63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFESSORES SOBRE A HIPERATIVIDADE DOS ALUNOS
Aleticia Ferreira da Silva 1
Alba Martins de Melo 1
Fernanda Plentz de Andrade 1
Lorena dos Santos Rodrigues 1
Karla Gabriela Silva de Araújo 1
Teresa Cristina Siqueira Cerqueira 2
1. Graduandas em Pedagogia - Faculdade de Educação- Universidade de Brasília -UnB
2. Profa. Dra./Orientadora - Depato. de Teorias e Fundamento - Universidade de Brasília- UnB
INTRODUÇÃO:
Para compreender a dinâmica das sociedades modernas e superar a estática existente no conceito durkheimiano, que tinha como ponto principal a compreensão de como os indivíduos são produtos da sociedade, Moscovici propõe o termo Representações Sociais, que vai além do conceito sociológico e procura demonstrar como os indivíduos são capazes de mudar a sociedade (FARR, 2003).Em função dessa dupla natureza, social e psicológica, uma preocupação apresentada por Denise Jodelet é a possibilidade de redução das representações a fatores intra-individuais, onde o fenômeno social é entendido como uma intervenção secundária, ou como uma forma diluída em fenômenos culturais (JODELET, 1984 apud SÁ, 1995). Entende-se por representações: Um conjunto de conceitos, proposições e explicações originado na vida cotidiana no curso de comunicação interpessoais. As representações sociais podem ser vistas em vários lugares e ocasiões do nosso dia-a-dia, por serem formas de agir na realidade comum, como um saber prático que visa responder questões que surgem na comunicação e relacionamento interpessoal. Importante estudar as representações sócias dos professores sobre a hiperatividade, conceito que vem se tornando muito difundido, principalmente pelo aumento das dificuldades de aprendizagem.
METODOLOGIA:
A questão básica deste estudo é: quais as representações sociais dos professores sobre a hiperatividade? Realizou-se, segundo os procedimentos de coleta de dados, uma pesquisa de campo. Gonsalves (2001) apresenta como uma pesquisa que busca as informações diretamente com a população que será pesquisada. Os participantes desta pesquisa foram 12 (doze) professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental da rede pública, localizada na cidade satélite de Ceilândia. Destes 11 eram mulheres e um homem. A média de idade é de 39 anos. Adotou-se a entrevista semi-estruturada como instrumento de coleta de dados, com cinco questionamentos, como afirma Abric (2001) a entrevista constitui-se um método indispensável para qualquer estudo sobre representações sociais. As entrevistas foram realizadas individualmente, foram gravadas e depois transcritas e analisadas por meio da adaptação da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1987) que permite a organização das respostas produzidas em categorias e classes.
RESULTADOS:
De acordo com os procedimentos da análise, os resultados das entrevistas foram dispostos em três categorias. De acordo com as respostas pode-se observar que os professores tendem a relacionar, a hiperatividade a um comportamento diferenciado dos outros alunos não diagnosticados como hiperativos e que são denominados normais. A maioria das respostas (7) tende a estabelecer uma relação entre a hiperatividade e um“comportamento diferenciado do normal”. Outra categoria foi das características dos alunos hiperativos, destacam-se duas apontadas pelos professores: dificuldade de concentração (11 ocorrências) e agitação (9 ocorrências), são as mesmas presentes nas definições mais simples do transtorno. São também essas características as mais divulgadas pela mídia. Os professores demonstram como representação sobre as características do aluno hiperativo as mesmas divulgadas pela mídia e se baseiam por essas informações.A terceira categoria refere-se às Influências sobre a Hiperatividade do aluno.As que mais se destacaram foram: influências da família e do meio ambiente (social). Conclui-se que na percepção dos professores a influência da escola sobre o aluno hiperativo é ausente, o que demonstra que por ser uma questão vista como biológica, o social pouco interfere na situação do aluno.
CONCLUSÃO:
Percebe-se a necessidade do professor confrontar os diversos saberes teóricos com as atuações práticas, refletindo sobre essa relação para a construção dos saberes docente numa visão crítica para evitar que a sala se torne um ambiente para práticas “psicopatologizantes”, onde o rótulo possa vir a ser uma força restritiva para o desenvolvimento do aluno.Acredita-se que a formação continuada dos professores vista de uma perspectiva da coletividade em que os professores junto com os outros agentes escolares assumem uma posição de responsabilidade pelos problemas que são encarados como da escola, e não individuais dos professores, propicia uma maior compreensão desse espaço, criando um ambiente facilitador para o processo de ensino-aprendizagem. Resumindo, a maioria dos professores aceita o termo Hiperatividade assim como suas características como normal, sem se questionar sobre a construção social do conceito e sem refletir seu papel enquanto agentes de transformação do espaço escolar.
Palavras-chave: Representações Sociais, Professores, Hiperatividade.