63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 4. Conservação da Natureza |
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DA VEGETAÇÃO ARBUSTIVO-ARBÓREA EM ÁREA DE CERRADO SENTIDO RESTRITO NA SERRA DA JIBÓIA, GOIÁS, BRASIL |
Lívia Helena Carrera Silveira 1 Henrique Augusto Mews 1 José Roberto Rodrigues Pinto 2 |
1. Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais - PPG/EFL, Universidade de Brasília - UnB 2. Prof. Dr./Orientador, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília - UnB |
INTRODUÇÃO: |
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro em extensão e compreende a savana tropical com maior biodiversidade. A flora do bioma abriga mais de 12.000 espécies de plantas vasculares que ocorrem espontaneamente no Cerrado, sendo estimado que aproximadamente 44% são endêmicas, o que contribui para que o cerrado seja classificado como hotspot para conservação da diversidade biológica mundial. O Cerrado contempla onze tipos fitofisionômicos distribuídos entre formações florestais, savânicas e campestres. O cerrado sentido restrito é a principal fitofisionomia em extensão no bioma, entretanto sua vegetação nativa encontra-se seriamente ameaçada, principalmente em função das atividades agropastoris, ficando cada vez mais restrita às Unidades de Conservação. Nesse sentido, estudos que descrevam a composição florística e estrutura fitossociológica são primordiais para o conhecimento quantitativo e qualitativo de uma comunidade vegetacional, dando suporte para ações voltadas ao manejo e à recuperação da vegetação nativa. O objetivo do presente estudo foi descrever a composição florística e a estrutura fitossociológica da vegetação arbustivo-arbórea em uma área de cerrado sentido restrito na Serra da Jibóia, Goiás, Brasil. |
METODOLOGIA: |
O estudo foi realizado na Serra da Jibóia, localizada entre os municípios de Palmeiras de Goiás-GO e Nazário-GO, entre as coordenadas 16°36’ S – 16°40’ S e 49°45’ W – 49°48’ W. O inventário da vegetação foi realizado em 10 parcelas de 20 × 50 m, distanciadas cerca de 150 m entre si, onde foram amostrados todos os indivíduos com diâmetro de base, medido a 30 cm do solo (Db30 cm) ≥ 5 cm. Foram registrados os valores de Db30 cm e da altura total, além da identificação taxonômica de cada indivíduo. As espécies foram identificadas em campo e quando isso não foi possível foram coletadas amostras de material botânico para posterior comparação com a coleção disponível no Herbário da Universidade de Brasília (UB). A classificação botânica adotada para as famílias foi APG II. Os dados foram analisados empregando-se o Software Mata Nativa 2.0. Para a descrição estrutural da vegetação foram calculados os parâmetros fitossociológicos de densidade, dominância e frequência absolutas e relativas e o Índice de Valor de Importância (IVI). A diversidade de espécies foi avaliada pelo Índice de diversidade de espécies de Shannon-Wiener (H’, na base neperiana) e a equabilidade pelo Índice de Pielou (J’). |
RESULTADOS: |
Foram registrados, em 1 hectare de área amostral, 1.184 indivíduos, distribuídos em 29 famílias e 64 espécies, com área basal de 9,64 m2.ha-1. As famílias que apresentaram os maiores números de espécies foram Fabaceae (13), Vochysiaceae (6) e Apocynaceae (4). O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) foi de 3,27 e o índice de equabilidade de Pielou (J’) foi de 0,79. As espécies com os maiores Índices de Valor de Importância (IVI) foram Davilla elliptica (39,8), Qualea parviflora (31,32), Byrsonima pachyphylla (16,24), Bowdichia virgilioides (13,24), Byrsonima coccolobifolia (13,56), Psidium myrsinoides (11,72), Ouratea hexasperma (9,86), Dalbergia miscolobium (9,03), Pterodon pubescens (8,39) e Erythroxylum suberosum (7,64), que juntas representam 52% do total do IVI da comunidade. As espécies D. elliptica, B. pachyphylla e E. suberosum apresentaram elevado valor de IVI devido principalmente a sua alta densidade, enquanto Q. parviflora e B. virgiliodes apresentaram alto IVI principalmente em função da elevada área basal dos poucos indivíduos amostrados. As distribuições de diâmetros das 10 populações mais importantes (IVI) se comportaram de forma variada. Apenas as espécies D. elliptica, B. virgiliodes e O. hexasperma apresentaram distribuição tendendo ao “J-reverso”. |
CONCLUSÃO: |
Com base na densidade de indivíduos, no valor de área basal registrado e na composição florística, o cerrado sentido restrito estudado na Serra da Jibóia pode ser classificado como subtipo típico. Os padrões de riqueza, diversidade, densidade e área basal aqui descritos são semelhantes aos encontrados em outras áreas de cerrado sentido restrito amostradas no Distrito Federal e em Goiás. As distribuições de diâmetros das dez espécies mais importantes (IVI) indicaram que algumas populações continuarão em posição de destaque na estrutura da comunidade, enquanto outras entrarão em declínio populacional caso os atuais padrões se mantenham. Isto indica que as espécies que estão em destaque no presente estudo poderão mudar no futuro, alterando a estrutura fitossociológica da comunidade. As informações obtidas neste estudo são úteis para embasar a escolha das espécies mais adequadas para ações de manejo e recuperação de áreas degradadas e de reserva legal da região. |
Palavras-chave: Estrutura da vegetação, Cerrado típico, Serra da Jibóia. |