63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia |
LÍQUIDO AMNIÓTICO DE GESTANTES COM SUSPEITA LABORATORIAL DE TOXOPLASMOSE AGUDA E INOCULAÇÕES SUCESSIVAS EM CAMUNDONGOS PARA PESQUISA DE TOXOPLASMA GONDII |
Laís Amanda Bergantini 1 Ana Lucia Falavigna Guilherme 2 |
1. Universidade Estadual de Maringá 2. Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Ciências Básicas da Saúde - UEM |
INTRODUÇÃO: |
A toxoplasmose é transmitida ao homem pela ingestão de cistos em tecidos de hospedeiros infectados, ingestão de oocistos esporulados presentes em fezes de felídeos (Remington et al., 2006; Rorman et al., 2006), e por taquizoítas que podem contaminar o feto (Remington et al., 2006). A primoinfecção é assintomática na maioria dos indivíduos imunocompetentes (Hill e Dubey, 2002). As formas graves da toxoplasmose podem ser observadas em indivíduos imunocomprometidos e em recém-nascidos (Dalgiç, 2008). As lesões fetais podem ocasionar formas subclínicas, desenvolvimento de coriorretinite, microftalmia com estrabismo, danos ao sistema nervoso central ou morte intra-uterina, estando diretamente relacionada à virulência do parasito, resposta imune da mãe e período da gravidez (Desmonts and Couvreur, 1974). No Brasil, a combinação de técnicas para diagnóstico muitas vezes não é realizada. Além disso, 0,97% de gestantes com infecção pelo T. gondii dentre as gestantes atendidas nos serviços públicos do noroeste do Paraná, nem sempre são adequadamente diagnosticadas (Castilho-Pelloso et al, 2007). Higa et al, 2010, em estudo prospectivo, detectou gestantes com IgM reagentes anti-T. gondii entrando tardiamente no Ambulatório de Gestação de Alto Risco do HURM/UEM. O objetivo deste trabalho foi analisar líquidos amnióticos de gestantes com suspeita laboratorial da doença, realizando inoculações sucessivas em camundongos, na tentativa de isolar o T. gondii. |
METODOLOGIA: |
Gestantes atendidas no Ambulatório de Gestação de Alto Risco do Hospital Universitário de Maringá, Paraná, de agosto de 2009 a julho de 2010, encaminhadas pelas secretarias municipais de saúde dos municípios da 15º Regional de Saúde do Paraná. Foram retirados 10 mL de líquido amniótico (LA), de gestantes IgM reagentes com fraca ou intermediária avidez para IgG. Aproximadamente 5 mL do líquido amniótico foi centrifugado. O sobrenadante desprezado até o volume de 2 mL. Destes, 0,3 mL foram utilizados para confecção de lâminas para exame à fresco e corado por Giemsa, O restante do material biológico foi inoculado intraperitonealmente em 5 camundongos machos. O líquido intraperitoneal destes animais foi examinado entre 7 e 11 dias após a inoculação. Após 30 dias, foram eutanasiados e retirados parte do pulmão, cérebro, fígado e líquido peritoneal. Os órgãos foram macerados, ressuspensos em salina, tratado com antimicrobiano e inoculados em outros 5 camundongos. Este processo foi repetido até 5ª passagem. Na 2ª passagem foi realizada a sorologia por IFI para pesquisa de IgG anti-T. gondii, a partir da coleta do sangue retroorbital. Quando fosse possível o isolamento de alguma cepa esta seria congelada em nitrogênio líquido para futuros estudos. Os procedimentos em gestantes (Parecer n0 024/2009) e animais (Parecer n0 021/2009-CEAE) estão aprovados pelos respectivos Comitês da UEM. Foi feita a comparação do resultado da inoculação experimental com o PCR do líquido amniótico. |
RESULTADOS: |
No período foram realizadas 4 amniocenteses. O líquido da gestante CaA mostrou-se contaminado durante a 3ª passagem (F3) em camundongos, confirmando a transmissão vertical. Foram visualizados taquizoítas no líquido peritoneal dos camundongos, que apresentaram ascite, pelos eriçados, emagrecimento e caquexia. A IFI mostrou-se positiva. O material foi reinoculado mantendo a infecção na passagem F4 e F5, quando então o material advindo da ascite foi preparado para congelamento em nitrogênio liquido. Durante o preparo do LA à fresco ou corado nenhum taquizoíta foi visualizado. A análise experimental do LA é uma técnica valiosa para se conhecer o genótipo do parasito e a patogenicidade de cepas de T. gondii. Castro et al, 2001, verificaram que entre os 8 casos de toxoplasmose aguda em gestantes confirmadas pela PCR, o diagnóstico pós-natal confirmou 4 e excluiu em 4. A inoculação de LA em camundongo foi positiva em 2 casos, dos quais em 1 a PCR foi negativa. Portanto, a inoculação experimental é de grande importância para a observação da contaminação do feto e desenvolvimento de pesquisas e entendimento da dinâmica da toxoplasmose entre as regiões. Com o material congelado será estudado parâmetros de patogenicidade, cronicidade, taxa de mortalidade. Há escassos dados no Brasil com cepas de T. gondii isoladas de gestantes. Este achado poderá contribuir com pesquisas no laboratório, inclusive já havendo seguimento deste isolado por um doutorando do Programa em Ciências da SaúdeUEM |
CONCLUSÃO: |
A transmissão vertical da toxoplasmose congênita foi observada nesta pesquisa. Foi observada a presença de taquizoitas em camundongos em passagens mais tardias. Apesar de baixa sensibilidade, a inoculação em animais é a prova concreta de sua contaminação, mesmo quando o PCR se mostra negativo, como foi o caso da gestante CaA, na qual o PCR realizado na UEL e em Porto alegre (encaminhado pelo HUUEM) mostraram-se negativos |
Palavras-chave: gestantes, líquido amniótico (LA), Toxoplasma gondii. |