63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
APRENDIZAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS (ABE) E O TRABALHO EXPERIMENTAL: UMA ANÁLISE DA AÇÃO DOCENTE EM UM CURSO DE FÉRIAS EM CASTANHAL (PA)
Josiane do Socorro da Silva Pinto 1
Adriana Edizia Sousa dos Reis Costa 2
João Manoel da Silva Malheiro 3
1. Campus Universitário de Castanhal. Fac. Licenciatura Plena em Letras- UFPA
2. Campus Universitário de Castanhal. Fac. Licenciatura Plena em Letras- UFPA
3. PROF. Dr./ Orientador - PPGECM/ UFPA
INTRODUÇÃO:
Em sala de aula, envolvendo atividades investigativas, o ensino/aprendizagem restringi-se as situações nas quais as experimentações são pré-determinadas pelo professor baseado nos livros. Esta pesquisa limita-se a verificação de conhecimentos, onde os alunos comprovam o que até então eles conheciam como teoria. Na ABE os alunos: identificam o problema, formulam questões, pesquisam, comprovam suas teses através da experimentação. Portanto, propõe mudanças de atitudes e aquisição de hábitos, numa perspectiva da complexidade/relatividade do conhecimento. Nossa pesquisa objetivou identificar a forma como os discursos apresentados pelos professores para o auditório, acerca das experimentações realizadas durante o Curso de Férias, tomando como base os pressupostos epistemológicos da ABE, foram efetivados. A análise dos dados aponta para necessidade da experimentação nas aulas de Ciências/Biologia, abandonando a “receita de bolo”, que consta no final dos capítulos com o objetivo de “redescobrir” uma teoria/fenômeno, para um modelo de resolução de problemas. É importante que os professores possam se espelhar na forma como os participantes do Curso de Férias propuseram/resolveram os problemas por meio da experimentação para resolver problemas reais durante as aulas de Ciências/Biologia.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa foi realizada durante o X Curso de Férias “Forma, Função e Estilo de Vida dos Animais” (que aconteceu na cidade de Castanhal-PA em janeiro de 2011), fundamentado nos pressupostos da ABE. Participaram quinze professores e trinta alunos do ensino médio. O Curso objetivou dinamizar a forma de fazer dos professores de Ciências pondo em prática a experimentação investigativa baseada em evidências para a reconstrução da aprendizagem, tomando como modelo a resolução de problemas. Os cursistas foram estimulados a fazer perguntas/problemas que normalmente não utilizam em sala de aula (formulação do problema), levantar hipóteses (sugerir respostas/soluções), levando em consideração que as ações estarão sujeitas à comprovação experimental para a resolução do problema. Os momentos das socializações realizadas pelos professores acerca das atividades experimentais realizadas, além das conversas informais com os professores sobre a forma como os participantes propõem e resolvem problemas através de atividades experimentais durante o Curso e a maneira que com eles realizam as experiências em sala de aula, foram videogravados e as falas transcritas para análise de acordo com os fundamentos da ABE.
RESULTADOS:
As transcrições dos argumentos docentes acerca da forma como realizam a experimentação com seus alunos nas aulas de Ciências/Biologia, evidenciou que trabalham aquelas que constam no livro didático, como pode ser evidenciado na fala do professor-1 quando destaca que “depois que encerramos determinado capítulo… partimos para fazer as experiências que estão ali... no finalzinho do capítulo”. O professor destaca aquilo que se pode considerar receita de bolo, a qual busca apenas a confirmação de uma teoria e não uma aprendizagem. O professor-2 anuncia que “os alunos ficam muito interessados e aprendem o método científico na prática… podem confirmar a teoria na prática” o que confirma os pressupostos da ABE. Observamos que, neste caso, quando o trabalho experimental investigativo ocorre na forma de “receita de bolo” os alunos são apenas condicionados a realizar os experimentos sem as devidas reflexões sobre os “como” e os “porquês” das ações realizadas. Além disso, as relações específicas dos dados empíricos diretamente observados na experimentação e obedecendo a uma lógica interna que ajudava os professores a compreender o trabalho do cientista e suas possibilidade de contextualização em sala de aula, para a resolução de problemas reais na verdade não aconteciam.
CONCLUSÃO:
De acordo com as análises realizadas, podemos constatar que, a forma como os professores utilizam a experimentação, ao contrário do que realizaram durante o Curso, objetivam reforçar uma teoria previamente trabalhada em classe. O professor atua como transmissor e os alunos como receptores que assimilam o que foi repassado, sem saber como se chegou ao resultado. Por outro lado, apontam que os estudantes mostram interesse pela ação, fato que pode acontecer simplesmente por ter “inovado”, não ministrando aula utilizando apenas quadro-giz. O importante é o professor não perder de vista que a experimentação para a resolução de um problema, tomando por base o trabalho experimental investigativo postulado pela ABE, aproximando-se da forma como os cientistas investigam os problemas previamente propostos, o que ajuda os alunos a pensarem coerentemente. Reafirmamos, que nesta perspectiva, os professores precisam estar comprometidos com a inovação, responsabilizando-se, pela avaliação contínua da sua própria prática, o que só será possível se houver uma inter-relação entre trabalho docente-escola-estudantes. Nesse sentido os cursos de formação continuada para os educadores, podem ser uma estratégia de aprimorar a forma de fazer dos professores de Ciências/Biologia.
Palavras-chave: Ensino de Ciências, Aprendizagem Baseada em Evidencias, Experimentação..