63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
ANÁLISE DO EFEITO DE BORDA NA MORFOLOGIA FOLIAR DE INDIVÍDUOS DE Qualea grandiflora EM UM FRAGMENTO DE CERRADO SENTIDO RESTRITO DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UEG – ANÁPOLIS, GO
Denisele Neuza Aline Flores Borges 1
Talline Rodrigues de Souza 1
Anamaria Achtschin Ferreira 2
1. Graduanda do Curso de Ciências Biológicas - UEG, Anápolis, GO
2. Profa. MSc./ Orientadora – Universidade Estadual de Goiás – UEG, Anápolis, GO
INTRODUÇÃO:
O Cerrado brasileiro é o segundo maior bioma do país, localiza-se no Planalto Central e abrange cerca de 24% do território do Brasil. Diversos trabalhos já foram produzidos sobre a vegetação do Cerrado, incluindo estudos sobre a morfologia e anatomia foliar, composição florística, fitossociologia, entre outros, os quais tem fornecido informações importantes para a sua conservação. O termo morfologia quando relacionado a folha destaca somente os caracteres externos, porém o aspecto anatômico também é observado. As características foliares são controladas geneticamente mas oscilam sobre variações causadas pelo meio ambiente, entre elas, o efeito de borda: uma diferença na estrutura e na composição da vegetação resultante de variação na umidade do solo, diminuição nos níveis de luminosidade e temperatura do ar. A Qualea grandiflora é uma espécie amplamente disseminada nas áreas de cerrado sentido restrito, cerradão e campo cerrado, é uma das melhores representações para a fitofisionomia arbórea do Cerrado em muitas regiões. Com o objetivo de analisar a influência do efeito de borda na morfologia foliar de indivíduos de Qualea grandiflora num fragmento de cerrado sentido restrito pertencente ao campus da Universidade Estadual de Goiás – Anápolis-GO é que este trabalho foi delineado.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado no cerrado sentido restrito da Trilha do Tatu, que possui aproximadamente 1,3 Km² e pertence ao campus da UEG de Anápolis-GO. Foram marcados 10 indivíduos (sendo 5 na borda e 5 no centro) com distância mínima de 2 m uns dos outros. Para cada indivíduo mediu-se a altura usando uma trena de 30 m e a circunferência do tronco a 30 cm do solo. A correlação de Pearson foi usada para avaliar a variação entre altura e circunferência. As análises de coloração foram realizadas em laboratório com auxílio de lupa e usando como parâmetro de comparação exsicatas de Qualea grandiflora contendo folhas jovens. A herbivoria foi estimada apenas com presença e ausência, dados provenientes de observações em campo. Foram coletadas 10 folhas adultas com distância entre 1,30-1,80 m do solo em cada indivíduo previamente marcado. Com intuito de calcular a razão foliar (comprimento/largura) foi medido o comprimento da folha que corresponde à distância entre o ponto de inserção do pecíolo e a extremidade oposta do limbo e a largura foliar que corresponde à maior distância horizontal entre as bordas opostas, tudo com auxílio de régua graduada em milímetro. Para avaliar possíveis diferenças entre os dois locais de coleta foi realizado o Teste t com nível de significância de 5%.
RESULTADOS:
Tanto as folhas da borda como as folhas do centro apresentaram coloração verde escuro e algumas manchas cor ferrugem, não havendo assim, diferença entre a coloração das folhas nas duas áreas. Todas as folhas coletadas, nos dois ambientes, apresentaram sinais de herbivoria evidentes. A hipótese de que não existem diferenças entre as folhas das duas áreas analisadas neste estudo é corroborada tendo em vista que o t calculado está entre os limites da curva do t crítico (-1,984<1,668<1,984; p=0,05). O mesmo acontece quando analisamos as diferenças entre as circunferências obtidas nos dois ambientes (-2,570<1,730<2,570; p=0,05). Para a área da borda o r(Pearson)=0,405, podendo ser considerada uma correlação moderadamente positiva, ou seja, a altura e a circunferência do indivíduo variam juntas, no mesmo sentido. Para a área da borda tem-se r(Pearson)=-0,295 considerando assim uma correlação fraca negativa, ou seja, a altura e a circunferência variam em sentidos contrários.
CONCLUSÃO:
As diferenças entre as folhas de indivíduos de Qualea grandiflora pertencentes ao centro e a borda da área escolhida para realização do presente estudo, são praticamente inexistentes. Todos os aspectos nos levam a concluir que não existem diferenças significativas entre as duas áreas. Isso deve-se muito ao fato do cerrado sentido restrito ser ralo, ter uma distribuição de indivíduos muito dispersa, fazendo assim com que as condições no centro da área se torne muito semelhante com as condições da borda. As correlações entre as circunferências dos troncos e a altura dos indivíduos, não são significativas, ao alfa utilizado. Assim o efeito de borda não exerce influencia na população de Qualea grandiflora da área da Trilha do Tatu no cerrado sentido restrito da UEG, localizada em Anápolis-GO.
Palavras-chave: Qualea grandiflora, Razão foliar, Anápolis.