63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística |
O PARQUE ESTADUAL DO CANTÃO (PEC) NO DISCURSO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA EM CASEARA - TO |
Maria de Fátima Rocha Medina 1 Valquíria de Lima Maranhão 2 Mario Visintainer 3 Gihane Scaravonatti 4 Jaqueline Medeiros Silva Calafate 5 Wolney Jácomo de Sousa 6 |
1. Profa. Dra. orientadora/ Depto. de Letras do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP) 2. Depto. de Letras do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP) 3. Universidade do Tocantins (UNITINS) 4. Depto. de Letras do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP) 5. Depto. de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP) 6. Depto. de Letras do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP) |
INTRODUÇÃO: |
Uma das características da educação de qualidade é a superação do senso comum pela construção sistemática do conhecimento para o cidadão intervir conscientemente na comunidade. Isso implica profissionais qualificados e comprometidos que valorizem, respeitem e transformem a bagagem cultural prévia do educando em conteúdo programático a ser aprofundado. O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar o discurso dos professores de uma escola em Caseara, Tocantins, sobre o Parque Estadual do Cantão (PEC). O parque foi criado pelo Decreto nº 996, de 14/07/1998, e é uma área de proteção ambiental com bioma raro por estar situado entre o cerrado e a região amazônica que o faz ainda mais peculiar e importante. Isso o torna conteúdo curricular privilegiado, especialmente para educandos os quais vivem no seu entorno. Este estudo de caso qualitativo é importante pelo fato de verificar até que ponto os educadores abordam, nas atividades escolares, sobre o Parque Estadual do Cantão o qual está na mira de turistas, pesquisadores e investidores. E reflete sobre como a prática discursiva dos professores pode colaborar na formação de alunos envolvidos direta ou indiretamente em termos de preservação e de sustentabilidade de área tão significativa para o meio ambiente da região e do mundo. |
METODOLOGIA: |
Embora o parque abranja três municípios, a entrada principal fica muito próxima a Caseara. Nessa cidade foi escolhido o Colégio Estadual Trajano de Almeida como unidade-caso por ser uma instituição da rede estadual de ensino que acolhe alunos desde os primeiros anos do ensino fundamental até os últimos anos do ensino médio e de EJA, distribuídos em três turnos, oriundos da cidade e de vários assentamentos. Em 2009, a escola possuía 21 docentes, quase todos informantes da pesquisa. O estudo de caso de caráter qualitativo-descritivo justificou-se pelo fato de o fenômeno ter sido observado em ambiente natural e ancorou na proposta freiriana do ensinar/aprender a partir de conhecimentos prévios. Foram utilizados três instrumentos de coleta de dados para triangulação. Como análise de documentos, além do projeto pedagógico, os pesquisadores verificaram 145 diários de 2008, cujos dados foram transferidos para uma tabela de Excel de forma que fosse possível visualizar em gráficos. Quanto às observações em sala de aula, foram concretizadas 81, no ano de 2009, em momentos distintos e disciplinas diversas, com os professores que aceitaram participar do projeto e assinaram o TCLE, os mesmos 16 que também passaram por entrevista semiestruturada. |
RESULTADOS: |
O fato de o Parque Estadual do Cantão possuir bioma especial por estar em região de transição entre o cerrado e a Amazônia torna-o relevante, de modo geral e, de maneira especial, para os estudantes que vivem tão perto dessa área de preservação ambiental. Por isso era de se esperar que as escolas do entorno tivessem o PEC como referência de conteúdo curricular, senão em todas, pelo menos em várias das disciplinas ministradas. Das informações do projeto pedagógico e dos 145 diários verificados, além das 81 observações realizadas em sala de aula e das 16 entrevistas, ficaram evidenciadas algumas situações que merecem destaque. No projeto pedagógico não trata de forma explícita sobre a área, embora aborde rapidamente acerca de tradição cultural da comunidade. Em nenhum diário apareceu o parque como referência de conteúdo curricular, mesmo em disciplinas tão propícias para tal como biologia e geografia, por exemplo. Professores abordaram sobre o PEC em aproximadamente 5% das aulas observadas, mas na maioria das vezes pareceu uma situação improvisada ou forçada por conta da presença do pesquisador em sala. E nas entrevistas, vários docentes citaram atividades já realizadas no ou sobre o parque, enquanto outros demonstraram a necessidade de explicitar o assunto de forma escrita. |
CONCLUSÃO: |
As informações explícitas, implícitas, improvisadas ou silenciadas são marcas da materialidade dos discursos dos professores do Colégio Estadual Trajano de Almeida sobre experiências, olhares e (des)conhecimentos acerca dessa área de preservação ambiental situada tão próxima à escola. Foi possível perceber que há distância entre manifestações acerca da necessidade de tratar o PEC como conteúdo curricular e documentos escritos que definem as coordenadas da escola, tais como projeto pedagógico, planos e projetos propostos nas disciplinas. Essa ausência pode significar, inclusive, certa automatização pelos professores que, de tão próximos e familiares, não enxergam a grandiosidade e a relevância do Parque Estadual do Cantão na formação dos alunos. Estes detêm variadas informações e vivências pelo fato de que inúmeras famílias moravam na área antes de ser instituído o parque e muitos garotos se tornam guias turísticos do local. Assim, embora a escola já tenha promovido atividades, falta sistematização dos saberes adquiridos os quais se perdem em meio às informações pré-fabricadas sobre distantes lugares abordados nos livros didáticos utilizados na escola. Ao debaterem o parque em sala de aula, os professores ajudarão os estudantes a cuidarem de área tão singular no coração do Brasil. |
Palavras-chave: Discurso, Professores, Parque Estadual do Cantão. |