63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 4. Farmacotecnia
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SISTEMAS LÍQUIDO-CRISTALINOS
Silas Arandas Monteiro e Silva 1
Gislaine Ricci Leonardi 1;2
1. UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - UNIMEP
2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP - Campus Diadema
INTRODUÇÃO:
Os sistemas capazes de promover uma liberação diferenciada de compostos ativos ao organismo são descritos como Sistemas de Liberação. Dentre estes se destacam os sistemas microemulsionados que podem constituir-se de estruturas líquido-cristalinas. Os cristais-líquidos se caracterizam por apresentarem características do estado sólido, bem como do estado líquido. Misturas constituídas de fase aquosa, fase oleosa e agentes surfactantes representam formas de se obter sistemas microemulsionados líquido-cristalinos. Explorar diferentes compostos que possam representar uma das fases do sistema microemulsionado pode atribuir à este produto inúmeras vantagens que se compreendem desde de sua estabilidade química até sobre aspectos terapêuticos e cosméticos. Destaca-se neste contexto a contribuição e influência exercida pelas fases oleosas e pelo tensoativo na obtenção de microemulsões, sobre o conceito de estabilidade de emulsões de Bancroft. Inúmeras vantagens referentes à aplicação de microemulsões constituídas de Cristais Líquidos vêm sendo descritas na literatura científica, dentre as principais se destacam: Aumento do poder hidratante de fórmulas cosméticas; aumento da estabilidade de sistemas emulsionados; obtenção de comportamente reológico tixotrópico; entre outros. Baseando-se nestas premissas, , este trabalho tem como objetivo desenvolver SLCs microemulsionados, bem como caracterizá-los frente as seus aspectos físico-químicos.
METODOLOGIA:
Foram desenvolvidos dez combinações de constituintes representantes das respectivas fases aquosa, oleosa e de surfactantes visando a obtenção de microemulsões descritas como sistemas líquido-cristalinos. Para o preparo destas formulações utilizou-se a técnica de titulação aquosa, ou seja, adicionou-se a fase oleosa ao tensoativo, seguido da adição crescente e gradual da fase aquosa, realizando-se a homogenização. Para a determinação das respectivas quantidades em (%) da fase aquosa, fase oleosa e tensoativo pertencente a um determinado sistema (proposta de combinação de fase aquosa; oleosa e tensoativo) recorreu-se a construção de diagramas pseudoternários. Obedecendo-se a construção do diagrama pseudoternário no desenvolvimento de formulações, pôde-se obter 36 formulações (pontos) de cada sistema proposto, sendo estas acondicionadas em temperatura ambiente (25ºC ± 2). As microemulsões obtidas foram analisadas em microscópio de luz polarizada para investigação de CLs. Estas formulações também foram analisadas quantos seus parâmetros físico-químicos (pH e condutividade elétrica). Ao preparo dos sistemas emulsionados foram empregados como fase aquosa: água destilada; extrato glicólico de guaraná; extrato glicólico de kiwi e extrato glicólico de hera. As fases oleosas foram constituídas de óleo vegetal de castanha-do-pará; óleo de maracujá e óleo de pequi. Os surfactantes empregados correspondem ao Monooleato de sorbitano e Monolaurato de Sorbitano etoxilado 20 e PEG-5.
RESULTADOS:
Para os dez Sistemas propostos, microemulsões (MEs) foram obtidos no T24h somente com elevadas concentrações de Tensoativos. Desta forma, evidencia-se que o uso de diferentes tensoativos e de misturas de tensoativos, em diferentes proporções, pode favorecer a obtenção destes sistemas. Considerando a análise microscópica, pôde-se observar que todas as MEs demonstraram a formação e manutenção até o tempo 30 dias, de cristais líquidos (CLs). Estes cristais apresentaram estruturas lamelares, descritas como “Cruzes de Malta”. A presença de estruturas líquido-cristalinas numa ME pode contribuir sobre muitos aspectos. Dentre os principais destacam-se a melhora da estabilidade físico-química do sistema, o aspecto visual; a proteção à foto e termodegradação; o aumento na hidratação cutânea. Estudos ainda relatam que sistemas líquido-cristalinos com estruturas lamelares demonstram favorecer a estabilidade do sistema emulsionado. A estabilidade conferida ao sistema pela formação de cristais líquidos do tipo lamelar pode aumentar a estabilidade do sistema de um período de 5 dias para tempos superiores a 30 dias. O uso de diferentes constituintes vegetais como fase aquosa e oleosa de MEs conferem à estas propriedades funcionais inerentes aos compostos que podem atuar terapeuticamente e cosmeticamente em sinergismo com outros ativos. Quanto a caracterização físico-química não se observou variações bruscas nos parâmetros analíticos tratados como pH e condutividade elétrica.
CONCLUSÃO:
Microemulsões constituídas de óleos vegetais e extratos glicólicos vegetais pôdem ser obtidas em regiões do diagrama pseudoternário cuja concentração de tensoativos se situam na faixa de 70-90%, sendo que os sistemas microestruturados obtidos, representam possibilidades de sistemas de liberação possíveis de serem explorados para veicular novas moléculas de compostos ativos e contendo compostos ativos inerentes aos componentes constituintes de suas próprias fases aquosas e oleosas. As ME ainda se caracterizaram como sistemas providos de cristais líquidos que lhes atribuem inúmeras vantagens técnicas, cosméticas e farmacêuticas.
Palavras-chave: Sistemas Líquido-Cristalinos, Cristais Líquidos, Microemulsões.