63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística
HUMOR E LINGUAGEM NAS TELAS DA MÍDIA: A RESSIGNIFICAÇÃO LINGUÍSTICA NO ESPAÇO TELEVISIVO BRASILEIRO
Hildebrando Silva Reis 1
Everaldo dos Santos Almeida 2
1. Pesquisador - Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, Faculdade Atenas Maranhense - FAMA
2. Prof. / Orientador - Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, Faculdade Atenas Maranhense - FAMA
INTRODUÇÃO:
No Brasil a TV alavanca tudo, negócios, política, formação de opinião, entretenimento, cultura e humor. Os programas televisivos dão uma reverberação semântica completamente diferente, mostrando a realidade de outra forma; contribui, também, para criar um espaço para deliberação social e o intercâmbio social de razões linguísticas, uma vez que a televisão congrega milhões de pessoas que consomem a linguagem imagética, fugas e imediata deste meio de comunicação.
A língua não é só um instrumento, mas um trabalho humano, um produto histórico-social, ou seja, faz parte da língua revestir-se de concretizações historicamente determinadas através da interação, por meio da qual surgem novos modos de dizer e se significar.
Nesse processo de (re)significação linguística, os programas humorísticos criam linguagem laboratorizadas a partir de perfis presentes à silhueta social de um povo. Os bordões e expressões que passeiam pelas falas dos personagens desses programas, é a representação social e ideológica de seu povo. Por isso, todos os olhares são lançados para a platéia (telespectador), pois ela precisa ser convencida a alojar as novas (re)construções linguísticas.
METODOLOGIA:
Por meio de uma pesquisa qualitativa analítica acerca do perfil linguístico do programa humorístico Casseta e Planeta, Urgente! da Rede Globo de Televisão, a pesquisa objetiva detalhar as variações e especificidades sincrônicas de alguns vocábulos da Língua Portuguesa e suas implicâncias diretas na linguagem popular.
O trabalho não tem por finalidade intenções intervencionistas, ou seja, a pesquisa concentra-se no mapeamento descritivo de como novos dizeres se inscrevem na fala de um número de falantes.
A pesquisa seguiu dois eixos denominados Seleção e Aplicação.
Primeira Fase: Seleção: Foram escolhidos alguns dos bordões veiculados por alguns quadros do programa Casseta & Planeta, Urgente! para servirem de exemplo daquilo que se quer comprovar: uso de expressões apresentadas pelo programa as quais se inserem na fala cotidiana de certos grupos sociais.
Segunda Fase: Aplicação: Foi também tarefa deste estudo, a aplicabilidade em sala de aula dos resultados obtidos como forma de estudar laboratorialmente a língua, otimizando o leitor a aprimorar-se no manejo dos expedientes linguísticos assim como seu nascedouro nos veículos sociais de comunicação, no caso em debate, a linguagem humorística televisiva do programa Casseta & Planeta, Urgente!.
RESULTADOS:
A atribuição de sentidos através da linguagem humorística televisiva é uma tarefa que requer algo mais que o conhecimento estrutural da língua, tornando-se fundamental analisar para além da sequência de palavras formadoras do enunciado, do modo de abranger as condições de produção (discurso humorístico), o contexto sócio-histórico-cultural que seduz a interação verbal e a enunciação, numa tentativa de assentar e realinhar a silhueta dos dizeres e agentes que acompanham a língua(gem) em seu percurso mutável e evolutivo.
A análise dos expedientes tanto linguísticos quanto da influência midiática humorística televisiva suscitam debates e ponderações acerca do aprofundamento de como os novos dizeres se inscrevem nos discursos populares em geral, isto é, os usos linguísticos ultrapassam as esferas sociais de comunicação.
A pesquisa reverbera não apenas sobre o objeto linguístico em si, mas oportuniza a continuidade dos estudos sobre as propriedades intrínsecas que envolvem a cultura e a língua de um povo, independentemente de composições econômicas e sociais, uma vez que os propósitos linguísticos fazem parte de um mundo que envolve os usuários da língua e suas intenções dialógicas, todas representativas da imensidão do cenário ideológico e linguístico do falante.
CONCLUSÃO:
O estudo aqui apresentado não teve o propósito de mapear uma definição concreta da natureza universal da linguagem e sua aplicabilidade nas diversas movimentações linguísticas da enunciação e da interação verbal, uma vez que a linguagem ressemantiza-se a partir de cada nova realidade no tempo e no espaço.
A mídia televisiva foi estudada como um dos aparelhos tecnológicos de grande força e influência nas novas formas e realidades linguísticas, tratando a língua(gem) como um grande espetáculo de audiência e como um produto midiático forte, carregado de (re)significações semânticas e pragmáticas. Assim, a televisão passa a negociar a linguagem, promovendo o encontro entre televisão e telespectador, capturando o falante, fazendo-o com que a linguagem resultante desta união seja muito mais que um fim, mas um meio de propagação e divulgação de um produto: a linguagem do humor.
Palavras-chave: Mídia televisiva, Humor, Linguagem.