63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia |
PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE APRESENTAM CONCEPÇÕES EQUIVOCADAS SOBRE FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO |
Frederico Oliveira Resende 1 Rodrigo Luiz Vancini 2 Sandra Aparecida Benite-Ribeiro 3 Marilia dos Santos Andrade 4 Antônio Carlos da Silva 5 Claudio Andre Barbosa de Lira 6 |
1. Estudante de Iniciação Científica - Setor de Fisiologia Humana, Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí 2. Departamento de Fisiologia – Universidade Federal de São Paulo 3. Setor de Fisiologia Humana, Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí 4. Departamento de Fisiologia – Universidade Federal de São Paulo 5. Departamento de Fisiologia – Universidade Federal de São Paulo 6. Orientador - Setor de Fisiologia Humana, Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí |
INTRODUÇÃO: |
A fisiologia do exercício vem ganhando notoriedade pelos benefícios que a prática regular do exercício proporciona à saúde e qualidade de vida. É sabido que a prática de exercício melhora a aptidão física por aprimorar as funções muscular, cardiovascular e respiratória. Adicionalmente, de particular interesse para os profissionais da área da saúde, é a diminuição da prevalência de doenças crônicas relacionada ao sedentarismo tais como, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus com a prática regular do exercício. Em virtude do exposto acima, a fisiologia do exercício é considerada uma área multiprofissional com a atuação do enfermeiro, fisioterapeuta, médico, nutricionista e profissional de educação física. Porém, infelizmente, ainda são poucos os cursos de graduação que possuem a disciplina de fisiologia do exercício. Portanto, é possível que esses profissionais apresentem concepções teóricas incompletas e/ou equivocadas sobre a fisiologia do exercício e estas prejudicariam o desempenho profissional e, conseqüentemente, o serviço prestado à sociedade. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar concepções teóricas fundamentais para o melhor entendimento dos conceitos relacionados à fisiologia do exercício entre diferentes profissionais da área da saúde. |
METODOLOGIA: |
Foram analisadas as provas do processo seletivo para ingresso no curso de especialização em Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de São Paulo dos anos de 2006 e 2007. A prova continha 50 questões sobre conceitos de química, biologia, bioquímica, fisiologia humana e fisiologia do exercício. As questões eram de múltipla escolha e somente uma alternativa das quatro apresentadas respondia corretamente ao quesito proposto. Para a execução do estudo, foram selecionadas e analisadas 14 questões sobre fisiologia do exercício. As questões 1, 2, 3 e 4 estavam relacionadas com conceitos e aplicações do consumo máximo de oxigênio (VO2max); as questões 5, 6 e 7 versavam sobre avaliação da aptidão física; as questões 8, 9, 10, 11 e 12 versavam sobre treinamento físico e as questões 13 e 14 relacionavam-se com o desempenho de atletas de alto rendimento. Um total de 349 profissionais (30 ± 5 anos; média ± DP) realizou a prova (93 fisioterapeutas, 48 nutricionistas e 208 profissionais de educação física). Para comparar o desempenho entre as profissões, utilizamos o número de acertos (0 a 14) entre as questões sobre fisiologia do exercício. Diferenças entre os grupos foram estabelecidas pelo teste de Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn. Foi adotado nível de significância de 5%. |
RESULTADOS: |
Não existiu diferença estatisticamente significante no desempenho entre profissionais de educação física, fisioterapeutas e nutricionistas (8,9 ± 2,0; 8,5 ± 2,1; 8,4 ± 2,1; respectivamente). A média de acertos foi de 60%, o que nos levaria a crer que o conhecimento desses profissionais é bom. Entretanto, quando analisamos as questões separadamente, verificamos que os profissionais apresentam concepções equivocadas. Somente 31% dos profissionais sabiam o que é VO2max. Conseqüentemente, os profissionais tiveram dificuldade em responder sobre os usos desse índice (40% de acerto). Sobre a equação de Fick, equação que rege o VO2max, somente 25% acertaram a questão. Apesar deste baixo desempenho nas questões básicas, os profissionais tinham um bom conhecimento sobre a aplicabilidade do VO2max (70% de acertos). Resultados semelhantes foram obtidos para as questões sobre avaliação da aptidão física e treinamento físico (acertos entre 70 e 90%), com exceção para a questão que avaliava o uso do limiar anaeróbio (acertos entre 12 e 20%). Com relação às questões que avaliavam o desempenho de atletas, o desempenho foi baixo na questão sobre economia de movimento (em média, 35% de acerto) e bom para a questão sobre desempenho em altitude elevada (em média, 65% de acerto). |
CONCLUSÃO: |
Nossos resultados indicam a presença de concepções teóricas equivocadas sobre os conceitos de fisiologia do exercício por fisioterapeutas, nutricionistas e profissionais de educação física, sobretudo nas questões de cunho básico. Surpreendentemente, os profissionais de educação física, que em tese apresentariam maior afinidade com o conteúdo teórico da área, não tiveram desempenho superior daquele encontrado entre nutricionistas e fisioterapeutas. Vale mencionar que o exercício físico pode auxiliar na manutenção da saúde e qualidade de vida desde que o mesmo seja bem prescrito, orientado e monitorado. Portanto, tal desconhecimento pode prejudicar o desempenho profissional bem como o serviço prestado à sociedade. Por isso, é conveniente que as matrizes curriculares dos diferentes cursos da saúde contenham a disciplina de Fisiologia do Exercício o que implica em alterações nos projetos político-pedagógicos dos cursos. Adicionalmente, políticas públicas de capacitação para profissionais já formados podem colaborar para a diminuição de concepções equivocadas sobre a fisiologia do exercício em profissionais graduados. |
Palavras-chave: Fisiologia do exercício, Fisiologia, Ensino de fisiologia. |