63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SAMAMBAIAS EM MATA DE GALERIA DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA AZUL, BARRA DO GARÇAS, MT
Carlos Kreutz 1
Ana Clara Abadia Rodrigues de Sousa 2
Sanderson Figueiredo dos Santos 2
Ricardo Firmino de Sousa 1
Maryland Sanchez 3
1. PPG - Ecologia e Conservação, Campus Universitário de Nova Xavantina, UNEMAT
2. Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Campus do Pontal do Araguaia, UFMT
3. Profa. Dra. / Orientadora – Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, UFMT
INTRODUÇÃO:
O Cerrado abriga aproximadamente um terço da flora de samambaias e licófitas do Brasil. Nos estratos inferiores das matas de galeria, pode ser encontrada uma ampla diversidade de espécies de samambaias e licófitas. Sua distribuição no ambiente é influenciada principalmente por diferentes condições de luminosidade, umidade e temperatura. O conhecimento dos padrões de distribuição espacial das espécies é fundamental para se obter descrições precisas da biologia das espécies, juntamente com estudos de fatores bióticos e abióticos envolvidos nos arranjos espaciais, no entanto, trabalhos dessa natureza são ainda escassos no Brasil. Em geral, as espécies vegetais podem apresentar três padrões de distribuição espacial: agregada, uniforme ou aleatória. Este estudo teve por objetivo analisar o grau de agregação de samambaias em áreas de mata de galeria com diferentes características ambientais.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no Parque Estadual da Serra Azul, município de Barra do Garças-MT, que apresenta um clima do tipo Aw, pela classificação de Köppen, com duas estações bem definidas. A mata de galeria estudada é pertencente ao córrego Encosta (15º51’18”S e 52º16’41”W) que possui cerca de 1km de extensão e encontra-se na região sudoeste do Parque. Possui mata de galeria preservada em toda a sua extensão, encontrando-se em terrenos íngremes perto da nascente e mais planos na foz. Foram demarcadas cinco parcelas de 20x50m, subdivididas em 10 sub-parcelas de 10x10m, totalizando 0,5ha de área. O material botânico foi coletado e identificado de acordo com bibliografia especializada. Para as análises da distribuição espacial das espécies foi utilizado o Índice de Agregação, sendo para isso anotado a abundância de cada espécie em cada sub-parcela. Não foram consideradas espécies com abundância inferior a 10 indivíduos. Segundo o Índice de Agregação, valores acima de 1 indicam distribuição agregada, menores que 1 distribuição homogênea e igual a 1 distribuição aleatória. O Índice de Agregação foi calculado no programa estatístico SADIEShell 1.2. Para visualizar áreas com concentração ou ausência de indivíduos foram produzidos mapas de distribuição por meio do programa Surfer 8.
RESULTADOS:
Foram registrados 4.347 indivíduos em toda a área de estudo, pertencentes a 10 espécies, seis gêneros e seis famílias. A abundância de samambaias por parcela variou entre 2.135 e 173 indivíduos. Apenas Adiantum deflectens (Ia=2,111; p=0,0002) na parcela 1 e Anemia phyllitidis (Ia=1,622; p=0,01) na parcela 3, apresentaram distribuição espacial significativamente agregada. As outras espécies não apresentaram distribuição espacial significativamente diferente da aleatória. O padrão aleatório predominante pode ser explicado pela pequena variação de luminosidade, umidade e características edáficas tornando o ambiente homogêneo e com condições favoráveis para o estabelecimento das populações, fazendo com que estas apresentem distribuição espacial mais próxima da aleatoriedade. Entretanto, as duas populações que apresentaram distribuição agregada, certamente estão sofrendo influência de algum fator climático ou espacial. A agregação de A. deflectens deve estar sendo influenciada pela presença de rochas no solo, o qual é considerado um substrato preferencial para a espécie. Já A. phyllitidis, pode estar apresentando distribuição agregada na parcela 3 devido à inclinação do terreno e umidade do solo.
CONCLUSÃO:
A distribuição espacial das populações de samambaias na mata de galeria estudada sugere que as condições ambientais não são restritivas para a maioria das espécies ocasionando a distribuição espacial aleatória. Esse padrão reforça que as matas de galeria são os ambientes preferenciais das samambaias no Cerrado e que a conservação dessas matas é essencial para a manutenção da diversidade da referida flora.
Palavras-chave: Cerrado, Índice de Agregação, Monilophyta.