63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia |
O CONSUMO DE MEDICAMENTOS POR PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM TRATAMENTOS HEMODIALÌTICO |
Nayara Vieira de Faria 1 Talita Sousa Batista 1 Maria Luiza Rêgo Bezerra 1 Elen Diana Lopes Moraes 1 Adriana Alves de Sousa 1 Paulo Roberto da Silva Ribeiro 2 |
1. Curso de Enfermagem – CCSST – Universidade Federal do Maranhão – Imperatriz – MA 2. Prof. Dr./Orientador – Curso de Enfermagem – CCSST – Universidade Federal do Maranhão – Imperatriz – MA |
INTRODUÇÃO: |
A doença renal crônica (DRC) é uma patologia definida pela perda lenta e irreversível da função renal. Ela representa, atualmente, um importante problema de saúde pública no Brasil. Quase um milhão de brasileiros sofre de problemas renais e 70% não são diagnosticados. Um dos objetivos mais importantes do tratamento da DRC é retardar a progressão desta patologia, através do tratamento específico das doenças de base que constituem o seu diagnóstico etiológico, levando ao uso de vários medicamentos para o tratamento das mesmas, tais como anti-hipertensivos, carbonatos, vitaminas do Complexo B, vitamina C, heparina e outros. Assim, este trabalho objetivou verificar o consumo de medicamentos por pacientes com DRC em tratamento hemodialítico atendidos na Clínica de Doenças Renais (CDR), localizada no Município de Imperatriz – MA, bem como investigar possíveis processos de automedicação. |
METODOLOGIA: |
Trata-se de um estudo descritivo, de campo, prospectivo e com abordagem quantitativa. Para tanto, foram analisados 118 pacientes, com faixa etária entre 21 a 85 anos, no período de novembro de 2009 a abril de 2010. A cada paciente submetido à pesquisa, foram fornecidas as informações e os esclarecimentos necessários para a sua participação, demonstrando a relevância da pesquisa e sua importância no processo de aprendizagem acadêmica. Posteriormente, os dados foram obtidos após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, através da aplicação de um roteiro de entrevista semi-estruturado junto ao público-alvo, durante as sessões de hemodiálise. Assim, foram investigadas as seguintes variáveis: idade, sexo, grau de instrução, ocupação profissional e aspectos inerentes ao uso de medicamentos. Os dados foram agrupados, ordenados, tabulados e analisados para a caracterização de cada variável investigada. |
RESULTADOS: |
A partir da análise dos dados observou-se que a maioria dos pacientes é do sexo masculino (70,3%); acima de 50 anos (55,1%), possuidores do ensino fundamental incompleto (44,0%) e aposentados (23,7%). Quando indagados sobre o uso de medicamentos, 71,0% responderam que usam medicamentos prescritos, sendo que 24,0% fazem uso de vitaminas, 26,8 utilizam anti-hipertensivos (13,7% beta-bloqueadores e 13,1% inibidores da enzima conversora de angiotensina – IECA), 7,0% usam anti-diabéticos e 42,2% outros medicamentos. Observou-se que 35,6% destes pacientes adquirem gratuitamente os medicamentos na clínica onde fazem o tratamento e 33,9% destes declararam que já chegaram a abandonar a terapia medicamentosa, sem consentimento médico, principalmente por apresentarem reações adversas. Além disso, 30,4% dos pacientes fazem uso de medicamentos não prescritos, dentre eles destaca-se o uso de anti-inflamatórios não esteroidais – AINES por 49,1% dos entrevistados. A via oral foi relatada como a principal via de administração de medicamentos, predominando em 42,0% dos indivíduos. Estes costumam ingeri-los depois das refeições e nem sempre seguem o horário recomendado para o uso da medicação prescrita pelo médico, sendo que em 83,1% dos casos utiliza-se a água para auxiliar nesta administração. 14,4% dos entrevistados relataram que fazem uso de remédios caseiros à base de plantas medicinais, caracterizando a prática da automedicação. |
CONCLUSÃO: |
A partir deste estudo observou-se que a maioria dos entrevistados é do sexo masculino, com idade superior a cinquenta anos, com baixo índice de escolaridade e conhecimentos insuficientes para o uso seguro e eficaz dos medicamentos, o que sugere a necessidade de melhor orientação aos pacientes. Todos os pacientes utilizam medicamentos de uso contínuo, sob prescrição médica, em uma relação acima de cinco fármacos, com destaque para os anti-hipertensivos, anti-diabéticos e vitaminas. Entretanto, um número elevado dentre os participantes do estudo não procura orientação médica e praticam a automedicação, com destaque para o uso de AINES e de remédios caseiros à base de plantas medicinais. Dessa forma, torna-se necessária a realização de atividades educativas, visando orientar o paciente com DRC quanto ao uso racional de medicamentos. Sugere-se que uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, farmacêuticos e médicos realize a aplicação de um processo de ensino-aprendizagem que permita o desenvolvimento de uma consciência crítica desses pacientes, proporcionando uma educação libertadora, dentro da realidade dos participantes e não uma prática de orientação prescritiva e autoritária. |
Palavras-chave: Uso de medicamentos, Doença Renal Crônica, Hemodiálise. |