63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE UM ZOOLÓGICO E SUAS IMPLICAÇÕES NAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Fabíola Simões Rodrigues da Fonseca 1
Leandro Gonçalves Oliveira 2
1. Mestre em Educação em ciências e matemática - Universidade Federal de Goiás - UFG
2. Prof. Dr./Orientador - Depto de Ciências Biológicas - UFG
INTRODUÇÃO:
Ao falar em Educação Ambiental (EA) é preciso se ater que, em função dos caminhos percorridos, várias concepções foram sendo formadas e agrupadas, formando diferentes correntes epistemológicas. Apesar das correntes naturalista e conservacionista serem bastante antigas ainda são muito freqüentes nas atividades de EA. Tais correntes visualizam o meio ambiente como recurso, como natureza e que, portanto, deve ser preservado.
Apesar disso, diante da crise ambiental, consensual entre a sociedade, pesquisadores (LOUREIRO, 2006; GRÜN, 2007; REIGOTA, 2007; CARVALHO, 2008) defendem a corrente crítica da EA, uma vez que nela há o compromisso com a formação de cidadãos com posturas críticas, capazes de intervir e se posicionar perante as questões sócio-ambientais em busca de transformações sociais que vislumbram uma sociedade mais justa e ambientalmente equilibrada.
O Zoológico, como um espaço não formal de educação deve oferecer atividades que corroboram o principio da educação voltada para emancipação dos sujeitos e transformação social. Para tanto, o objetivo dessa pesquisa foi analisar os objetivos da EA de um Zoológico e suas implicações nas atividades elaboradas.
METODOLOGIA:
A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, uma vez que privilegia o desenvolvimento do processo investigativo, bem como os resultados obtidos (LÜDKE e ANDRÉ, 1986) como um estudo de caso, uma vez que o intuito foi entender um fenômeno social (Yin, 2010). Além disso, e ainda de acordo com Yin (2010), trata-se de um estudo no qual as questões “como” e “por que” são propostas atreladas ao fato do investigador ter pouco controle sobre o fenômeno contemporâneo a ser desvelado.
Para alcançar o objetivo proposto foi feita a análise documental no Decreto Municipal referente às diretrizes para a EA, e entrevistas semiestruturadas com alguns funcionários do Zoológico. Conforme os estudos de Marconi e Lakatos (2003), a entrevista semiestruturada é um instrumento em que é estabelecido um roteiro de perguntas sem engessar a entrevista, isto é, o pesquisador pode fazer outras perguntas objetivando compreender melhor o fenômeno em questão.
A análise das entrevistas foi feita utilizando a análise textual discursiva, proposta por Moraes e Galiazzi (2007). De acordo com os autores, trata-se de desconstruir o texto, intitulado corpus, para posterior construção de um metatexto, feito através das categorias elencadas, contendo as interpretações dos fenômenos em questão.
RESULTADOS:
Ao contrário do que acontece com outros espaços não formais no município, a EA do Zoológico não possui uma Diretoria específica e segue as diretrizes gerais da Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), inseridas nas competências da Gerência de Educação Ambiental (GEEAM).
Entre os objetivos da GEEAM, destacamos a promoção e coordenação de ações voltadas para a EA, formal e informal da população e a realização de eventos ambientais. A Diretoria a qual a GEEAM está vinculada preocupa-se primordialmente com a preservação do meio ambiente.
Em função de estar alicerçada na corrente naturalista e preservacionista, a leitura feita de meio ambiente considera apenas os aspectos naturais, isto é fauna e flora, e excluem os fatores históricos, sociais e culturais. Perde-se a oportunidade de discutir e refletir sobre a relação conflituosa instaurada entre sociedade e meio ambiente. Portanto, é de se esperar que as atividades terão como objetivo a gestão ambiental e mudança para comportamentos ditos “ecologicamente corretos”.
Notamos que, da forma como está posto, o Zoológico não cumpre seu papel como espaço não formal de educação, pois não contribui com a formação de sujeitos críticos, capazes de refletir e tomar decisões perante diante das questões ambientais.
CONCLUSÃO:
Diante do exposto, evidenciamos os objetivos da EA realizada no Zoológico não corroboram com os de uma corrente que visa à emancipação dos sujeitos, muito menos a formação de um cidadão que possua embasamento que o permita intervir nas decisões sobre problemas ambientais. Sendo assim, as atividades seguirão esta mesma trilha deixando em segundo plano o cumprimento do papel educativo desse importante espaço não formal de educação.
Faz-se necessário que os objetivos das atividades de Educação Ambiental realizadas no Zoológico sejam (re)avaliados, discutidos e apontados para uma direção que implique na construção de subsídios que possibilitem intervenções e posicionamentos perante as questões ambientais. Evidentemente, que apenas a efetivação de uma EA crítica proposta pelos documentos oficiais não trará resultados sem que exista também um investimento na formação dos educadores ambientais que irão implementá-la.
Ressaltamos que o caminho a ser trilhado é árduo e cheio de desafios, porém necessário. Acreditamos que seja necessário o engajamento, em uma perspectiva crítica, daqueles que se dizem preocupados com a crise ambiental e que defendem a emancipação dos atores envolvidos no processo em busca de uma sociedade ambientalmente sustentável e socialmente equilibrada.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Zoológico, Espaço não formal.