63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
VARIAÇÕES ANATÔMICAS DA LÂMINA FOLIAR DE Saccharum villosum Steud. (POACEAE) EM TRÊS POPULAÇÕES DO ESTADO DE GOIÁS
Bruno Edson Chaves 1
Silvia Dias da Costa Fernandes 1,2
Jéssika Paula Silva Vieira 1
Dalva Graciano-Ribeiro 3
1. Depto. de Botânica, Universidade de Brasília – UnB
2. Campus Planaltina, Instituto Federal de Brasília
3. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Botânica, Universidade de Brasília – UnB
INTRODUÇÃO:
A cultura da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) detém relevante importância econômica e social no Brasil e no mundo. Diversos trabalhos foram realizados com S. officinarum, nas mais diversas áreas da botânica. Entretanto, existem poucos estudos sobre as espécies nativas do gênero. O estudo de espécies nativas, além de contribuir para o conhecimento da biodiversidade, é fundamental para a diversidade de germoplasma e melhorias das culturas comercializáveis. No Brasil existem três espécies nativas do gênero: S. angustifolium (Nees) Trin., S. asperum (Nees) Steud. e S. villosum Steud; esta última possui ampla distribuição, estando presente em, praticamente, todos os principais biomas brasileiros, ocorrendo no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País. Desta forma objetivou-se, descrever e comparar a anatomia da lâmina foliar de S. villosum em três populações do estado de Goiás a fim de analisar suas variações intra-específicas.
METODOLOGIA:
Três populações diferentes do material vegetal foram coletados, uma na cidade de Cavalcante-GO (183) e duas no município Mambaí-GO (186 e 190). Os números referem-se ao número de coleta do coletor. No campo, amostras do terço médio das folhas do 2º e 3º, contando do ápice para a base do ramo da inflorescência, foram preservadas em etanol 70%. Em laboratório, secções transversais foram realizadas à mão livre em micrótomo de mesa (R. Jungag Heidelberg), clarificadas em hipoclorito de sódio 30% (4 horas) e hipoclorito de sódio 50% (2 horas). Posteriormente coradas com safranina 1% e azul de alcião 1%, desidratadas em série etílica, diafanizadas em acetato de butila e montadas em resina sintética. As fotomicrografias foram obtidas com auxílio do microscópio Olympus CX 31 acoplado à máquina digital. A avaliação quantitativa dos tecidos foram realizadas com auxílio do programa de análise de imagens IMAGE-PRO®PLUS e os dados obtidos foram submetidos a análise de variância fator único (ANOVA) e suas médias comparadas pelo teste de Tukey 5% de probabilidade. Análise de conglomerados foi utilizada para verificar se as populações da mesma região compartilham mais características em comum que a população de Cavalcante-GO. As análises estatísticas foram feitos pelo programa BioEstat 5.0.
RESULTADOS:
Todas as populações apresentaram lâmina foliar de formato linear, com nervura central (NC) saliente e bordos desiguais. Os bordos, porém, apresentam número de camadas de fibras variáveis, 190 e 186 são diferentes de 183. Macro, microtricomas e espinhos forma observados em todas as populações, destaca-se macrotricomas na face abaxial sobre os feixes vasculares em 190 e a ausência de espinhos na face adaxial de 186. O número de feixes entre dois feixes vasculares de 1ª ordem consecutivos também varia, sendo: 9 feixes (190), 3-5 (186) e 4 a 12 (183), assim como o número de feixes na NC com destaque ao número de feixes de 1ª ordem: 3-5 (190), 5-9 (186) e 1 (186); e o número total de feixes: 18 a 23 (190), 17 a 22 (186) e 11 (183). Em relação aos dados paramétricos 190 e 186 possuem lâmina foliar mais espessa que 183; 190 possui ambas as faces epidérmicas mais estreitas que as demais populações. O tamanho dos feixes de 1ª ordem foi diferente para cada população, sendo 183 o maior. Não ocorreu variação de espessura de cutícula e do diâmetro das células buliformes, células do parênquima clorofiliano e incolor entre as populações. Segundo a análise de conglomerados as populações de Mambaí apresentam-se mais próximas que a população de Cavalcante.
CONCLUSÃO:
S. villosum apresenta grande diversidade anatômica na lâmina foliar, entretanto populações da mesma região, mesmo que possua certas características divergentes (macrotricomas na face abaxial, ausência de espinhos na face adaxial, número de células buliformes e de feixes vascualres entre dois feixes vasculares de 1ª ordem consecutivos na NC), são mais próximas que populações de outra região.
Palavras-chave: Secção transversal, Folha, Anatomia ecológica.