63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 5. Serviço Social da Saúde
ENTRE O SERVIÇO SOCIAL E A PROMOÇÃO DA SAÚDE: O TRABALHO DE ASSISTENTES SOCIAIS NA SAÚDE COLETIVA
Rafaela Scaramussa Nasser 1
Francis Sodré 2
1. Universidade Federal do Espírito Santo
2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Serviço Social - Universidade Federal do Espírito Santo
INTRODUÇÃO:
Ao se promulgar a Lei 8.080 de 1990, a saúde passa a ser concebida sob uma nova ótica e como dever do Estado garantir “acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”. Neste contexto se dá a inserção do trabalho do serviço social na promoção à saúde de seus usuários. Este debate construído após o movimento de reforma sanitária no Brasil ainda se mostra aberto a muitos campos de estudo quando pensamos o processo de trabalho do assistente social que atua em Unidades de Atenção Básica, especificamente aqueles inseridos nas Equipes Estratégia Saúde da Família. Este estudo é o primeiro momento e parte de uma pesquisa maior que visa estudar a atuação do assistente social nas ações de promoção a saúde em Vitória/ES. Seus objetivos são: a) caracterizar o debate do serviço social sobre o campo da promoção à saúde e, b) descrever como se dá a inserção dos assistentes sociais na saúde pública através do discurso da promoção em saúde. A relevância da pesquisa encontra-se na inexistência de um estudo específico acerca do processo de trabalho do assistente social inserido na saúde na cidade de Vitória/ES.
METODOLOGIA:
Na primeira fase da pesquisa foi feito um levantamento dos principais autores, através de livros, artigos, teses e dissertações a fim de localizar material recente envolvendo a temática “promoção à saúde”, “prevenção de doenças”, “processo de trabalho”, trabalho em Unidades de Saúde e Reforma Sanitária. Destaca-se Paim, Iglesias, Czeresnia e Buss, por tratarem de Reforma Sanitária, promoção à saúde e prevenção de doenças. Marx, por sua relevância no tema Trabalho, além de Iamamoto, Bravo, Vasconcelos e Costa pela importante contribuição teórica para o Serviço Social na área da saúde. As informações foram categorizadas e sistematicamente fichadas. Uma vez em campo, a cidade de Vitória apresentou-se dividida em 6 regiões de saúde, estas juntas contabilizam 28 Unidades de Atenção Básica, das quais, 21 possuem equipes Estratégia Saúde da Família onde atuam ao menos 1 assistente social. Foram selecionadas 6 entre as 21, tendo o cuidado de coletar dados em todos os territórios da cidade.
RESULTADOS:
Pela literatura encontrada observamos que o serviço social não produziu referenciais teóricos recentes sobre o tema “assistência social e promoção da saúde”. O debate da profissão se caracteriza pela produção de artigos científicos e trabalhos acadêmicos que avaliam a inserção do serviço social em programas e projetos após o período de implantação dos serviços pautados pela reforma sanitária. A inserção recente do assistente social, e de forma reduzida, nas unidades de saúde através do programa de saúde da família em unidades de saúde ainda não polarizou um debate sobre o tema “promoção da saúde” através dos assistentes sociais. Com o número mínimo de assistentes sociais inseridos nas equipes de saúde da família, 1 por equipe, Vitória/ES tem oferecido seus serviços de atenção básica. Em geral percebe-se que as ações dos profissionais inseridos na saúde vêem-se permeadas pela cooperação dos variados saberes das pessoas que compõem as equipes e que estas ações materializam-se na forma de serviços que são prestados a população usuária. Nota-se que a hierarquia e a centralidade na figura do médico se apresentam em quase todos os territórios, porém com a busca pela participação dos usuários, mudança nos espaços em que (com)vivem e pela promoção da saúde em detrimento apenas da prevenção de doenças.
CONCLUSÃO:
A implantação das equipes Estratégia Saúde da Família se iniciou em 1994, tinha como foco a inversão do modelo de atenção, uma nova lógica na qual se buscaria antecipar-se ao adoecimento e aos agravos indo aos lares antes que as pessoas buscassem as unidades de saúde, porém ao final deste estudo bibliográfico percebemos ser importante a busca por mudanças na formação do assistente social de forma a prepará-lo para uma atuação além de sua sala e espaço de trabalho no que se refere à saúde pública. O debate atual ainda não caracterizou a inserção do assistente social em programas e projetos que visam à ação do assistente social na promoção da saúde, sendo este um campo ainda em aberto para estudos futuros. Uma boa atuação exigirá ainda uma compreensão das políticas e programas para a área da saúde de forma a fazer possível o desenvolvimento de ações que alcancem para além da prevenção de doenças, mas a promoção da saúde.
Palavras-chave: serviço social, promoção da saúde, saúde coletiva.