63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia |
DA PALMATÓRIA À PALMADA PEDAGÓGICA: INCURSÕES FOUCAULTIANAS |
Natália do Carmo Rocha 1 Luiz Celso Pinho 2 |
1. Curso de Graduação em Pedagogia - bolsista PIBIC/CNPq - UFRuralRJ 2. Prof. Dr./ Orientador - Departamento de Filosofia - ICHS - UFRuralRJ |
INTRODUÇÃO: |
Este texto tem como mote principal realizar uma discussão de caráter introdutório em torno da educação e dos mecanismos de poder que permeiam o cenário escolar sob a perspectiva de Michel Foucault. A partir da história genealógica, a educação passou, em sua modalidade escolarizada, a ser considerada uma maquinaria destinada a disciplinar corpos em ação, com a finalidade de produzir um sujeito capaz de atender às demandas flexíveis do mercado, correspondendo, assim, aos investimentos familiares e às intervenções governamentais do Estado sobre o campo da saúde e do trabalho. Foucault apresenta a educação como sendo um dos pilares dos mecanismos de normalização (notadamente através da vigilância). Neste sentido, o texto em questão propõe a análise do poder disciplinar em instituições cuja função é a produção de corpos dóceis e úteis. |
METODOLOGIA: |
Análise e interpretação de material bibliográfico que aborde a noção de poder disciplinar na obra de Michel Foucault e de seus principais intérpretes. |
RESULTADOS: |
Foucault estuda os mecanismos de normalização, que a priori tem como ponto de fixação os corpos dos indivíduos que se encontram no interior de espaços institucionais precisos, como as escolas, os quartéis, os hospitais, os reformatórios etc. Tais mecanismos são denominados de disciplinas. A disciplina no interior das instituições educacionais não se restringe ao corpo, pois também ocorre a submissão dos conhecimentos à disciplina institucional, ou seja, à escolarização dos saberes. Dessa forma, “a ‘disciplina’ não pode se identificar como uma instituição nem como um aparelho; ela é um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que comporta todo um conjunto de instrumentos, de técnicas, de procedimentos, de níveis de aplicação, de alvos; ela é uma ‘física’ ou uma ‘anatomia’ do poder, uma tecnologia” (Vigiar e punir, p. 177).Os procedimentos disciplinares presentes no interior das instituições de ensino, desde o projeto pedagógico à arquitetura, fomentam a produção do sujeito normalizado; a escola não apenas reproduz, mas produz o sujeito sujeitado. O Panóptico exemplifica claramente a forma de funcionamento do poder: projetado para a constante vigilância de seus indivíduos, consiste num “mecanismo de localização doscorpos no espaço, de distribuição dos indivíduos uns em relação aos outros de organização hierárquica, de disposição eficaz de centros de canais e canais de poder” (“Poder e verdade”, p. 208). |
CONCLUSÃO: |
Sob a ótica de Foucault, a escola, instituição disciplinar, se constituiu como local privilegiado da realização exaustiva de exercícios e punições, em oposição ao ideal iluminista de educação. A vigilância é um dos principais aspectos do poder disciplinar diagnosticado por Foucault em suas análises das sociedades modernas ocidentais. No entanto, ao invés de castigos físicos cruéis, o que interessa na Modernidade é estar atento aos menores desvios, a gestos, atitudes e mesmo pensamentos que não se enquadram em um determinado padrão a ser seguido. Sendo assim, as técnicas disciplinares passaram a ter uma função moral através de práticas como: a distribuição rigorosa dos espaços, o monitoramento temporal preciso das atividades e a aplicação freqüente de exames, provas e avaliações. Como diz Pogrebinschi, “a potencialidade da vigilância, sua possibilidade apenas, é por si suficiente para que o poder disciplinar se exerça justamente por que com ela uma sujeição real nasce de uma relação fictícia” (p.193). |
Palavras-chave: Disciplina, Escola, Subjetivação. |