63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
CULTURA MATERIAL E ELEMENTOS SOCIAIS DO SERTÃO COLONIAL DA PARAHYBA DO NORTE
RAFAEL CARLOS FERREIRA 1
JÉSSICA RODRIGUES SANTANA 2
ANA PAULA DA CRUZ PEREIRA DE MORAES 3
1. Bolsista PIBICT - IFPB - Campus Cajazeiras
2. Bolsista PROBEXT - IFPB - Campus Cajazeiras
3. Orientadora - Profa. Ms. - IFPB - Campus Cajazeiras
INTRODUÇÃO:
No decorrer da construção da sua história o homem sempre procurou conhecer a si e o ambiente em que vive. A pesquisa por nós desenvolvida, intenta produzir um estudo sobre o sertão colonial do Rio Piranhas e Piancó, tendo como principal recorte, o século XVIII. A história colonial do sertão foi marcada pelo processo de ocupação de terras que antes eram habitadas pelas comunidades indígenas e isto acarretou grandes conflitos e inclusive a formação de uma cultura baseada no deslocamento. Para sondarmos este sertão na sua história, temos como instrumento de fornecimento de dados, ou seja, fontes, os inventários post-mortem produzidos no referido recorte temporal. Eles nos fornecem elementos para discutirmos a vida social, material e cultural dos sertanejos. Portanto, o nosso exercício investigativo de cunho histórico, trará informações sobre a história do sertão de Piranhas, de modo que, muito do que conhecemos hoje sobre o sertão poderá ser reconfigurado, reestruturado. Assim, nosso trabalho vem tentar somar a historiografia paraibana e também brasileira, visto que o sertão que tratamos foi, assim como tantos outros sertões, parte formadora da história brasileira.
METODOLOGIA:
A busca pelo saber histórico do período colonial da Paraíba encontra diversas barreiras, no que diz respeito às fontes de pesquisa e estudo. Desta maneira, faz-se uso da arte paleográfica para acessar a escrita contida nos inventários post-mortem do século XVIII arquivados, atualmente, no Fórum Promotor Francisco Nelson da Nóbrega em Pombal – PB. Metodologicamente, procedemos da seguinte maneira: (Passo 1) fazemos leituras teóricas para melhor construirmos um suporte de idéias de como melhor inquirir e analisar as fontes e concomitantemente, (passo 2) fazemos a coleta de documentos a partir do escaneamento das mesmas, e de posse das imagens, (passo 3) fazemos transcrição paleográfica e (passo 4) análise de suas informações. Para melhor sistematizar as informações das fontes históricas, (passo 5) montamos tabelas com campos de informação que tratam sobre os tipos de bens e características dos sujeitos inventariados e das pessoas com eles envolvidas. A partir de uma (passo 6) leitura indiciária dos documentos, a partir do método indiciário de Ginzburg, aliado a ampliação de olhar que teoria histórica nos proporciona, é que (passo 7) produzimos a interpretações sobre a vida material e cultural dos sertanejos que possuem bens no sertão colonial paraibano.
RESULTADOS:
Os dados adquiridos na pesquisa científica mostram-se essenciais para a compreensão de nossa sociedade colonial. As tabelas produzidas no decorrer da análise dos inventários expandem a nossa visão sobre a cultura material do sertão da Paraíba (século XVIII), no sentido quantitativo e qualitativo, pois, inclusive nos permitem perceber as influências européias que já dominavam o espírito elitista dos cidadãos dessa época, especialmente a partir da matriz religiosa. Ao mesmo tempo, esses dados tornam oportuno percebermos a situação social desse período que era marcada também pela relação escravo e senhores inventariados. Pois, para muitos, o sertão criatório, não teria a presença de escravos de forma marcante, todavia, isto não é confirmado nas fontes, onde encontramos escravos, inclusive com formação familiar, muitos desses nascidos ainda na África angolana. Portanto, visualizamos no sertão estudado, um ambiente onde se contrastam diferentes sujeitos de diferentes estratos sociais (livres, libertos e cativos) que por sua vez foram marcados pela cultura material típica do mundo rural e criatório de gado. Não podemos deixar de mencionar que notamos através da documentação, a presença de negócios comerciais desse sertão com outras capitanias como o Pernambuco, o Piauí e Bahia.
CONCLUSÃO:
Este trabalho buscou ampliar a visão histórica sobre o sertão paraibano colonial. Os levantamentos de dados a partir dos bens dos viventes do sertão de Piranhas e Piancó do século XVIII tornaram possível iniciar o conhecimento da vida material de indivíduos que se destacavam em uma sociedade rural de características criatória e escravista. Estas novas informações nos permitem contradizer antigas teorias de que os escravos não se davam em matrimônio e nem constituíam família, visto que encontramos indícios de família escravas estáveis. O nosso trabalho acabou por se desenvolver de uma perspectiva tridimensional, ou seja, material, social e econômico, de modo que notamos, inclusive, a questão do relacionamento inter-capitanias em que o alto sertão paraibano também estava envolvido. Por fim, concluímos que a sociedade do Sertão da Capitania da Parahyba do Norte, assim como outras sociedades sertanejas, viveram um modo de organização de vida que atendia as exigências de uma região onde a sobrevivência era marcada por técnicas agrícolas e pecuaristas voltadas para um lugar onde a terra não tinha muita fertilidade e apresentava pouca chuva.
Palavras-chave: História, Cultura material, Paraíba colonial.