63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Lingüística Aplicada
O ENSINO DE LEITURA NO AMBIENTE VIRTUAL: INTERAÇÃO E PRODUÇÃO DE SENTIDOS
Fernanda Rodrigues Ribeiro 1
Nukácia Meyre Silva Araújo 2
1. Depto.de Linguística Aplicada, Universidade Estadual do Ceará - UECE
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Linguística Aplicada - UECE
INTRODUÇÃO:
O surgimento de novas tecnologias reflete-se em questões de ensino e de aprendizagem. Os objetos de aprendizagem (OAs), que podem ser definidos como recursos digitais utilizados como suporte ao ensino, são ferramentas bastante representativas da relação existente entre ensino e novas tecnologias. Nesta pesquisa, avalia-se um OA (o software Adivinha o que é) para ensino da leitura em língua portuguesa. Tem-se como objetivo analisar o desenvolvimento de estratégias de leitura por alunos de ensino médio, a partir da utilização do objeto de aprendizagem mencionado, que se propõe a desenvolver estratégias de leitura (por meio das quais o aluno estabelece objetivos de leitura, recorre ao conhecimento prévio para compreender o assunto de que trata um texto, faz predições e reconhece palavras através de pistas do contexto).
METODOLOGIA:
O experimento se divide em três fases: na primeira, alunos de duas turmas, uma experimental e uma de controle, respondem um pré-teste com questões de compreensão textual e produzem um protocolo verbal. Na segunda, alunos da primeira turma usam o software de ensino de leitura - testado na sala de informática da escola. Por fim, na última etapa, alunos, de ambas as turmas, fazem um pós-teste de compreensão leitora, a fim de constatar eventuais mudanças de desempenho. A hipótese levantada é de que o uso de objetos de aprendizagem em sala de aula gera interesse e facilita o aprendizado da leitura e que sua utilização faz os alunos transformarem estratégias cognitivas em metacognitivas. No exercício mencionado, o leitor ativo elabora e testa hipóteses na construção de significados do texto. Através das simulações do que acontece no processamento da leitura, o leitor adquire novas habilidades, o que torna sua leitura mais proficiente.
RESULTADOS:
Na primeira fase do experimento, os alunos da turma B (de controle) obtiveram melhor desempenho quando comparados à turma A (experimental). Embora a diferença percentual não tenha sido tão significativa, o grupo de controle levou vantagem frente ao outro grupo (em torno de 15 por cento de questões de nível literal e 8 por cento de questões de nível inferencial). Esse primeiro resultado foi extremamente importante, pois, caso a hipótese levantada fosse confirmada, ter-se-ia a certeza de que o nível intelectual dos alunos de ambas turmas estava equilibrado. Depois da aplicação dos softwares pedagógicos com os estudantes da turma experimental (segunda fase), percebeu-se que, como era esperado para a fase seguinte, os alunos da turma A obtiveram melhor desempenho quando comparados à turma B. Outra vez, a diferença na percentagem não foi tão significativa (cerca de 35 por cento de questões de nível literal e 3 por cento de questões de nível inferencial).
CONCLUSÃO:
Ainda que a hipótese (progresso da turma experimental frente à de controle) tenha sido confirmada, os dados desse experimento-piloto não implicam que os alunos desenvolveram as estratégias de leitura plenamente, já que foram realizadas poucas aplicações com os softwares destinados ao ensino de leitura em Língua Portuguesa. Atividades como essas devem ser aplicadas com frequência para que haja avanços mais significativos. Objetos de Aprendizagem podem trazer mudanças significativas no ensino de leitura quando utilizados como ferramenta complementar aos materiais com os quais se trabalha em sala de aula. Para que os alunos possam desenvolver as estratégias de leitura metacognitivamente, faz-se necessário o uso frequente dos softwares junto às aulas de leitura e produção de textos.
Palavras-chave: Estratégias de leitura, Objetos de Aprendizagem, Letramento digital.