63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal |
ALGAS VERDES (ZYGNEMAPHYCEAE) DA COMUNIDADE PERIFÍTICA DE AMBIENTE LÓTICO DO SUDESTE GOIANO |
Francielle Karla Lopes da Silva 1 Laiza Rosa Rezende Naves 1 Sirlene Aparecida Felisberto 2 |
1. Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas – UFG 2. Profa. Orientadora / Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas – UFG |
INTRODUÇÃO: |
As algas são muito freqüentes nos ambientes de água doce, tais como lagos, represas, córregos e rios. Apesar de relativamente discretas, elas têm uma grande importância no ambiente dulcícola, tanto em termos de ecologia fundamental, uma vez que são produtores primários, quanto em relação ao uso humano dos recursos naturais (Bellinger & Sigee, 2010). Elas compõem diferentes hábitos (plâncton ou perifiton) assim como diversos grupos, entre eles, as algas verdes, algas douradas, algas vermelhas (Raven et al., 2007) e outros. O perifíton é representado por uma fina camada, de microrganismos (algas, bactérias, fungos e animais), detritos orgânicos e inorgânicos que atua na interface entre o substrato e a água circundante (Wetzel, 1983). Dentre as algas verdes estão as Zygnemaphyceae, que abrangem duas ordens, as Desmidiales e as Zygnematales, que se diferenciam, porque nas Zygnematales falta a segmentação da parede celular em duas ou mais peças e a especialização que caracteriza a última ordem são os poros presentes na parede celular (Wehr & Sheath, 2002). Assim, esta pesquisa visou o levantamento das espécies perifíticas das duas ordens de Zygnemaphyceae em ambiente lótico, observando as condições do meio e as interferências humanas neste. |
METODOLOGIA: |
As três coletas foram realizadas no córrego de Caldas Novas – GO (17° 47’ 26,09” S - 48° 36’ 54,71” O), nos meses de agosto, setembro e outubro de 2010. Este córrego situa-se em zona modificada pela ação humana e acessível a animais de grande e pequeno porte como gado e galináceos, respectivamente. Na margem do córrego foram coletados pecíolos de vegetação aquática que continham perifíton. Após a remoção do perifíton do pecíolo, uma parte de cada material foi mantido in vivo e a outra parte foi fixado em solução de Transeau (Bicudo & Menezes, 2006). Para as análises foram preparadas várias lâminas e os indivíduos encontrados de Zygnemaphyceae foram fotografados, em objetiva de 400X e com a câmara digital Sony Cyber Shot. Na etapa de identificação, foram utilizadas características morfológicas dos indivíduos, com auxílio de chaves de identificação, sites especializados, teses de mestrado e doutorado. Todas as informações foram inseridas em planilhas do programa Microsoft Office Excel e as imagens agrupadas em pranchas elaboradas no programa Microsoft Office PowerPoint, com as respectivas legendas. Ainda, com os dados de presença e ausência das espécies, gráficos e tabela foram preparados com a freqüência das espécies identificadas em cada coleta. |
RESULTADOS: |
O Córrego Caldas apresentou elevada riqueza de espécies, o que pode ser indicativo de boas condições ambientais, baseado na composição das espécies encontradas. A flora perifítica das Zygnemaphyceae foi composta por 18 gêneros, Actinotaenium, Closterium, Cosmarium, Cylindrocystis, Desmidium, Euastrum, Gonatozygon, Micrasterias, Mougeotia, Netrium, Octachanthium, Penium, Pleurotaenium, Spirogyra, Spirotaenia, Staurastrum, Staurodesmus e Teilingia, distribuídos em 80 táxons identificados. A maior parte das espécies encontradas pertence à Desmidiales, algas que possuem uma constrição mediana que define o estreito istmo que une as duas metades (semicélulas) da célula. Também nesta ordem Desmidiales foram encontrados representantes de hábito pseudofilamentoso como Desmidium, que possuem células unidas pólo a pólo para formar indivíduos torcidos em hélice às vezes envoltos por uma bainha de mucilagem (Bicudo & Menezes, 2006). Dentre as Zygnematales, as algas filamentosas com células cilíndricas, Spirogyra e Mougeotia foram os registrados no córrego. Comparando os meses, maior número de espécies ocorreu em setembro. Os três gêneros com o maior número de espécies foram Cosmarium, Closterium e Staurastrum. |
CONCLUSÃO: |
Nossos estudos, realizados no ambiente lótico de Caldas Novas, confirmam a presença de elevada riqueza de táxons pertencentes à Zygnemaphyceae, com maior número de espécies em Desmidiales, ordem representada principalmente por representantes unicelulares. A alta riqueza dessas algas demonstra que mesmo com a grande intervenção antrópica e apesar de não termos dados abióticos e considerando que esses organismos são característicos de corpos d’água limpos (Branco, 1986), o córrego parece estar em boas condições ambientais. |
Palavras-chave: Taxonomia, Desmídias, Riqueza de espécies. |