63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
ENSINAR LIBRAS LETRANDO: SABER-FAZER EM SALA DE AULA
EDILEUSA SILVA DE ABREU 1
BENIGNA MARIA DE ASSUNSÃO COUTOANA 1
ANA ELIZABETH ARAÚJO DA SILVA FÉLIX 1
1. Prof. interprete de LIBRAS - Escola Nossa Senhora dos Remédios
2. Prof. esp./ Orientadora - Depto de Educação CESC / UEMA
3. Prof. Mestre Co -Orientadora CESC/ UEMA
INTRODUÇÃO:
O domínio da linguagem é fundamental para a participação das pessoas na sociedade. Por meio da linguagem, o ser humano se comunica, tem acesso a informações, defende e exprime opiniões, partilha ou constrói visões de mundo, produz e registra conhecimentos. Por isso, o ensino da Libras e da Língua Portuguesa (leitura e escrita) para alunos surdos é uma das formas de garantir o exercício da cidadania e o desenvolvimento de suas habilidades.
Nessa perspectiva, busca-se investigar sobre o Ensino de Libras Letrando: saber-fazer em sala de aula, tendo como ponto de partida observações e vivências com surdos em Caxias – MA, no período de abril de 2007 a julho de 2010. As observações possibilitarão constatar a presença do processo ensino-aprendizagem da LIBRAS e da Língua Portuguesa, uma vez que com a ausência do Bilinguísmo, não se poderá evidenciar a continuidade de seus estudos nas escolas regulares e a aquisição de conhecimentos e saberes essenciais ao seu desenvolvimento sócio–cognitivo.
METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento e melhor compreensão da temática em estudo, os dados foram obtidos através da pesquisa de campo com um grupo definido, paralelo com as análises bibliográficas, buscando orientações sobre o letramento de surdos e a Libras, bem como seu uso no contexto escolar e programas do governo (MEC) para compreender as orientações metodológicas e a prática do professor numa escola inclusiva.
O método adotado nesta pesquisa foi o fenomenológico, tendo como técnica a Análise de Conteúdo de Bardin (2004), de abordagem qualitativa, por resgatar os fatos da realidade e estabelecer sua descrição numérica, emparelhando-as com a teoria estudada, usando como instrumento de investigação científica a entrevista semi estruturada, aplicada a professores e intérpretes, sendo a entrevista composta por cinco questões abertas para os professores, e quatro questões também abertas voltadas aos intérpretes.
O universo da pesquisa foi composto por três escolas: U.E. José Sarney, U.E.M. Senhora dos Remédios e C.E. Eugênio Barros, tendo como amostra 10 professores e 5 intérpretes de Libras, 01 com graduação e cursos técnicos de Libras 02, especialistas e 02 especializandos, com experiência na área que varia entre 1 a 8 anos.
RESULTADOS:
Constatou-se que as principais dificuldades encontradas nos docentes pesquisados, foi não saber lidar, de forma coerente, com educando surdo. Entre elas destacam-se: 60% apresentam conhecimento sobre a surdez; outros 40% não conhecem; 60% afirmaram que nada foi modificado na sua prática pedagógica para a inclusão destes alunos. Os demais professores enfatizam que as mudanças mais significativas ocorreram na exposição dos conteúdos, participação nas atividades propostas e o uso de gestos e sinais, auxiliados pelos intérpretes.
De acordo com seus relatos, os entraves residem na comunicação, na interação, na metodologia de ensino e no domínio de Libras. Porém, 70% dos entrevistados, embora reconheçam a necessidade de aprender a língua, ainda não fizeram nenhum curso de capacitação. Tal fato, é confirmado pelos intérpretes. A partir da falta de formação inicial e continuada para trabalhar com alunos surdos, verificou-se que dos alunos inclusos, 60% tem pleno domínio da Libras, 20% apresentam um bom desenvolvimento, e 20% mínimo.
Assim, o resultado dessas práticas ainda reflete no desenvolvimento das habilidades de leitura, compreensão e produção de textos em Língua Portuguesa, devido as limitações do domínio do vocabulário e discriminação de alguns termos.
CONCLUSÃO:
O ensino de Libras e de Língua Portuguesa para alunos surdos, no processo de letramento, ainda é uma prática preocupante no contexto escolar, visto que ainda existem dificuldades ao serem inclusos na escola regular, além do número mínimo de professores e de uma prática pedagógica que atenda sua diversidade.
Assim, para que a inclusão de alunos surdos seja efetivada com êxito, é fundamental a reelaboração das práticas educativas que contemplem um ambiente bilíngue nas relações cotidianas e na transmissão dos conteúdos. A proposta bilíngue garante aos alunos surdos o ensino da Libras e da Língua Portuguesa (leitura e escrita), como línguas de acesso ao conhecimento e interação social. Implica ainda, uma nova postura da escola, favorecendo a substituição de antigas concepções educacionais que excluem do processo ensino-aprendizagem as diferenças
Palavras-chave: Letramento, Surdez, Biliguismo.