 2 Bruno Lemos Batista 3 Jairo Lisboa Rodrigues 4 |
1. Aluno IC- Instituto de Ciência e Tecnologia do Mucuri - UFVJM 2. Prof. Dr. - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP 3. Doutorando - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP 4. Prof. Dr./ Orientador- Instituto de Ciência e Tecnologia do Mucuri - UFVJM |
INTRODUÇÃO: |
O mercúrio (Hg) é um metal que apresenta efeitos tóxicos e cumulativos aos organismos. Ele pode ser encontrado em vários ambientes (solos, rios, oceanos, rochas e vulcões) em diferentes estados físico-químicos, podendo ocorrer em formas orgânicas e inorgânicas nos diferentes estados físicos, sendo a mais tóxica encontrada na forma orgânica do metilmercúrio (MeHg). Por ter uma elevada toxicidade e habilidade à bioacumulação (Exposição e acumulação do metal (Hg) no organismo) e biomagnificação (Passagem do metal de um nível trófico a outro, após a biocumulação) ao longo do seu ciclo biogeoquímico no meio ambiente, faz do mercúrio um poluente potencialmente perigoso. O mercúrio ao ser ingerido no organismo humano circula no sangue por um longo período e gradualmente se acumula no sistema nervoso central, provocando efeitos adversos como: efeitos gastrointestinais, renais, músculo-esqueléticos, hepáticos, cardiovasculares e principalmente neurológicos. Assim sendo, é importante que se façam estudos de especiação química (Determinação de espécies orgânicas e inorgânica) de mercúrio em peixes e alimentos marinhos, já que estes apresentam uma facilidade de bioacumular espécies deste metal em seu tecido muscular, e podem ser fontes de exposição aos seres humanos através do seu consumo. |
METODOLOGIA: |
Foram analisados concentrações MeHg, Hg-i e Etilmercúrio (EtHg) em amostras de Atum enlatados de diferentes estados do Brasil e de um peixe do estado do Pará. As concentrações foram comparadas ao limite máximo preconizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de 500 ng/g para peixes não predadores e 1000 ng/g para peixes predadores. Para o processo da especiação, foi utilizado um equipamento de Espectrometria de Massas com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS ELAN DRC II PerkinElmer), acoplado a outro equipamento de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) de acordo com o método proposto por Rodrigues et al. (2010). No processo de extração foi utilizada uma solução extratora (100-200mg de amostra de peixe + 5,0mL de solução extratora) contendo HCl 0,1%v/v + L-cisteína 0,05%m/v + 2-mercaptoetanol 0,1%v/v. Para separação cromatográfica foi utilizada uma fase móvel contendo 2-mercaptoetanol 0,05%v/v, L-cisteína 0,4%m/v e acetato de amônio 0,06mol L-1. A separação cromatográfica das 3 espécies (MeHg, EtHg e Hg-i) ocorre em menos de 8 minutos, em modo isocrático. Para quantificação no ICP-MS foi monitorado o isótopo 202Hg. Para o processo de validação do método foi utilizado o Material de Referência Dorm-2 e Dolt-3 (Canadá). |
RESULTADOS: |
Foi feita a quantificação dos Materiais de Referência sendo que não houve uma diferença estatística entre os valores obtidos das concentrações do material de referência e os valores alvo fornecidos pelo material, para 95% de intervalo de confiança. Os valores das espécies de mercúrio encontrados nas amostras analisadas foram: Atum (RJ): Hg-i = 13.78±2.08 ng/g, MeHg = 160.12±0.19 ng/g, EtHg = ND; Atum1 (SC): Hg-i = ND, MeHg = 94.38±5,44 ng/g, EtHg =ND; Atum2 (SC): Hg-i = 0.96±0.08 ng/g, MeHg = 82,93±1,35 ng/g, EtHg = ND; e do peixe do estado do Pará: Hg-i = ND, MeHg = 2995,16±87,32 ng/g, EtHg = ND. Os valores analisados para o Atum nos diferentes estados estão dentro do valor máximo preconizado pela ANVISA de 500 ng/g para peixes não predadores, no entanto, o peixe do estado do Pará encontrou-se com valor acima do permitido de 1000 ng/g para peixes predadores. Essa alteração é possivelmente ocasionada pela contaminação de mercúrio presente na região da Amazônia. |
CONCLUSÃO: |
Neste estudo, verificou-se a alteração da concentração de Metilmercúrio na amostra do peixe do estado do Pará. Essa forma orgânica (MeHg) é a mais tóxica encontrada. Os valores preconizados pela ANVISA são de mercúrio total e na há uma legislação especifica para formas orgânicas e inorgânicas do mercúrio. Porém, é de suma importância que se façam estudos de especiação química, visto que o mercúrio apresenta diferentes graus de toxidade em suas formas encontradas. |
Palavras-chave: Mercúrio, Peixes, Especiação química. |