63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
MANEJO DE RESÍDUOS GERADOS NA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR EM UNIDADES DE ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA DO DISTRITO SANITÁRIO LESTE DA CIDADE DE GOIÂNIA
Fabiana Ribeiro de Rezende 1
Adenícia Custódia Silva e Souza 2
Anaclara Ferreira Veiga Tipple 3
Sergiane Bisinoto Alves 4
Érika Rodrigues Goulart 5
Katiane Martins Mendonça 6
1. Faculdade de Enfermagem – UFG
2. Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Enfermagem – UFG
3. Profa. Dra. - Faculdade de Enfermagem – UFG
4. Me. - Faculdade de Enfermagem – UFG
5. Faculdade de Enfermagem – UFG
6. Me. - Faculdade de Enfermagem – UFG
INTRODUÇÃO:
A maioria dos resíduos de serviços de saúde (RSS) representa riscos às pessoas e ao ambiente. Esses riscos podem ocorrer desde a geração até a sua disposição final. Na assistência domiciliar, que vem aumentando desde a implantação da Estratégia Saúde da Família, também há a geração de resíduos e os riscos inerentes a eles. Assim, compreender como ocorre o manejo de resíduos gerados no atendimento domiciliar pode contribuir efetivamente para a adoção de medidas de prevenção e atenuação dos possíveis impactos à saúde das pessoas, dos profissionais e do ambiente. Sendo assim, o objetivo do estudo foi analisar o manejo dos resíduos gerados pela assistência domiciliar das Unidades de Atenção Básica a Saúde da Família (UABSF) de um Distrito Sanitário da cidade de Goiânia, identificar os tipos de resíduos gerados e verificar sua segregação e transporte até a unidade.
METODOLOGIA:
Pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, realizada em oito UABSF que têm 28 equipes de saúde da família, sendo incluídas aquelas que realizaram, no domicílio, algum procedimento que gerou resíduos sólidos durante o período de coleta de dados. A coleta de dados foi realizada por meio de observação direta, durante a realização de procedimentos. Os dados foram registrados em um check list previamente construído segundo as recomendações da RDC 306. O projeto foi analisado e aprovado por um comitê de ética. A participação dos sujeitos ocorreu mediante o aceite pela assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram processados no programa SPSS, analisados por meio de estatística descritiva (medidas de frequência simples), agrupados em forma de tabelas e relacionados com as normas regulamentadoras.
RESULTADOS:
Foram realizadas 41 visitas, e observados 63 procedimentos, 14 (22,2%) realizados por profissionais de saúde e 49 (77,8%) por usuários/cuidadores. Os resíduos gerados foram: seringas (38,1%), agulhas (36,5%), esparadrapo (31,7%), gazes (31,7%) e lancetas (28,5%). Resíduos dos grupos A e D, não foram segregados pelo profissional, nem pelo usuário/cuidador. O acondicionamento foi realizado pelos profissionais e pelo usuário/cuidador, em sacos de lixo preto, sacos plásticos transparente, sacolas de supermercado, e na lixeira do usuário. Resíduos do grupo E foram gerados em 77,5% dos procedimentos executados por usuários e/ou cuidadores. A segregação destes ocorreu apenas em 4 (10,5%) procedimentos, nos quais os clientes acondicionaram e armazenaram os perfurocortantes em garrafas pet, levando para descarte na UABSF. Os perfurocortantes foram gerados pelos profissionais em 5 (35,7%) procedimentos e em todos a segregação foi realizada conforme a RDC nº 306. Os resíduos do grupo A gerados pelos profissionais, em 6 (42,8%) procedimentos foram deixados no domicílio e armazenados junto com o lixo domiciliar. Em 7 (50%), foram levados para a UABSF. Os usuários e/ou cuidadores não transportaram os resíduos dos grupos A à UABSF, armazenando-os sempre junto aos resíduos domiciliares.
CONCLUSÃO:
Os serviços de assistência domiciliar não têm adotado o gerenciamento adequado de RSS. Apesar de parte desses resíduos serem potencialmente infectantes (grupo A) e/ou perfurocortantes (grupo E), na maioria das vezes, são desprezados junto com o lixo doméstico e como tal, acondicionados e coletados como resíduos comuns (grupo D), expondo a riscos de acidentes com material biológico, tanto a família e a comunidade, quanto os profissionais de saúde e os trabalhadores da coleta pública de resíduos. Faz-se necessária a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) que englobe os resíduos gerados nesse tipo de assistência, a qualificação dos profissionais e usuários e/ou cuidadores para o manejo adequado e a disponibilização de recursos materiais necessários para o gerenciamento desses resíduos. Entendemos que para um PGRSS ser operacionável e não ficar apenas na formalidade burocrática, a sua elaboração deve prever ampla discussão envolvendo gestores dos serviços, profissionais que atuam na assistência no domicilio, usuários e cuidadores e, ainda, gestores e profissionais que atuam na coleta pública de resíduos dos serviços de saúde.
Palavras-chave: Assistência Domiciliar, Resíduos de Serviços de Saúde, Gerenciamento de Resíduos.