63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
NOVAS TEORIAS E NOVAS PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Ana Paula de Oliveira 1
Amarildo Luiz Trevisan 2
1. Acadêmica do Curso de Pedagogia Licenciatura Plena- Centro de Educação- UFSM
2. Prof. Dr. do Programa de Pós-Graduação em Educação- UFSM
INTRODUÇÃO:
O presente artigo é um estudo de um projeto mais amplo, intitulado “Teoria e Prática da Formação no Reconhecimento do Outro”, vinculado ao Grupo de Pesquisa Formação Cultural e Hermenêutica (GPFORMA- www.ufsm.br/gpforma), coordenado pelo Prof. Dr. Amarildo Luiz Trevisan (UFSM/PPGE). O projeto em questão procura aproximar o seu foco de interesse do campo da formação de professores no Brasil, repensando o deslocamento da linha de discussão do pólo da teoria para o pólo da prática, ou seja, do “dever ser” ao “fazer” do professor, procurando acompanhar a mudança de paradigma que norteou o surgimento da compreensão moderna do conhecimento.
Neste projeto de pesquisa pretendemos, primeiramente, debater o porquê da dificuldade das políticas de formação de professores em aliar teoria e prática, privilegiando a prática, problematizando a virada na compreensão moderna do conhecimento. E, segundo, propor uma reformulação da compreensão desta dicotomia baseado nos preceitos de uma Filosofia da Educação inspirada na teoria do reconhecimento social do outro, procurando evitar as armadilhas do compromisso com as instâncias teológico-metafísicas do contexto que ela foi gestada. O intuito é despertar a formação em seu compromisso histórico-hermenêutico com a sabedoria, com vistas a denunciar os estreitamentos reflexivos a que a formação de professores ficou submetida nesta proposta.
METODOLOGIA:
Este artigo propõe discutir a ideia da reformulação do dilema teoria e prática, desenvolvido pela educação brasileira, enquanto cristalizado nas normativas sobre a formação de professores, a partir da reflexão sobre uma Filosofia da Educação inspirada na teoria do reconhecimento social do outro. Para o tratamento do tema a hermenêutica reconstrutiva é uma abordagem emergente no campo da educação que serve aos propósitos dessa pesquisa, na medida em que ela surge como uma espécie de síntese de elementos positivos das precedentes. Nessa abordagem o sujeito é comunicativo e busca o consenso. Essa compreensão se dá pela reflexão intersubjetiva dos problemas do mesmo mundo, que não é compreendido quando apropriado abstrata ou tecnicamente, mas na sua relação com ele. Nesse contexto, os significados resultam dos acordos construídos pragmaticamente por uma comunidade de argumentação, estando o caráter crítico na aceitação ou não das pretensões de validade do declarante. Assim, o outro passa a ser a categoria central das pesquisas e, por isso, essas investigações surgem como reação às metodologias de caráter objetificador, que a tudo submete ao controle e a homogeneização.
RESULTADOS:
Até o momento, evidenciamos que a articulação entre teoria e prática proposta nos cursos de licenciaturas pela legislação procura equacionar diversos aspectos envolvidos nessa implicação, tanto relativo aos projetos pedagógicos, quanto curriculares e o problema dos estágios. Entretanto, ao instituir a noção de competências como o eixo central das discussões no âmbito educacional, esses aspectos compartilham a mesma preocupação: privilegiar a prática em detrimento da teoria.
Ao final de dois anos de execução do projeto de pesquisa esperamos ver consolidados os seguintes resultados: Organização de um arquivo físico sobre pesquisas que articulam a relação entre teoria e prática na Formação de Professores sob o ponto de vista da Filosofia da Educação, mapeados em seus apontamentos e supostos epistemológicos e ontológicos; Organização das referências em forma de arquivo digital das mesmas fontes, a ser disponibilizado na Internet; Construção de um acervo bibliográfico com as produções desses pesquisadores sobre o tema; Realização do IV SENAFE – Seminário Nacional de Filosofia e Educação: Confluências, reunindo diversos pesquisadores interessados sobre a temática da formação.
CONCLUSÃO:
Por ser um projeto ainda em fase de levantamento bibliográfico, não é possível delimitarmos conclusões mais profundas, mas apenas algumas considerações importantes. Em função das críticas à base teórica da legislação sobre a formação de professores, queremos por em discussão a ideia do reconhecimento social do outro, como forma de melhor compreender a relação entre teoria e prática na formação do professor. Por um lado, a teoria se não impelir à ação, torna-se vazia e sem sentido para o mundo em que vivemos. Por outro, a prática concebida como um agir empírico e sem princípios, absolutiza a idéia de que é a partir da prática que se origina os alicerces epistemológicos do exercício docente. Contudo, com a compreensão da virada da prática no campo do conhecimento moderno há um fortalecimento da instância teórica, desde o momento em que a primeira revela a segunda a fragilidade do seu domínio absoluto, porém distanciado do real. Nesse caso, ao invés de competências no campo pedagógico, propomos repensar a ideia do reconhecimento social do outro, que oferece ganhos no sentido propedêutico, ao preparar o terreno para evitar a ocorrência de anomalias na compreensão do processo.
Palavras-chave: Teoria, Prática, Formação de Professores.