63ª Reunião Anual da SBPC

A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DO PRINCIPAL CONSTITUINTE QUÍMICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Menta rotundifolia (L.) HUDS E SUAS POSSÍVEIS APLICAÇÕES.

Gilvan de Oliveira Costa Dias 1 Ademir Farias Morel 2 Vinicius Ilha 3

1. Prof. Dr. - Departamento de Química - UFMA 2. Prof. Dr. - Departamento de Química - UFSM 3. PG - UFSM

INTRODUÇÃO:

O gênero Mentha pertence à família Lamiaceae, compreende cerca de 15 espécies originárias do Velho mundo e adventícias nas Américas. As espécies destacam-se pelo uso culinário e de chás com efeitos medicinais, sendo bastante conhecidas principalmente pelo seu sabor característico e aroma refrescante. A espécie em estudo é um hibrido entre Menta longifólia e Menta suaveolens. É uma erva européia, perene, pubescente, rizomatosa de até 60 cm de altura.

METODOLOGIA:

Para execução deste trabalho partes aérea de M. rotundifolia foram coletadas em terrenos baldios no município de Santa Maria – RS. O espécime foi identificado e incluído no Herbário da Universidade Federal de Santa Maria. Uma parte desta coleta (330 g) foi submetida à hidrodestilação em aparatos tipo Clevenger modificado. Com o óleo essencial obtido realizou-se por cromatografia em coluna e em camada delgada preparativa o isolamento do constituinte majoritário, o qual sua estrutura foi confirmada por RMN 1H, 13C, DEPT 90 e 135°, espectrometria de massas e reação de redução. Realizou-se também a atividade da substância isolada frente às seguintes bactérias: (Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermididis, Bacillus subtilis, Salmonella Setubal, Escherichia coli, Micrococcus luteus, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeroginosa) e fungos (Candida albicans e Sacharomyces cerevisiaee) e sua ação inseticida frente a formigas cortadeiras.

RESULTADOS:

O rendimento do óleo essencial de M. rotundifolia foi de 0,4%, sendo o óxido de piperitona o constituinte majoritário com 80%. Este componente foi identificado por comparação com seu índice de retenção linear determinado em relação a uma série homóloga de n-alcanos, índice de Kovat’s, RMN, espectrometria de massas e derivatização. O óxido de piperitona quando avaliado nos ensaios de bioautografia não mostrou atividade para nenhum tipo de bactérias testadas. Foi ativo somente para os dois tipos de fungos, cuja quantidade inibitória mínima foi equivalente a 1,56 µg/aplicação. Os ensaios para verificar a ação inseticida do óxido de piperitona, frente a formigas cortadeiras não seguiu nenhuma técnica, mas os resultados foram muito promissores. Percebeu-se a ausência de todas as formigas quando este composto isolado foi aplicado diretamente à parte central do ninho no final de um período (10 dias). Não se sabe se a ação da substância atuou como inseticida (repelente) ou como fungicida inibindo o crescimento do fungo simbionte, Leucoagaricus gongylophorus, responsável pela sua alimentação. Sabe-se que este fungo constitui a única fonte de alimento para as larvas das formigas, além de fornecer cerca de 9% de energia necessária para as operárias das formigas.

CONCLUSÃO:

O óleo essencial de M. rotundifolia apesar do seu baixo rendimento 0,4% apresentou uma alta concentração de óxido de piperitona (80%). Este terpeno apresenta na sua estrutura química três funções orgânicas, o quê os torna um interessante material de partida para síntese de outros compostos, além disso, apresenta atividade fungicida e inseticida o que pode ser uma alternativa no controle de pragas.

Palavras-chave: Menta rotundifolia (L.) Huds, Oxido de Piperitona, bioautografia.