63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A proposta de Heloisa Vilas Boas: interação e contextualização na alfabetização
Valdeni Libório de Castro 1
Célia Aparecida Bettiol 1
1. Universidade do Estado do Amazonas
2. Prof. Orientadora
INTRODUÇÃO:
O ensino da lecto-escrita foi marcado por discussões sobre qual seria o método (sintético, analítico ou eclético) mais adequado para sua aprendizagem. Entretanto,nenhum deles apresentou resultados eficazes para uma aprendizagem significativa dos educandos.
A partir dos anos 80 as pesquisas de Emília Ferreiro levantaram novas questões sobre o tema ao apresentar as hipóteses formuladas pelas crianças durante o processo de ensino-aprendizagem. Outros autores apresentaram estudos sobre a questão, dentre eles Heloisa Vilas Boas que apresenta uma proposta neste novo olhar sobre a alfabetização,
O presente estudo teve como objetivo analisar a proposta de Boas a partir dos materiais elaborados pela autora e outros relatos sobre a aplicação e como objetivos específicos fazer uma análise comparativa com a proposta delineada pelos trabalhos de Freire, e identificar a forma que os descritores previstos na matriz de referência da alfabetização do MEC são tratados na proposta de Boas. Os resultados deste trabalho servem como subsídios aos profissionais da educação que estão em formação e para aqueles que já atuam com pessoas que estão em processo de alfabetização e letramento, possibilitando uma reflexão sobre o trabalho pedagógico nestes processos.
METODOLOGIA:
O trabalho desenvolvido pautou-se na abordagem qualitativa e utilizou a pesquisa documental para a realização dos trabalhos. A partir das questões norteadoras , foram selecionadas como C técnicas de coleta de dados as leituras e fichamento do livro de Heloisa Vilas Boas ( Alfabetização: outras questões, outras histórias) e de outros materiais que descrevem a implementação da proposta. Utilizamos ainda os registros da palestra proferida pela mesma aos alfabetizadores de adultos do programa Reescrevendo o Futuro, coordenado pela Universidade do Estado do Amazonas. Outros documentos foram consultados como a matriz de referência do MEC sobre os descritores e outros que ainda tratavam de experiências vivenciadas com as propostas citadas. Outras obras que tratam da proposta de Freire foram consultadas, bem como diferentes autores que abordam a temática da alfabetização e letramento para um conhecimento mais profundo da temática. As leituras foram registradas através de fichamentos e sínteses provisórias, culminando na sistematização desses estudos através da elaboração de artigos e relatórios, além da produção de um roteiro sobre as etapas da proposta estudada.
RESULTADOS:
A proposta de Boas entende que a criança ao adentrar para a escola já tem uma competência da língua da qual é falante. Portanto, a aprendizagem da leitura e da escrita devem partir desse principio, valorizando essas experiências como fontes geradoras de estudo e trabalho pedagógico. Esta nova prática congrega a teoria construtivista, sociointeracionista e Linguística, que considera o aluno como ponto de partida valorizando o contexto sócio-cultural dele. Assim, poderemos dizer que a proposta é baseada sobre dois pontos: o contexto e a interação na relação ensino-aprendizagem da lecto-escrita.
Comparando com a proposta de Freire constatou-se que as duas têm pontos que se encontram como a valorização do contexto do aluno e a valorização do diálogo, mas as suas diferenças estão na origem de seus autores. As propostas trabalham plenamente as competências solicitadas pelos descritores do MEC, possibilitando ainda uma aprendizagem significativa, o que não é evidenciado nos métodos tradicionais.
CONCLUSÃO:
O ensino da lecto-escrita não pode mais considerar o educando como uma tabula rasa, que tem que “engolir” letras por letras até chegar o momento que de formar palavras. Não podemos ignorar os estudos que apontam essa nova direção.A proposta de Boas possibilita aos educandos a construção de saberes sobre o código escrito. Sua metodologia difere de outras justamente pela competência que ela acredita que os educandos têm da língua. Assim, a proposta oportuniza aos sujeitos da aprendizagem a produção de textos a partir de sua realidade, bem como a leitura como algo natural. Isso garante a formação de leitores e produtores de texto e não apenas a simples codificação e decodificação de signos lingüísticos.
Palavras-chave: Alfabetização, metodologia, aprendizagem.