63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 1. Silvicultura |
DIVERSIDADE DE ESPÉCIES ARBÓREAS DO BAIRRO UNIVERSITÁRIO, EM RIO BRANCO, ACRE, BRASIL. |
Vânia Silva Soares 1,2 Evandro José Linhares Ferreira 1,2 João Bosco Nogueira de Queiroz 1,2 |
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA 2. Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC |
INTRODUÇÃO: |
A arborização é um componente de grande importância na paisagem urbana. Além da função paisagística, ela proporciona outros benefícios à população como proteção contra a ação dos ventos, diminuição da poluição sonora, absorção de parte dos raios solares, sombreamento, ambientação à fauna urbana, diminuição da poluição atmosférica e melhoria da saúde física e mental da população. Um fator relevante na arborização é a escolha das espécies a serem utilizadas. Devem-se considerar as características e peculiaridades de cada local ou ambiente com relação à ocorrência de fiação aérea, tubulação subterrânea e índice de fertilidade e profundidade do solo. Embora os benefícios decorrentes da arborização de uma cidade sejam numerosos, a sua implantação não é tão simples, podendo causar transtornos futuros se não for realizada de forma planejada. Por isso, antes de iniciá-la, é importante realizar um inventário quali-quantitativo da vegetação existente na área urbana. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi realizar um diagnóstico da diversidade e da quantidade de espécies arbóreas utilizadas na arborização de ruas e passeios no bairro Universitário em Rio Branco, Acre, Brasil. |
METODOLOGIA: |
O estudo foi realizado no bairro Universitário, na cidade de Rio Branco, estado do Acre, no mês de setembro de 2010, com dados obtidos a partir de visitas e observações das espécies vegetais usadas na arborização das 19 ruas que compõe o bairro, com uma extensão total de 8,66 km lineares pesquisados. Foi utilizada planilha de campo, onde se buscou identificar a espécie (nome vulgar, nome cientifico e família) e observar o sistema radicular, separando-o nas seguintes categorias: não aparente (1), aparente (2), afetando calçada (3), afetando guia lateral das ruas (4) e afetando muro (5). A identificação das espécies observadas e registro da quantidade de indivíduos foram feitas com o auxílio de obras de autores da área, comparação com exemplares já classificados e depositados no herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (UFAC/PZ) e consulta a especialistas. Em seguida os dados foram processados no programa Microsoft Excel 2007. A frequência relativa de cada espécie foi calculada através da razão entre o número de indivíduos da espécie e o número total de indivíduos do bairro levantado, multiplicada por 100. |
RESULTADOS: |
Foram contadas 102 árvores distribuídas em 29 espécies e 16 famílias botânicas. Uma árvore não foi identificada cientificamente. A espécie mais freqüente foi Ficus benjamina, que representou 35,29% dos indivíduos encontrados, seguida de Licania tomentosa, com 10,78%, Psidium guajava e Syzygium malaccense com 5,88% cada. Juntas estas quatro espécies representam 57,63% de todos os indivíduos levantados, indicando uma baixa diversidade entre as espécies arbóreas cultivadas no bairro. O fato de Ficus benjamina apresentar frequência superior a 35% indica falta de planejamento durante o processo de arborização, pois frequência de 15% é tida como a máxima para qualquer espécie usada em arborização urbana tendo em vista que o cultivo excessivo de poucas espécies, além de contribuir para a monotonia estética da paisagem, tende a favorecer o aparecimento de problemas fitossanitários. Dentre os 24 gêneros encontrados, os mais freqüentes foram Caesalpinia, com 12,50%, Cassia e Tabebuia, com a 8,33% cada. Foi observado que a maioria das árvores levantadas (80,39%) não apresenta sistema radicular aparente, porém 7,85% das árvores estavam afetando calçadas, 0,98% afetavam guias de calçadas e 1,96% os muros adjacentes às plantas. |
CONCLUSÃO: |
Considerando a extensão da área amostrada, pode-se concluir que a quantidade e a diversidade de árvores cultivadas no bairro Universitário é baixa. Algumas ruas do bairro são completamente desprovidas de árvores. Isso reforça a impressão de que a arborização não seguiu um planejamento prévio, resultando no plantio de um número exagerado de uma única espécie (Ficus benjamina). Esta espécie era também a principal responsável pelos danos observados nas calçadas, guias e muros adjacentes aos locais onde a mesma era cultivada. Os resultados desse estudo sugerem que é importante planejar uma nova ação de arborização no bairro. Para isso será indispensável à substituição da maioria dos indivíduos de Ficus benjamina e o plantio de outras espécies de crescimento moderado e com sistema radicular que não afete calçadas e muros. |
Palavras-chave: Acre, Arborização, Inventário. |