63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica |
O PERFIL DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DO COLÉGIO DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS |
Helena Beatriz de Moura Belle 1 Iria Brzezinski 1,2 |
1. PUC Goiás 2. Profª Dra. Orientadora – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação |
INTRODUÇÃO: |
O objeto deste trabalho consiste do perfil dos estudantes e a atuação do Colégio da Polícia Militar BETA no ensino médio. Os objetivos são: a) apresentar o histórico da criação dos Colégios da Polícia Militar no Estado de Goiás com destaque para sua regulamentação em 1976 e implementação em 1990; b) discutir as políticas educacionais e os modelos de gestão do colégio da polícia militar fundamentados nas imagens organizacionais da escola e no princípio constitucional de gestão democrática na escola pública; c) analisar as condições, social e profissional, dos estudantes e atuação dos gestores do CPMG BETA. O enunciado dos princípios indicados no artigo 206 da Constituição Federal de 1988 é bastante vasto e sugere interpretações diversas, o que possibilita campo fértil ao desenvolvimento de ações que poderão configurar o seu êxito ou o seu insucesso. Estas possibilidades constituem tema preocupante no campo educacional, haja vista que podem configurar o descumprimento dos próprios princípios básicos da gestão e influenciar nas rotinas dos estudantes. Até o presente momento não se apresentaram estudos que envolvessem as influências das ações desenvolvidas no CPMG BETA na identificação de seus estudantes. |
METODOLOGIA: |
Para o desenvolvimento do estudo adotou-se a pesquisa qualitativa por delimitar dimensão que envolve amostra, períodos, indicadores, tamanho da população, frequência ou intensidades dos acontecimentos observados (Demo, 1995, p. 9) e (Thiollent, 1986, p. 60). Os procedimentos metodológicos foram a análise documental, a observação, o questionário com preenchimento simultâneo e a entrevista semi-estruturada individual. A amostra intencional tomou como recorte os estudantes do 3º ano do CPMG BETA matriculados em 2011 e os professores das respectivas turmas, no turno matutino. Os sujeitos participantes da pesquisa, na categoria aluno, no total de 54, correspondentes a 13,63% de 396 matriculados no ano de 2011, originados de uma turma completa e 50% de outra, do conjunto de 11 turmas do 3º ano, e 9 professores do total de 18, representado 50% do conjunto. A análise documental materializou-se pela verificação em regulamentos e orientações da Secretaria de Estado da Educação e do CPMG BETA. A observação consistiu no acompanhamento de atividades realizadas em sala de aula, pela análise dos procedimentos orientadores das ações dos estudantes e dos professores e dos eventos rotineiros da escola, conforme cronograma de trabalho vigente. |
RESULTADOS: |
A revisão histórica sobre as políticas educacionais do Estado pós Lei nº 9.394/1996 revela os esforços à formação de força auxiliar do militar com base na hierarquia. A Secretaria da Educação, em 1999, definiu pela atuação da Polícia Militar no ensino médio, estendendo aos membros da sociedade civil. Revelou-se que dos 54 sujeitos pesquisados 30% afirmam que o ingresso se deu pela qualidade do ensino e 27% influência da família; 67% ocorreram por cidadãos civis; os meios são provas e sorteios; de forma regular são destinadas 50% das vagas para as categorias; assim, a diferença de 34% para mais no ingresso de civis são feitas por excepcionalidades. 53% entendem que o estudo ampliará as oportunidades e 24% que contribui para a correção das deficiências. 44% que os tornam autônomos e 19% disciplinados, 37% afirmam não influenciar. 92% afirmaram que o lema “Escola de Civismo e Cidadania” é discutido, para 49% melhora seu convívio, para 45% não interfere. Para 62% a hierarquia é obedecida e importante, contra 34% que obedecem e não contribuem. 65% seguem as normas e 31% as conhecem. 68% concordam que as premiações por notas são importantes (é evidente a valorização pela meritocracia e não pelo interesse do alunado de ter acesso aos conhecimentos que lhes possibilitem emancipação e autonomia). 51% afirmam que a escolha da direção deveria ser por eleição; a escolha é pelo Comando da Polícia; 32% concorda que é adequada. |
CONCLUSÃO: |
Os termos regulatórios da educação estadual apresentam o histórico do CPMG BETA e os resultados reconstituíram o histórico do ensino militar no Brasil e em Goiás, analisar os diplomas legais, e reconhecer as formas para o ingresso na escola. Adotaram-se conceitos e críticas às políticas educacionais que se sustentam em um modelo de Estado Mínimo, baseados nos princípios do neoliberalismo. As comparações entre as imagens das escolas como democracia e burocracia, com as imagens que valorizam a gestão democrática foi foco do estudo. Os estudantes preferem orientações disciplinadoras. Percebeu-se que maior número de ingressantes é da classe social baixa, realizado, também, pelo “jeitinho” brasileiro. Há o anseio por gestão democrática com escolha da direção e, segue-se a obediência aos princípios de hierarquia, não há contestação. São notáveis as contradições. Os rigores são importantes, pois contribuem para a ascensão profissional e correção de deficiência anterior (muitas vezes precária). A Escola como Democracia se faz presente pela aplicabilidade de uma ou outra ação, logo, não faz parte do cotidiano do CPMG BETA. Conclui-se que o modelo predominante é o da Escola como Burocracia em que os preceitos disciplinadores de condutas prevalecem sobre os princípios democráticos. |
Palavras-chave: Políticas educacionais e gestão democrática, Colégio BETA da Polícia Militar do Estado de Goiás, Ensino médio. |