63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 1. Silvicultura
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS VOLTADAS PARA AGROENERGIA E SEGURANÇA ALIMENTAR
Juliana Braga Mascarenhas 1
Hugo Telles Costa 1
Jácomo Divino Borges 2
1. Estudante. Depto. de Ciências Agrária, Fac. de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás_ UFG
2. Prof. Dr./ Orientador. Depto. de Ciências Agrária _ UFG
INTRODUÇÃO:
Sistemas agroflorestais (SAF’s), segundo Alvim et al. (2005), são uma combinação de cultivos com base florestal e culturas agrícolas anuais (Rodigheri & Graça, 1996) ou pastagem, de maneira simultânea ou seqüencial.
Os SAF’s podem apresentar variações quanto à estrutura e função, e também quanto às suas condições sócio-econômicas e ecológicas. Quanto à estrutura, esta pode variar em composição, em arranjo espacial, com diferentes densidades e distribuição do componente arbóreo, o arranjo temporal dos componentes e a estratificação vertical. Referente à função, esta pode ser desde a produção de bens, como a de serviços a outras espécies ou ao sistema como um todo. No âmbito sócio-econômico, varia de acordo com o nível de utilização de insumos no manejo, intensidade ou escala do manejo e os objetivos comerciais (Ambiente Brasil, 2006).
Conforme Nair (1983), o objetivo da maioria dos SAF´s é otimizar os efeitos benéficos das interações que ocorrem entre os componentes arbóreos e as culturas e, ou, animais, a fim de obter a maior diversidade de produtos e reduzir os impactos ambientais.
O objetivo do trabalho é verificar a influência e interação das culturas anuais no solo e nas espécies arbóreas, selecionando as de maior resistência e melhor adaptação na região do SAF.
METODOLOGIA:
O experimento ocupa uma área de 2 ha e localiza-se em uma região orgânica, na Embrapa - Arroz e Feijão. O solo da área é suave ondulado, com fraco declive, sendo classificado como Latossolo Vermelho.
Na área foram instalados dois modelos de SAF´s, um para a produção de agroenergia e o outro para segurança alimentar. Divididos em 4 blocos, com 26 parcelas. Em 2008, fez-se o plantio das mudas das espécies arbóreas do Cerrado, angelim (Andira fraxinifolia), angico (Anadenthera falcata), aroeira (Myracrodruon urundeuva), baru (Dypterix alata), cagaita (Eugenia dysenterica), farinha seca (Albizia hassleri), ingá (Inga laurina Willd) e pequi (Caryocar brasiliense Camb.), no delineamento de blocos casualisados.
Em 2009, no início do período chuvoso, plantou-se o adubo verde nos SAF´s_ crotalária (Crotalaria juncea), guandu gigante (Cajanus cajan), feijão de porco (Canavalia ensiformis) e sorgo forrageiro [Sorghum bicolor (L.) Moench].
Após 3 meses, tendo colhido o adubo verde, foram inseridas as culturas anuais. No SAF energia, plantou-se gergelim (Sesamum indicum) e girassol (Hellianthus annuus). E no segurança alimentar, milho bandeirante e feijão pontal.
Foram coletadas amostras de solo e avaliou-se a altura total, o diâmetro do colmo e a sobrevivência das mudas das espécies arbóreas.
RESULTADOS:
Os resultados parciais obtidos foram ao longo de um ano de avaliações de diferentes variáveis.
As espécies angico, baru, aroeira e farinha seca foram as que tiveram menores quantidades de mudas mortas, e as espécies cagaita, angelim e pequi as que tiveram as maiores mortalidades na fase inicial, tendo-se realizado replantio para substituir as plantas mortas, o que influenciou nos valores médios da altura total e do diâmetro dos indivíduos dessas espécies.
Realizou-se o cálculo da análise de variância para os valores de produção de grãos, em quilo por hectare, do milho bandeirante, do feijão pontal e para o número de vagens do feijão pontal, no SAF segurança alimentar, assim como para a produção de grãos de gergelim e de girassol para o SAF agroenergia.
CONCLUSÃO:
As espécies arbóreas nativas mais promissoras na composição dos SAF’s neste primeiro período de avaliações foram angico, baru, aroeira, farinha seca e ingá, sendo que a aroeira apresentou os maiores valores médios para as variáveis altura total e diâmetro.
No sistema agroflorestal de segurança alimentar, as duas culturas anuais, feijão pontal e milho bandeirante não apresentaram diferenças significativas em sua produtividade entre as áreas condicionadas com diferentes tipos de espécies de adubos verdes. Os valores médios do número de vagens do feijão, por bloco e tratamento, não diferiram estatisticamente.
Enquanto, no sistema agroflorestal agroenergia, houve variação do rendimento de grãos do gergelim entre os blocos e tratamentos, o melhor tratamento foi o que utilizou a crotalária como adubo verde. O rendimento em grãos de milho não apresentou diferenças estatísticas significativas entre os tratamentos e blocos.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Arbóreas nativas do Cerrado, Conservação do solo.