63ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social

Título: Discurso e ordem:Etelvino Lins reescrevendo a verdade autoritária em Pernambuco 1937/1945.

CÍCERO ALBUQUERQUE DE SOUZA 1 MARIA DAS GRAÇAS ATAÍDE DE ALMEIDA 2

1. Programa de Pós-Graduação - PPG - UFRPE. 2. Profa. Dra./ Orientadora -Programa de Pós-graduação de História - UFRPE

INTRODUÇÃO:

Compreender o sentido de ordem instituída pelo Estado, sempre acompanhou diversos estudos de especialistas, mas identificar o poder de atuação dos agentes que montaram a estrutura ainda é um grande desafio.Entre os anos 30 e 40, o poder concedido aos Órgãos de repressão foi crescente,tendo por exemplo a Polícia do Distrito Federal suplantando a organização do Ministério da Justiça ( Cancelli, 1993). O objetivo desta pesquisa é desconstruir a versão oficial dos que têm se tornado mitos na memória pernambucana(Almeida,2001) Ao reconstituir a memória, há um desvelamento da memória oficial, revelando o “staff” montado durante a gestão do secretário de Segurança Pública Etelvino Lins (1937-1945), que permitiu assim a consolidação do Estado Novo em Pernambuco, bem como silenciando (Orlandi,ano) os descontentes, e construindo uma verdade autoritária (Almeida,2001).Esta pesquisa faz parte de uma pesquisa maior, coordenada pela Profª Drª Graça Ataíde de Almeida acerca do discurso autoritário na imprensa em Pernambuco

METODOLOGIA:

O primeiro passo foi um levantamento historiográfico pertinente ao período e a temática em estudo. Após este passo desconstruímos o discurso tanto da imprensa como dos documentos do CPDOC a partir da análise do discurso (AD) na linha teórica de Eni Orlandi.Trabalhamos com base nos fundamentos teóricos de Cancelli (1993) uma vez que o uso da força policial se fez necessária para manutenção da ordem e do silêncio social. O discurso da imprensa foi visto com base nos jornais Folha da Manhã e Diario de Pernambuco e complementando foi resgatada a memória arquivada de agentes da repressão, através dos Arquivos do CPDOC- FGV e Arquivo Público Estadual Jordão Emereciano / Pernambuco.

RESULTADOS:

Esta pesquisa traz ao debate três importantes discussões: a primeira acerca da construção de uma história oficial e silenciamento de todos aqueles considerados uma ameaça a ordem instituída pelo poder, ficando visível a manipulação dos fatos e de história pessoais; a segunda é desvendar a organização em rede (estrutura de repressão) que predominou durante atuação de Etelvino Lins a frente da Secretaria da Segurança Pública (1937-1945) e por último entender como o imaginário coletivo (Girardet,1988) foi direcionado e elementos que compunham a representação de repressão, conseguiram não só silenciá-los, mas ocultar seu papel repressor deixando à posterioridade documentos que apenas quando bem analisados é possível devolver o calor da vida e transformá-lo de objeto em sujeito de estudo (Dosse, 2009).

CONCLUSÃO:

Esta pesquisa propiciou o entendimento do papel da polícia e a montagem da rede de repressão, e em conseqüência o silenciamento social instaurado a partir da implantação do Estado Novo (1937-1945). Foi possível identificar o papel de Etelvino Lins na “staff” estadonovista, e desvendar as tramas sociais, cúmplice principalmente do silêncio.

Palavras-chave: imaginário coletivo, discurso, manutenção da ordem.