63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
Perfil Nutricional dos escolares residentes na área urbana da cidade de Manaus-Amazonas.
Tatiana Melo Lopes 1,2
Fernando Hélio Alencar 1,2
Jaqueline de Araújo Sales 2
Dasla Pereira Machado de Souza 2
Samara Feitoza de Araújo 2
Margarete de Sá Soares 1
1. Universidade Federal do Amazonas - UFAM
2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
INTRODUÇÃO:
Em 2009, o número de pessoas subnutridas ultrapassou um bilhão, embora as estimativas recentes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO sugerem que esse número caiu para 925 milhões em 2010. Entretanto, nos últimos anos a literatura nacional vem registrando uma expressiva redução na curva de prevalência da desnutrição infantil com elevação concomitante da ocorrência de sobrepeso entre as crianças com idade escolar e adolescentes, decorrentes do novo perfil epidemiológico “a transição alimentar” vivenciada pela sociedade brasileira, que nos últimos anos vem adotando um padrão alimentar com tendência favorável ao combate a subnutrição, pelo aumento na disponibilidade de calorias per capta e maior consumo de alimentos de origem animal. No Amazonas a literatura regional pregressa refere-se principalmente ao grupo populacional representado pelos pré-escolares não sendo observada nenhuma pesquisa demonstrando a real situação nutricional dos “escolares” na cidade de Manaus. Portanto, o presente estudo objetivou conhecer qual a realidade nutricional deste segmento populacional representado pelos escolares residentes na área Urbana da cidade de Manaus.
METODOLOGIA:
Fizeram parte da pesquisa 890 crianças em idade escolar (6 a 10 anos) de ambos os gêneros, matriculadas em sete escolas Públicas Municipais, cursando o Ensino Fundamental, localizadas em todo o perímetro urbano (zonas Norte, Sul, Leste e Oeste) da cidade de Manaus-AM. O estudo foi de corte transversal e o cálculo amostral foi realizado com representatividade estatística para a área metropolitana de Manaus. O cálculo do escore-z das relações peso/estatura (P/E), estatura/idade (E/I) e peso/idade (P/I) foi feito pelo software Epi-Info 2005, versão 3.5,1, utilizando como referencial dados do Center for Disease Control and Prevention do NCHS, 1977. Foi aplicado durante o período da pesquisa um questionário com os pais/responsáveis escolar contendo perguntas relacionadas aos aspectos: ambiental, social e econômico, previamente padronizados em pesquisas realizadas no Laboratório da Nutrição- LAN/INPA. Utilizou-se para a classificação socioeconômica os critérios do IBGE, 2008. O presente projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (CEP 157/07). Só participaram da pesquisa os escolares que os responsáveis assinaram e entregaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido-TCLE
RESULTADOS:
A amostra ficou representada por 890 escolares, 53,1% do gênero feminino e 46,9% do gênero masculino. Os resultados evidenciaram como principal manifestação da desnutrição a forma crônica (E/I) acometendo 3,9% dos escolares, a desnutrição global (P/I) foi de 2,1% e a aguda (P/E) 1,3%. O excesso de peso representou 22,2 % da amostra, destas 12,4% estavam com sobrepeso e 9,8% com obesidade. A desnutrição crônica obteve maior prevalência na zona Sul (5,6%) e menor na Oeste (2,6%)(p<0,05), foi notadamente maior (5,3%) no gênero masculino (p>0,05), na faixa etária de 5, 6 anos respectivamente 2,5% e 2,1% (p>0,05) e apresentou valores significativos para as variáveis: classificação socioeconômica (classe E-2,9%), Chefe da família (Outros parentes-7,7%), escolaridade materna (Alfabetização Completa-4,8%) e número de pessoas na residência (11-15 pessoas-7,9%) (p<0,05). O sobrepeso foi maior na zona Leste (14,4%) e a obesidade na Sul (12%) (p>0,05), as meninas apresentaram maior prevalência de sobrepeso (12,9%) e os meninos de obesidade (11,5%)(p>0,05). Observou-se que a renda familiar (4 a 6 SM -29,3%) e o chefe da família estavam diretamente relacionada com a prevalência de excesso de peso p<0,05, onde os avós receberam destaque de decisão da família (23,9%).
CONCLUSÃO:
Os resultados encontrados no presente estudo nos permitem concluir que a desnutrição é freqüente na cidade de Manaus, apresentando ainda alta prevalência de sobrepeso e obesidade, se assemelhando aos que tem sido observado no Sul e Sudeste do país. O excesso de peso foi prevalente tanto nas meninas, quanto nos meninos, merecendo o cuidado dos pais para a identificação destes desvios antes que se tornem crônicos. A zona Sul foi a área geográfica que mais apresentou desvios nutricionais, provavelmente pela falta de políticas públicas mais eficazes nesta área. Notadamente, quanto maior a classe social e a renda familiar, maior a probabilidade do escolar ter excesso de peso. O papel da escola na saúde do escolar é de suma importância, uma vez que o ambiente escolar é propício para o aprendizado, sendo assim, a “educação nutricional” deveria ser ministrada na escola, suprindo a falta de informação a respeito dos bons hábitos alimentares, podendo com isso, diminuir a progressão da obesidade que ocorre em todo o mundo. É fundamental que haja um maior comprometimento das políticas de saúde pública alertando sobre os perigos da obesidade, sedentarismo e da alimentação inadequada, proporcionando também acesso a tratamentos para a obesidade.
Palavras-chave: Escolares, Estado Nutricional, Manaus.