63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada |
Criptococose em Hospital Universitário do Mato Grosso do Sul: etiologia e perfil de susceptibilidade |
Ágata Nogueira D’Áurea Moura 1 Chrystiane Rodrigues Pasa 2 Fernanda Luiza Espinosa Spositto 3 Marilene Rodrigues Chang 4 |
1. Aluna do Curso de Farmácia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS 2. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste 3. Laboratório de Microbiologia do Departamento de Farmácia e Bioquímica/ UFMS 4. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Farmácia e Bioquímica/UFMS |
INTRODUÇÃO: |
A criptococose é uma micose sistêmica que acomete indivíduos imunocompetentes e pacientes imunodeprimidos, em especial aqueles com síndrome da imunodeficiência adquirida. A doença é causada por Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii, leveduras capsuladas que possuem especial tropismo pelo sistema nervosos central. A prevalência e incidência da criptococose no Mato Grosso do Sul são pouco conhecidas. O objetivo deste estudo foi determinar a frequencia de isolamento e a susceptibilidade de C. neoformans e C. gattii em pacientes atendidos em hospital terciário de Mato Grosso do Sul, assim como a avaliação do comportamento epidemiológico e a evolução clínico-terapêutica de casos de criptococose em portadores e não portadores de HIV. |
METODOLOGIA: |
Pesquisa de natureza descritiva quantitativa, observacional com estudo do tipo série de casos. Foram incluídos pacientes atendidos no Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HU/MS) com diagnóstico de criptococose entre agosto de 2009 e julho de 2010 e que tiveram resultado de cultura positiva. O diagnóstico laboratorial foi feito pelo exame micológico direto com tinta nanquim e cultura em agar Sabouraud dextrose e agar Níger. A identificação da levedura foi feita pelo meio de Canavanina-glicina-azul de bromotimol. Dados demográficos, clínicos, condições de risco e evolução foram obtidos por meio de entrevista com o paciente ou acompanhante e consulta de prontuários. A susceptibilidade aos antifúngicos foi determinada por técnica de microdiluição em caldo padronizada. Os antifúngicos testados foram: anfotericina B, fluconazol e itraconazol. A concentração inibitória mínima (CIM) foi determinada após incubação a 35ºC por 48 h. Essa pesquisa foi aprovada no Comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Os resultados obtidos foram tabulados no programa Excell e analisados no Epiinfo 3.32. |
RESULTADOS: |
Foram registrados 14 casos de criptococose. A idade dos pacientes variou de 26 a 97 anos com mediana de 46 anos. A doença foi mais freqüente em pacientes do sexo masculino (71,4%). Cerca de 57,1% tinha AIDS. Esses dados corroboram com dados da literatura. Três pacientes residiam na zona rural, o que reforça a idéia de que o fungo está bem adaptado às cidades. A maioria (13) era procedente do próprio estado. Similar a outros estudos, meningoencefalite (50%) foi a síndrome clínica mais freqüente. Criptococose cutânea primária foi observada em dois pacientes. Os principais sinais e sintomas foram: emagrecimento (49,9%), febre, cefaléia, e vômito (35,7% cada). Quanto à etiologia, 71,4% era C. neoformans e 28,6% C. gattii. A frequência de óbitos foi 50%. Para anfotericina B a CIM variou de 0,25 a 1g/mL, para fluconazol de 0,5 a 4g/mL e para itraconazol de 0,06 a 0,5g/mL. No teste in vitro, todos foram sensíveis à anfotericina B e ao fluconazol. Frente ao itraconazol todos C. neoformans foram sensíveis. Duas cepas de C. gattii foram consideradas sensível-dose-dependentes para o itraconazol. Esses dados sugerem que a anfotericina e o fluconazol podem ser considerados boa opção terapêutica para tratar os pacientes com criptococose na região sul-matogrossense. |
CONCLUSÃO: |
A criptococose observada neste estudo apresentou-se com comportamento semelhante ao descrito na literatura, sendo a maioria dos casos de infecção por C. neoformans em pacientes com AIDS e em 66,7% dos imunocompetentes a criptococose foi causada por C. gattii. A despeito do tratamento e sensibilidade das drogas antifúngicas in vitro, a criptococose continua associada à elevada taxa de morbiletalidade, principalmente em pacientes imunocomprometidos. |
Palavras-chave: criptococose, Cryptococcus neoformans, suscetibilidade antifúngica. |