63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 6. Recursos Florestais e Engenharia Floresta
EFEITOS DA TEMPERATURA E LUMINOSIDADE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE INGÁ (Inga cylindrica (Vell.) Mart.) COLETADAS DE FRUTOS EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO
Michelle Carmelinda Pegorini Bordini 1
Lamartine Soares Bezerra Oliveira 2
Fábio Mesquita de Souza 3
1. Doutoranda - Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais - UnB
2. Doutorando - Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais - UnB
3. Mestrando - Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais - UnB
INTRODUÇÃO:
O avanço da pressão sobre a biodiversidade, no decorrer das últimas décadas, tanto através do desmatamento de vegetação nativa para fins agropecuários, como da extração de matéria-prima para suprir as necessidades da indústria, tem exaurido os recursos naturais das regiões exploradas. A solução para reverter este cenário são os plantios de recuperação das áreas degradadas, e, neste caso, as sementes constituem o ponto de partida na produção das mudas.
Para se determinar a qualidade das sementes, um dos meios utilizados é o teste de germinação, que pode ser realizado sob diferentes condições experimentais. Onde a temperatura e a luz estão entre os fatores ambientais que mais influenciam o processo de germinação, que compreende uma série de eventos fisiológicos, desde a emergência do embrião ao desenvolvimento de uma plântula normal. Neste sentido, a temperatura pode modificar a velocidade das reações bioquímicas na semente, afetando a velocidade e percentual final de germinação. Já a exigência de luz, pode influenciar positiva ou negativamente na germinação das sementes, ou ainda, apresentar comportamento indiferente a ela.
As informações acerca da germinação de Inga cylindrica (Vell.) Mart, são escassas ou inexistentes, dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da temperatura e luminosidade na germinação de sementes de I. cylindrica coletadas de frutos em diferentes estádios de maturação.
METODOLOGIA:
Foram coletados frutos de I. cylindrica de dez árvores matrizes encontradas em área urbana de Brasília-DF (15º48’S e 47º55’W), estes apresentavam diferentes estádios de maturação, caracterizados por duas colorações de casca aparentes: verde (coletados da árvore) e marrom-amarelada (coletados no chão). As sementes foram beneficiadas manualmente, através da remoção da casca e posterior retirada da sarcotesta em água corrente com auxílio de uma peneira.
O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília, em que as sementes foram divididas em dois grupos conforme o estádio de maturação do fruto e colocadas para germinar em caixa tipo gerbox com algodão umedecido com água destilada, sendo submetidas a duas temperaturas (25ºC e 20-30ºC) e duas condições de luz (ausência e presença). Foi adotado delineamento inteiramente casualizado para o teste de germinação, em arranjo fatorial 2 x 2 para cada estádio de maturação, com oito repetições de seis sementes por tratamento, totalizando 384 sementes. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
Nos frutos de I. cylindrica, principalmente os coletados no chão, verificou-se presença de pragas, que danificaram cerca de 65% e 10,4% das sementes dos frutos marrom-amarelados e dos frutos verdes, respectivamente. Tal fato pode ser explicado tanto devido aos açúcares presentes na polpa que envolve a semente (sarcotesta), como pela antropização da área que reflete numa condição de stress para as plantas, diferente da sua área de ocorrência natural. Estes fatores favorecem o aparecimento de fauna, desde interações benéficas, como polinizadores e dispersores, como também atrativas à ocorrência de pragas pela maior disponibilidade de frutos.
As sementes de I. cylindrica iniciaram o processo de germinação, caracterizado pela protrusão da raiz primária, no terceiro dia após implantação do experimento e estabilizaram no sexto dia. As médias de germinação obtidas variaram de 87,5 a 100%.
Foi observada diferença estatística significativa apenas para a germinação das sementes oriundas de frutos marrom-amarelados e temperatura constante (25ºC), onde a presença de luz proporcionou média superior à germinação quando comparada a ausência de luz, aproximadamente 98 e 88%, respectivamente.
Após analisado os valores médios totais da germinação entre sementes, oriundas de diferentes estádios de maturação, o percentual germinativo verificado foi de 98,44% das sementes de frutos verdes, as quais são superiores estatisticamente, as sementes de frutos marrom-amarelados, 92,19%.
CONCLUSÃO:
O estádio de maturação dos frutos é uma característica a ser considerada para I. cylindrica, onde se recomenda a coleta dos frutos ainda com coloração verde, para evitar a coleta de sementes atacadas por pragas.
As sementes I. cylindrica oriundas de frutos com coloração marrom-amarelada e com coloração verde apresentaram ótimo percentual de germinação tanto nas temperaturas constante e alternada, bem como na presença ou ausência de luz.
Palavras-chave: Tecnologia de sementes, Semente florestal, Percentual de germinação.