63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
ANÁLISE COMPARATIVA DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA SEIVA , ÓLEO E FRAÇÕES DA ESPÉCIE VIROLA SEBÍFERA
Heloisa Pereira Barreto 1
Eduara Pavan 1
Kelen Monik Gomes da Silva 1
Rafaela de Freitas Martins Felicio 1
Lucélia Campelo de Albuquerque Moraes 1
1. Universidade Federal de Mato Grosso
2. Profa. Ms./orientadora- Depto de Biomedicina -UFMT
INTRODUÇÃO:
A Virola sebifera é uma planta nativa do cerrado conhecida popularmente como ucuúba-do-cerrado ou mucuíba, pertencente à família Myristicaceae possui ampla distribuição em regiões tropicais. (Rodrigues, 1982). A Virola sebifera é uma espécie arbórea, com brotação contínua ao longo do ano e floração durante o período chuvoso (Fernandes-Bulhão 2002). As populações indígenas utilizam a sua seiva (leite) a qual possui fama popular de curar reumatismo, cicatrizar feridas e escaras. (Le Coite apud Rodrigues, 1972). Das sementes é extraído o óleo utilizado no tratamento de reumatismo, artrite, inflamações, além de ser alvo de estudos científicos no tratamento da doença de Chagas (Cesarino, 2006).
Estudo sobre atividade antimicrobiana de extratos de plantas tem sido relatados em vários países que possuem flora diversificada e pouco ou nada se conhece sobre a ação antimicrobiana de espécies desse gênero (Ahmad & Beg 2001), é esperado descobrir alternativas para desenvolver novos antibióticos. Partindo dessa premissa foi desenvolvido este trabalho, com objetivo de avaliar e comparar a ação antimicrobiana do óleo, seiva e frações da Virola sebífera utilizando as seguintes cepas de microorganismos: S.aureus, P. aeruginosa e E. faecalis.
METODOLOGIA:
Os materiais vegetais em estudo foram extraídos na aldeia indígena do Xingu, ao norte do Estado de MT nas coordenadas geográficas de lat. 12°; 10’; 45.60” S e long. 53°; 08’; 49.86” W. Foi analisado o teste antimicrobiano da seiva, óleo e frações da Virola sebífera contra cepas de S.aureus (ATCC 25923), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853) e Enterococcus faecalis (ATCC 29218).
Os bioensaios de atividade antimicrobiana foram executados no Laboratório de Análises Clínicas da UFMT. Realizou-se a técnica de difusão em Agar pelo método do poço e difusão em disco, os quais são estabelecidos como padrão pelo NCCLS (National Committe for Clinical Laboratory Standards) (Barry & Thornsberry, 1991).
No método de difusão em disco foram utilizados alíquotas da seiva e óleo, e ainda frações da seiva obtidas de um processo de partição líquido-líquido com os solventes: hexano, clorofórmio, acetato de etila e butanol, visando uma semi-purificação das substâncias através de suas polaridades, os mesmos foram dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO). Como controle utilizou-se cloranfenicol. A leitura dos halos de inibição foi realizada em 24 horas. Os halos de inibição do crescimento microbiano foram medidos com auxílio de um paquímetro. A Analise estatística foi realizado pelo ANOVA.
RESULTADOS:
Foi observado no teste de difusão em poços que a ação antimicrobiana da seiva foi significativa (p <0,0204) contra P.aeruginosa quando comparado com o óleo. O crescimento das demais cepas utilizadas não foram inibidas pela seiva e óleo testados pelo mesmo método. Já no teste de difusão em disco utilizando o óleo e a seiva não apresentou atividade antimicrobiana relevante.
No método de difusão em disco utilizando DMSO, quando testado contra E. faecalis teve inibição extremamente significativa (p<0,001) com o Extrato clorofórmio quando comparados aos outros solventes. Entretanto para P.aeruginosa foi considerado significante (p< 0,0316) a inibição quando utilizado o extrato Acetato de Etila. Essa eficácia na ação antimicrobiana das frações da seiva, se deve ao isolamento de compostos obtidos da semi-purificação da seiva bruta, ou seja, a semi-purificação com clorofórmio isolou compostos que inibem o crescimento de E.faecalis, e o mesmo acontece com a semi-purificação com Acetato de Etila que inibe o crescimento de P. aeruginosa.
CONCLUSÃO:
Considerando os resultados obtidos, a seiva de mucuíba teve ação antimicrobiana contra P.aeruginosa e E. Faecalis no método de difusão em poços. No método de difusão em disco não foi obtido resultado significativo com o produto bruto, entretanto, no método de difusão em disco utilizando DMSO houve maior inibição contra P.aeruginosa e E. faecalis quando testados com extrato acetato de etila e extrato clorofórmio. Para o S.aureus testado não foi observado efetividade antimicrobiana em nenhum dos testes supracitados.
Portanto, dentre os produtos avaliados oriundos da espécie Virola sebifera, a seiva se destacou com ótima atividade antimicrobiana contra as espécies de Enteroccus faecalis e Pseudomonas aeruginosa, sendo promissor para futuros testes in vivo o qual pode comprovar sua eficácia contra infecções em ensaios experimentais.
Palavras-chave: Virola sebífera, Pseudomonas aeruginosa, Enterococcus faecalis.