63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
TRANSFORMAÇÃO DE DADOS COM EXCESSO DE ZERO EM EXPERIMENTOS COM A CULTURA DA ABOBRINHA ITALIANA
Fernando Machado Haesbaert 1
Alessandro Dal’Col Lúcio 2
Daniel Santos 3
Diogo Vanderlei Schwertner 3
Rélia Rodrigues Brunes 4
1. Curso de Agronomia - UFSM
2. Prof. Dr./Orientador - Depto de Fitotecnia - UFSM
3. Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Mestrado - UFSM
4. Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Doutorado - UFSM
INTRODUÇÃO:
A presença de variáveis que apresentam como resultados o valor zero, como é o caso de experimentos com culturas olerícolas com múltiplas colheitas nas quais nem todas as plantas apresentam frutos aptos a serem colhidos em determinada colheita, a eficácia das transformações fica prejudicada devido à presença de superdispersão que, segundo Borgatto et al. (2006), pode ocorrer devido à variabilidade da média e ao excesso de zero. O uso de transformações de variáveis é necessário em muitos casos para que se possa atingir a homocedasticidade na análise de variância e atender as pressuposições do modelo matemático utilizado.
Na produção olerícula, são avaliadas variáveis, tais como a fitomassa e o número de frutos, mas essas variáveis apresentam uma característica particular que está relacionada com sua ausência ou presença no momento da colheita, sendo representados por valores zeros, para essas variáveis, gerando variabilidade e afetando a análise de variância. Desta maneira este trabalho teve por objetivo buscar uma transformação para as variáveis observadas em experimentos com a cultura da abobrinha italiana, realizados em ambiente protegido, visando estabilizar a variabilidade gerada pela presença de valores zeros nas múltiplas colheitas dos frutos.
METODOLOGIA:
Dados de um experimento com abobrinha italiana, conduzido em dois túneis plásticos no Departamento de Fitotecnia da UFSM em 04/05, em duas épocas verão/outono e inverno/primavera. Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, avaliando-se as variáveis respostas fitomassa e número de frutos.
Utilizou-se a metodologia Box-Cox (BOX & COX, 1964), com uma adaptação de Yamamura (1999) somando uma constante c = 0,5, para encontrar a transformação que estabilize a variância. A transformação Box-Cox acrescida da constante c = 0,5 chega-se as expressões: f(y)=((y+0,5)λ-1)/λ, para e ƒ(y)=ln(y+0,5), para λ=0. Para determinar o estimador de máxima verossimilhança (Lmax), substituiu-se a soma de quadrados residual (SSE(λ)), encontrada para cada valor de λ, na expressão Lmax(λ)=-(n/2)ln((SSE(λ))/n.
O melhor λ foi o que maximizou o Lmax e realizou-se a ANOVA e o teste de Bartlett, para cada variável transformada, para conferir se o uso da transformação foi adequada para homogeneizar a variância.
RESULTADOS:
A ocorrência de valores zero obtidos para número e a fitomassa de frutos de abobrinha italiana, variou em torno de 40% no inverno/primavera e 60% no verão/outono.
Após transformação, o comportamento das variáveis foi bastante similar, sendo que para a fitomassa de frutos, houve uma redução no CV% acima de 90%, e para o número de frutos em torno de 80%.
Ao se aplicar a transformação na variável acrescida da constante, observou-se uma redução no coeficiente de variação, em comparação ao da variável original + 0,5, indicando uma redução da variabilidade dos dados.
O valor da potência λ que minimiza a raiz do quadrado médio do erro (RQME) foi de 0,25, indicando que a melhor transformação para as variáveis-resposta foi a raiz quarta, para ambas as variáveis, devido a sua relação direta.
Embora a transformação tenha reduzido a variabilidade dos dados, os testes para a homogeneidade de variâncias demonstram que o uso da transformação não foi suficiente para tornar os dados homocedásticos.
CONCLUSÃO:
A variabilidade gerada por dados com excesso de zero, em experimentos com a cultura da abobrinha italiana, é extremamente difícil de contornar. Mas, adotando-se métodos de transformação adequados, consegue-se reduzir as diferenças em termos percentuais do coeficiente de variação. Sendo que para a fitomassa de frutos, houve uma redução no coeficiente de variação acima de 90%, e para o número de frutos essa redução ficou acima de 80%, para ambas as épocas de cultivo.
Existe a necessidade de transformações de dados com ocorrência de excesso de zeros para diminuir a variabilidade, sendo assim, tem-se que para abobrinha italiana, a transformação indicada é a raiz quarta.
Palavras-chave: Abobrinha italiana, Transformação de dados, Análise de variância.