63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
A POESIA EM ESTILO ÉPICO NO BRASIL
Rafael Barrozo de Carvalho 1, 4
Jamesson Buarque de Souza 2,3,4
1. Graduando FL
2. Prof. Dr./ Orientador
3. Dpto Teoria Literária FL
4. UFG
INTRODUÇÃO:
Consiste ao épico, como delimita Hegel (2002, p. 434), dentre outras funções o dever de narrar os conteúdos locais e naturais de uma nação, e principalmente de uma nação muito nova como a brasileira. Nesse foco, além da Lírica e do Drama, implanta-se no território que viria a ser o Brasil o épico, justamente com o senso de busca nacional. Surge assim, obras como Prosopopeia, de Bento Teixeira Pinto, e seguindo cronologicamente, temos O Uraguai, de Basílio da Gama, Caramuru, de Santa Rita Durão, Martim Cererê, de Cassiano Ricardo e Invenção do Mar, de Gerardo Mello Mourão. Contudo, apesar desta obras, justamente com o advento do Romantismo, com sua fase chamada Nacionalista, dita Indianista, essa busca pelo épico fundador perdeu o vigor e com o Modernismo observamos diversos poemas-livros épicos surgirem no cenário literário brasileiro. E foi com esses dados intrigantes que desenvolvemos essa pesquisa, fazendo um percurso pelos épicos nacionais e buscando nos poemas a realização do senso de busca pelo épico nacional, observando se este senso tenha se perdido, esmaecido ou se apagado. Objetivando contribuir nos resultados maiores do projeto “Presença do etilo épico na poesia brasileira moderna e contemporânea”, do qual este trabalho faz parte, no tocante a permanência do estilo épico na Literatura Brasileira, além de contribuir a Teoria da Literatura no que se relaciona ao problema da perda, esmaecimento ou apagamento do senso de busca pelo épico nacional.
METODOLOGIA:
A pesquisa tomou um caminho analítico, interpretativo e teórico-crítico. Iniciando com a leitura de obras épicas canônicas e que fazem parte da formação de nossa Literatura, como Ilíada, de Homero, Eneida, de Virgílio, A Divina Comédia, de Dante e Os Lusíadas, de Camões. Para, a partir de então nos debruçarmos na Literatura Brasileira, iniciando pelos poemas barrocos, seguindo pelos árcades, românticos e por fim modernos e contemporâneo, nos detendo mais as obras como Caramuru e Martim Cererê, por serem dois grandes representantes dos períodos literários. Concomitantemente a leitura destas obras, realizamos a parte teórica-crítica, passando e nos fundamentando em Aristóteles, Platão, Antonio Candido, Hegel, Alfredo Bosi, dentre outros. E com o desenvolver das leituras passamos por etapas como a de comparar as obras com os contextos históricos em que estão inseridas, além de mapear obras com o senso de busca nacional para confrontarmos com as obras de nosso corpus. E após isto fizemos uma comparação destes dados a fim de sabermos se o sendo de busca pelo épico nacional se perdeu, esmaeceu ou se apagou.
RESULTADOS:
Conforme pudemos verificar, há uma constante busca do épico nacional em nossa Literatura, da qual percorreremos. Iniciando pelos poetas coloniais, como Basílio e Durão, que se destacam nessa busca. Caramuru tem forma mais condizente ao épico em relação aO Uraguai, além da valorização dos índios. Em O Uraguai se destaca o povo português, aparecendo na obra como bons colonizadores, além de haver uma consubstanciação de características européias nos indígenas, ou seja, apesar de vangloriar outro povo não deixa de destacar aspectos brasileiros. Assim, figura-se no contexto da Literatura Brasileira duas obras, ambas vangloriam a pátria e o povo da nova nação. Partindo para o Romantismo temos um esmaecimento na busca pelo épico nacional, e essa suavidade na busca ocorre por vários motivos, como o contexto do século XVIII, no qual há momentos que influenciaram a ascensão do lírico e do romance, como por exemplo, a Revolução Industrial e a ascensão da burguesia. Contudo, a tradição de busca pelo épico apenas esmaeceu, e não se perdeu e nem se apagou, visto que neste mesmo período surgem obras como I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, em que encontramos valores nacionais. Mesmo com o advento do Modernismo, encontramos essa busca pelo épico nacional. A obra épica nacional que nos traz elementos essenciais da nação e também do povo, a exemplo temos o mito das três raças, porém com uma forma de poema épico diferente das que nortearam os clássicos, é Martim Cererê, de Cassiano Ricardo.
CONCLUSÃO:
A partir do percurso que passamos, analisando obras desde o início da Literatura no Brasil, tendo como início a perspectiva de Afrânio Coutinho, em que a Literatura se inicia a partir do momento que se tem texto no Brasil. Assim, podendo observar desde Prosopopeia a Martim Cererê, pudemos evidenciar que a busca pelo épico nacional apenas se esmaeceu, e não se perdeu nem se apagou. Visto que em todos os momentos literários observarmos surgir obras que buscam o nacional e valorizam a criação e povo dessa nova terra. Podemos citam ainda, obras após Martim Cererê que conquista o mérito de épico de busca nacional, como por exemplo, Invenção do Mar, de Gerardo Mello Mourão, em que canta o surgimento do Brasil, assim, confirmando que mesmo após o modernismo, na contemporaneidade há a busca pelo épico nacional.
Palavras-chave: Poesia, Épico, Literatura Brasileira.