63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química
AVALIAÇÃO DO BIOADITIVO DERIVADO DO LÍQUIDO DA CASTANHA DE CAJU EM BIODISEL DE SOJA
Tádila Alves Santos 1
Marta Célia Dantas Silva 2
1. Acadêmica de Engenharia de Alimentos CCSST,Coordenação de Engenharia de Alimentos,Universidade Federal do Maranhão –UFMA
2. Prof. Dr./ Orientadora - CCSST,Coordenação de Engenharia de Alimentos,Universidade Federal do Maranhão –UFMA
INTRODUÇÃO:
O biodiesel tem se mostrado um bom substituto do óleo diesel derivado do petróleo.No entanto,o mesmo tende a sofrer processos de degradação que podem ser acelerados pela exposição ao ar,umidade,metais,luz e calor.Um fator de relevância dentro destes processos é a influência oxidante,favorecendo a formação de polímeros,ácidos fortes e peróxidos,compostos indesejáveis à estabilidade do mesmo.À medida que o biodiesel é difundido,novos desafios aparecem:o aumento da produtividade,a conciliação das preocupações ambientais com a intensificação das culturas oleaginosas; as rotas tecnológicas; a degradação por oxidação são apenas algumas questões a explorar,abrindo assim,espaço para diversos questionamentos sobre o recente movimento nacional em torno da produção e uso do biodiesel.O parâmetro da estabilidade Termo -Oxidativa foi incorporado para definir uma estabilidade específica ante a oxidação durante o armazenamento.Desse modo, este trabalho propôs avaliar o biodiesel de soja puro e aditivado com o cardanol a base do líquido da castanha de caju (LCC) (Anacardium Occidentale, L.) em concentrações diferentes,armazenado por um período de 90 dias utilizando a Termogravimetria e a Análise Térmica Diferencial.O biodiesel foi obtido e caracterizado de acordo com as normas da ANP.
METODOLOGIA:
Síntese do Biodiesel Etílico de Soja
A reação foi realizada em sistema fechado utilizando-se álcool etílico /óleo na proporção de 6:1, com 1% de KOH (catalisador), sob temperatura ambiente e constante agitação, durante 120 min. Em seguida, a mistura reacional, foi transferida para um funil de decantação. Após 24 horas a glicerina foi retirada. Em seguida, o conteúdo restante, foi submetido ao processo de lavagem. Para confirmar a neutralização do catalisador, utilizou-se fenolftaleína 1% na água de lavagem. Em seguida, o biodiesel foi evaporado sob temperatura de 100 °C por 20 min. para a remoção do álcool e água presentes e após este procedimento adicionou-se cloreto de cálcio (agente secante) ao biodiesel deixando por aproximadamente 24 horas. Procedendo-se a filtragem após este tempo. Realizado, este processo, o biodiesel foi caracterizado utilizando-se parâmetros físico-químicos. Após a caracterização, ensaios térmicos através das técnicas TG e DTA foram efetuados. Os biodieseis analisados foram os puros e os aditivados com o cardanol derivado do líquido da castanha de caju (LCC).As curvas TG/DTA foram obtidas em parceria com o Laboratório de Combustíveis e Materiais da Universidade Federal da Paraíba.
RESULTADOS:
Propriedades físico-químicas do Biodiesel:
O biodiesel foi especificado para uso de acordo com a Resolução da ANP nº 42, de 24/11/2004 - Retificada em DOU 10/04/2005. Observa-se que o Índice de Acidez foi 0,30 (mg KOH/g) , Viscosidade Cinemática a 40 0C 5,33 (mm2.s-1) , Massa Específica a 20 0C 878,4 (kg.m-3), Ponto de fulgor 170 (min)oC .Todos os valores corroboraram com os limites permitidos pela ANP, satisfazendo as exigências dessa resolução. O ponto de fulgor (ou ponto de ignição) indica a temperatura mínima na qual o combustível entra em combustão, sob presença de chama.
Termogravimetria – TG:
Quanto à aditivação observou-se que a concentração de 7000 ppm foi mais eficaz. Outra observação é que o biodiesel etílico de soja puro também apresentou estabilidade; provavelmente deve-se a presença de antioxidantes naturais provenientes do óleo de soja.
Análise Térmica Diferencial – DTA :
Com base nos picos endotérmicos foi definida a temperatura inicial de oxidação e de acordo com as temperaturas é possível afirmar que a aditivação elevou o índice de estabilidade à oxidação do biodiesel em todas as concentrações. No entanto, a mais estável durante o período de armazenagem foi à concentração de 7000 ppm.
CONCLUSÃO:
As caracterizações físico-químicas confirmaram a estrutura química do cardanol insaturado e do cardanol saturado. Comparando-se os resultados obtidos por TG/DTA, observou-se que a adição do cardanol saturado com concentração de 7000 ppm elevou o índice de estabilidade à oxidação do biodiesel etílico de soja. O mesmo apresenta potencial estabilizador, qualificando-o como bioaditivo viável às condições de armazenamento do biodiesel em estudo. Como também, as técnicas TG/DTA são ferramentas eficazes para avaliar a tendência do biodiesel à oxidação.
Palavras-chave: Estabilidade Termo- Oxidativa, Biodiesel de Soja, Cardanol.