63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
A COLUNA FOLHETIM E MARQUES DE CARVALHO: TRAJETÓRIA LITERÁRIA EM PERIÓDICOS BELENENSES OITOCENTISTAS
Joice do Socorro Alves Monteiro 1
Germana Maria Araújo Sales 2
1. Instituto de Letras e Comunicação, Faculdade de Letras- FALE/ UFPA
2. Profa. Dra./Orientadora, Instituto de Letras e Comunicação, FALE/ UFPA
INTRODUÇÃO:
O escritor João Marques de Carvalho destacou-se pela criação de narrativas ficcionais em periódicos belenenses oitocentistas. É conhecido, principalmente, por ter ajudado, no ano de 1900, na fundação da Academia Paraense de Letras e por ser o autor da obra naturalista Hortência, publicada no ano de 1888. Como vários autores estrangeiros e brasileiros, Marques de Carvalho aproveitou-se do sucesso que a coluna folhetim fazia para consolidar-se como escritor no final do século XIX, publicando contos, romances, críticas literárias, lendas, poemas e traduções de prosas de ficção no rodapé das primeiras páginas dos periódicos para os quais contribuiu como jornalista. Não foi recebido com bons olhos pela crítica literária da época e hoje é quase um desconhecido ou simplesmente esquecido. Este trabalho tem como objetivo recuperar a importante contribuição deste autor paraense para a imprensa jornalística como escritor frequente da coluna folhetim, atividade que marcou sua trajetória literária.
METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento deste estudo, foram utilizados como materiais os rolos de microfilme dos periódicos: plano de trabalho: A Província do Pará (primeiramente nos anos 1885-1886 e posteriormente no período de 1901 a 1910), Diário de Belém (1884-1885) e A República (1886-1887/1889-1900), que circularam por Belém na segunda metade do século XIX. Esses rolos encontram-se disponíveis na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (FCPTN), no setor de microfilmagem. Além disso, foram consultados e lidos alguns livros e artigos sobre crítica literária a respeito da produção do autor Marques de Carvalho. Quanto à metodologia adotada, foram realizadas a catalogação do material pesquisado, a digitação das informações catalogadas, a análise do corpus selecionado, a realização de pesquisa bibliográfica e a seleção dos dados mais relevantes para a pesquisa.
RESULTADOS:
Marques de Carvalho foi um escritor assíduo da coluna folhetim, especialmente, nos jornais Diário de Belém, A República e A Província do Pará, para os quais o autor escreveu contos, lendas e romances e, além disso, realizou traduções de textos de autores estrangeiros. Além dos jornais citados, o escritor contribuiu também para os periódicos A Arena e Commercio do Pará. Apesar de não ter sido bem recebido pela crítica literária com a publicação de sua obra naturalista Hortência, Marques de Carvalho recebeu destaque com a publicação de seus contos, alguns dos quais foram publicados no formato livro, sob o título Contos Paraenses (1889), Entre as Nymphéas (1896), entre outros títulos. A partir de uma pesquisa documental e bibliográfica percebeu-se que grande parte da sua produção ficcional ainda se encontra desconhecida por muitos estudiosos. Marques de Carvalho, apesar de não ser consagrado romancista, contribuiu efetivamente tanto para a literatura paraense quanto para a literatura brasileira, levando-se em consideração a sua produção ficcional, principalmente a de seus contos publicados em jornais belenenses oitocentistas.
CONCLUSÃO:
Infere-se que a trajetória literária do autor paraense João Marques de Carvalho não foi composta de grandes sucessos, a começar por seus primeiros romances não concluídos, A leviana: a história de um coração, publicado no jornal A Província do Pará, e O pagé, publicado no periódico A República, ambos interrompidos por fatores desconhecidos. Especula-se, porém, que o fator determinante para que seus romances não fossem finalizados seria o desagrado do público-leitor da época. Quanto à recepção da crítica literária, pode-se destacar as observações relacionadas ao único romance publicado por Marques de Carvalho, a obra literária Hortência, como uma prosa de ficção que “tem força, mas não tem densidade”, como afirma Eidorfe Moreira (1997). Assim, pode-se ratificar que a crítica, de um modo geral, não foi favorável ao autor paraense, entretanto podemos destacar a sua assídua participação e/ou colaboração na coluna folhetim de diversos jornais da época, fato notório de que Marques de Carvalho merece destaque como escritor de nossa literatura.
Palavras-chave: Escritor, Marques de Carvalho, Coluna folhetim.