63ª Reunião Anual da SBPC

A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais

ESTUDO EXPLORATÓRIO DO COMÉRCIO DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL (POV) QUE APRESENTAM PRINCPIO ATIVO TÓXICO.

Sandra Regina Longhin 1,2 Waléria Rodovalho 3 Jássica Silva 4

1. Profa Dra/ Orientadora - Coordenação de Química - IFG campus Goiânia 2. Pontifícia Universidade Católica de Goiás 3. Profa. Dra/Co-orientadora -IFG - campus Uruaçu 4. Acadêmico de Tecnologia em Química Agro-industrial - IFG campus Goiânia

INTRODUÇÃO:

Os POV são conhecidos popularmente como plantas medicinais, esses foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelos homens, com o desenvolvimento científico houve a necessidade de uma abordagem cientifica para analisar a eficácia desses POV, pois esta prática encontra-se amplamente disseminada no Brasil, onde é fonte eficaz de tratamento a um custo acessível a população de baixa renda. O uso dessas plantas medicinais é preocupante pois as propriedades terapêuticas nem sempre se confirmam quando da sua validação cientifica ou ainda não foram investigadas suas ações farmacológicas. O uso por gestantes ou crianças é questionável tendo em vista a carência de informações quanto a toxicidades dos POV. Este trabalho tem como objetivo determinar os POV com potenciais riscos relacionados à saúde comercializados em Goiânia, avaliar as substâncias ativas presentes nas plantas, bem como a forma de utilização e a razão para seu uso.

METODOLOGIA:

Foi realizado um estudo de caso, por meio de pesquisa exploratória. A primeira etapa da pesquisa constituiu na realização de uma abordagem com construção e aplicação de questionário etnobotânico investigativo. A segunda etapa consistiu da pesquisa destas espécies medicinais identificadas, analisando sua validação cientifica e suas propriedades tóxicas informadas em literatura. A etapa final consistiu na avaliação dos riscos quanto ao uso de POV e a identificação por meio de observação visual e comparativa do estado de conservação durante a comercialização e a presença de fungos ou outros organismos que comprometem o consumo.

RESULTADOS:

Foram realizadas entrevistas por meio de questionário investigativo (n=10) com “Raizeros“ consagrados pela população local, que atuam na região central de Goiânia pois esta é a região de maior concentração dos mesmos e fluxo populacional. Os dados obtidos mostraram que a comercialização e forma de armazenamento dos POV em bancas é preocupante. Foram identificadas plantas reconhecidamente tóxicas para gestantes e crianças sendo comercializadas entre elas destacam-se Peumus boldus Molina (boldo), Gossypium hirsutum L. (algodão), Ruta graveolens L. (arruda), Nerium oleander L. (espirradeira) e Luffa operculata (L.) Cogn. (cabacinha) entre outras. A forma de administração indicada pelos raizeiros não esclarece sobre os perigos do uso inadequado por gestantes e crianças. O armazenamento dos POV ocorre de forma incorreta o que pode ser observado a partir da propriedades sensoriais do produto como odor característico de fungo (mofo); manchas brancas, verdes e marrons (fungos e liquens); identificação visual de presença de insetos (vivos e mortos) e ainda a presença de terra e restos de teia de aranha entre outros ítens não identificados visualmente. Identificou-se também nas entrevistas o total desconhecimento da legislação pertinente a comercialização destes produtos.

CONCLUSÃO:

Os fatos observados nesta pesquisa evidenciam a necessidade de um programa de divulgação dos problemas relacionados ao consumo de POV não industrializados destacando o cuidado quanto a identificação etnobotânica das espécies comercializadas. É necessário também esclarecer junto aos comerciantes da necessidade de cuidados especiais ao selecionar e armazenar cada espécie de POV, pois observou-se que a maneira totalmente inadequada de armazenamento permite a proliferação de pragas e insetos, o que pode promover interações químicas e toxicológicas alterando as propriedades terapêuticas levando muitas vezes a contaminação do usuário. Observa-se também a necessidade de que as instituições de ensino promovam cursos preparatórios e materiais informativos tanto para comerciantes quanto para a comunidade esclarecendo a forma correta de armazenamento do POV, as condições de uso e o modo de preparo. Desta forma poder-se-á melhorar as condições de consumo visto ser este um costume antigo e tradicional da população brasileira.

Palavras-chave: plantas medicinais, toxicidade, POV.